A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fez uma série de estudos que identificaram a biomassa como uma das fontes para produção de energia com maior potencial de crescimento nos próximos anos. A Aneel considera a biomassa como uma das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e a consequente redução da dependência dos combustíveis fósseis.
Por meio da biomassa é possível obter energia elétrica e biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, cujo consumo é crescente em substituição a derivados de petróleo como o óleo diesel e a gasolina.
No Brasil, em 2018, a geração de energia da biomassa chegou a pouco mais de 14MW, superando a geração de Itaipu e o equivalente a 9% do parque elétrico do Brasil.
No Brasil, a biomassa é a terceira maior fonte de geração de energia em 2018, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia (MME). Ela vem após a hidráulica e a queima do gás natural na matriz elétrica.
Existem fontes de biomassas que estão disponíveis sempre que necessário, e outras que possuem disponibilidade sazonal em período coincidente com baixos regimes hidrológicos, quando há maior necessidade de geração termelétrica. Em alguns casos, os insumos a biomassa podem ser armazenados para utilização em momento oportuno, permitindo maior controle da geração termelétrica e aumentando a possibilidade de despacho.
A utilização da biomassa em usinas termelétricas vem se tornando cada vez maior e está sendo usada para atingir áreas não contempladas pela rede elétrica de abastecimento, como comunidades rurais isoladas. O uso de sistemas de cogeração, que conciliam a geração de energia elétrica através da biomassa à produção de calor, aumentando a eficiência energética dos sistemas de produção, vem se tornando, também, cada vez mais comum.
Brasil
Atualmente, o recurso com maior potencial para ser usado como biomassa na geração de energia elétrica no país é o bagaço de cana-de-açúcar. O setor sucroalcooleiro gera uma grande quantidade de resíduos, que podem ser aproveitados como biomassa, principalmente em sistemas de cogeração.
Outras variedades vegetais com grande potencial para a produção de energia elétrica são o azeite de dendê (óleo de palma), que apresenta produtividade média anual por hectare quatro vezes maior do que a da cana-de-açúcar, o buriti, o babaçu e a andiroba. Eles surgem como alternativas para o abastecimento de energia elétrica em comunidades isoladas, sobretudo na região amazônica.
Ao se produzir etanol a partir da cana-de-açúcar, cerca de 28% da cana é transformada em bagaço. Este bagaço é uma biomassa comumente aproveitada nas usinas para a produção de vapor de baixa pressão, que é utilizado em turbinas de contrapressão nos equipamentos de extração (63%) e na geração de eletricidade (37%). A maior parte do vapor de baixa pressão que deixa as usinas é usado para o processo e aquecimento do caldo (24%) e nos aparelhos de destilação. Em média, cada aparelho requer cerca de 12 kWh de energia elétrica, valor que pode ser suprido pelos próprios resíduos de biomassa.
Outros resíduos agrícolas com alto potencial para serem usados como biomassa na produção de energia elétrica são a casca do arroz, a casca da castanha de caju e a casca do coco-da-baía.
Por Nei Costa
Fontes: Ecycle, Instituto Nacional de Eficiência Energética, Centro Nacional de Referência em Biomassa, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Empresa de Pesquisa Energética (EPE)