Dando continuidade a tão importante discussão sobre o projeto da Usina Hidrelétrica de Bem Querer, o Fórum de Energias Renováveis fala sobre o assunto no podcast realizado pela Rádio Universitária de Roraima. No programa Ciro Campos, Rosilene Maia e Conceição Escobar, membros da Coordenação Colegiada do Fórum, fazem menção e destacam pontos importantes do Ebook recentemente lançado pelo Fórum: Hidrelétrica do Bem Querer – uma usina de riscos e incertezas. Esta é mais uma forma de contribuir para que cada vez mais a sociedade possa estar ciente do que o empreendimento significa para Roraima, para o rio Branco.
Na conversa, fica clara a preocupação quanto ao custo-benefício da usina, vez que no projeto, encontra-se apenas a potência máxima de geração de energia: 650 MW sem, contudo, estimar essa produção durante o pico de estiagem, possivelmente muito baixa ou até nula, neste período, de acordo com os entrevistados. Nesse aspecto, Ciro Campos, biólogo, questiona o custo elevado da obra (entorno de 7 bilhões de reais) frente aos gigantescos riscos ambientais e sociais dela provenientes.
Conceição, engenheira eletricista, chama a atenção para os impactos ambientais que são bastante significativos, como o risco de alagamento de grandes áreas e a mudança nos lençóis freáticos, afetando não apenas o ecossistema local, mas também a vida de pescadores e agricultores.
Outro ponto discutido foi a questão da navegação no Rio Branco. Embora o projeto da hidrelétrica mencione a melhoria da navegabilidade, isso é motivo de controversa. Rosilene, bióloga, diz que, ao contrário disso, o assoreamento causado pela construção da hidrelétrica poderia dificultar ainda mais a passagem de embarcações, principalmente no período mais seco, o que a longo prazo comprometeria, dentre outros, a economia do pescado, tão forte na região.
Ao final, os coordenadores do Fórum enfatizaram que é fundamental que a sociedade roraimense tenha acesso a todas as informações e participe ativamente das decisões sobre o futuro do projeto. Afinal, uma obra desse porte traria mudanças irreversíveis para o rio Branco e para a vida vegetal, animal e de pessoas que dependem dele.