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COM ENERGIA SOLAR, COMUNIDADES ISOLADAS NA AMAZÔNIA GANHAM ACESSO À ÁGUA, EDUCAÇÃO E SAÚDE

Por Pedro Barbosa

 

Em comunidades de difícil acesso na Floresta Amazônica, a busca por abastecimento de energia elétrica pode ser bem complicada. Por não terem acesso à uma rede de distribuição, muitas dessas localidades dependem de geradores movidos a um alto consumo de diesel ou gasolina. Com isso, é necessária uma complexa logística para que o transporte do combustível ocorra constantemente.

Para reduzir os gastos com o consumo  e transporte de combustíveis, a Organização Não Governamental (ONG) Projeto Saúde e Alegria (PSA), que atende mais de 30 mil pessoas em diversas comunidades ao oeste do Pará, resolveu instalar sistemas fotovoltaicos isolados, que absorvem energia elétrica com uso de painéis solares.

Jussara Salgado, que é técnica em energia do PSA, conta que várias localidades já são contempladas com energia solar, seja com sistemas residenciais ou de uso coletivo. Com a tecnologia, foi possível facilitar a instalação de serviços públicos de saúde, dar melhores condições estruturais para ensino em escolas das comunidades e garantir bombeamento e abastecimento de água de forma contínua.

“Os sistemas fotovoltaicos ajudam os moradores a terem acesso à iluminação, meios de comunicação e internet, com diminuição significativa da emissão de gases de efeito estufa no processo de geração de energia. Além disso, ajuda a fomentar atividades econômicas”, complementa a profissional.

No âmbito residencial, duas comunidades foram beneficiadas: Carão, no ano de 2017, onde 21 casas foram atendidas; e a Aldeia de Arapiranga, em 2019, que até hoje já beneficiou 34 moradias. As instalações de sistemas fotovoltaicos residenciais visam atender basicamente à iluminação, televisores e rádios, carregamento de celulares ou equipamentos de baixa potência.

Outros sistemas são instalados para atendimento aos ribeirinhos de forma coletiva, que visam dar acesso a água, saúde, educação, comunicação e atividades econômicas.

Só desse tipo de instalação, são 30 sistemas comunitários para bombeamento de água, oito sistemas fotovoltaicos para acesso à internet (telecentros ou escolas), duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) atendidas com sistema para eletrificação e geladeira 24Vcc (voltagem em corrente contínua) e outras duas escolas atendidas com sistema para eletrificação e geladeira 24Vcc.

Antes das instalações ocorrerem, no entanto, o diálogo com moradores é fundamental para evitar desinformação e dúvidas sobre como o sistema fotovoltaico funciona.

“São feitas visitas e reuniões nas comunidades para levantamentos técnicos e esclarecimentos sobre o sistema. Durante as instalações os moradores são envolvidos no processo para que se familiarizem com a tecnologia, além disso recebem capacitação para o uso adequado e manutenção desses sistemas”, contou Jussara.

Nessas reuniões e capacitações, o resultado costuma ser não apenas produtivo, mas como também transformador para algumas das pessoas atendidas. “Permitir que as comunidades adquiram conhecimento sobre a tecnologia solar fotovoltaica desperta interesse nos jovens e adultos para uma futura atividade profissional na área”, salienta a técnica.

E para quem não vive em comunidade ribeirinha e gostaria de instalar um sistema fotovoltaico em casa, Jussara alerta que é primordial que se busque profissionais habilitados na área para que haja planejamento quanto ao dimensionamento, projeto, funcionamento e os equipamentos que serão necessários.

“No caso das comunidades, um conhecimento, mesmo que básico, sobre os sistemas fotovoltaicos isolados que serão implementados permite com que façam um bom uso da instalação, evitando danos aos equipamentos ou perda total do sistema”, pontuou.

 

Foto: Projeto Saúde e Alegria

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Projeto quer viabilizar de forma mais eficiente o fornecimento de energia elétrica nas comunidades da região Amazônica

Intitulado  “Mudando o modelo dominante de fornecimento de energia elétrica às comunidades da região amazônica: da escuridão às energias renováveis”,  o projeto tem como objetivo  levar energia limpa, sem interrupções de fornecimento e para todas as comunidades da Amazônia  trabalhando  a partir de projetos já existentes.

A consultoria do projeto é da Volt Robotics que  foi contratada pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), com apoio financeiro da Fundação MOTT e tem a participação do Fórum de Energias Renováveis. Quem deu detalhes desse trabalho foi o diretor Volt Robotics, Donato da Silva Filho.

Ouça a entrevista:

 

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Coordenador do Portfólio de Energia do iCS destaca a necessidade da transição energética na Amazônia

Nos últimos meses, o Instituto Clima e Sociedade promoveu uma série de encontros com o intuito de construir um campo temático entre organizações da sociedade civil para atuação na transição energética. O coordenador do Portfólio de Energia do iCS, Roberto Kishinami, falou da atuação da instituição para ampliar essa discussão na Amazônia.

Ouça a entrevista:

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Projeto visa levar energia sustentável para comunidades da Amazônia que ainda vivem na escuridão

A ideia é aprimorar projetos que já estão em andamento para acelerar a universalização da energia elétrica com o uso de fontes renováveis e, ainda, garantir a produção econômica em comunidades da Amazônia

Por Fabrício Araújo

 

Uma energia limpa, sem interrupções de fornecimento e para todas as comunidades da Amazônia é o que visa um projeto desenvolvido pela Volt Robotics, empresa de gestão e otimização no uso de energia e petróleo. A ideia é aprimorar projetos que já estão em andamento, mas que precisam ser acelerados.

A consultoria da Volt Robotics foi contratada pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), com apoio financeiro da Fundação MOTT e tem a participação do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, .

O trabalho foi batizado de “Mudando o modelo dominante de fornecimento de energia elétrica às comunidades da região amazônica: Da escuridão às energias renováveis” e tem duração de seis meses. Comunidades indígenas, ribeirinhas e qualquer localidade da Amazônia em que não haja fornecimento de energia são possíveis alvos do projeto.

Conforme o Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), há cerca de um milhão de brasileiros sem acesso à energia elétrica. É estimado que 242 mil vivem em assentamentos rurais, comunidades indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação localizados em regiões remotas da Amazônia.

Segundo o diretor geral da Volt Robotics, Donato da Silva Filho, houve uma pesquisa para entender o que as comunidades pretendem fazer com o uso da energia e também um estudo de outros trabalhos similares que já estão em andamento, mas que precisam ser aprimorados. Agora, um piloto deve ser posto em prática em uma comunidade que ainda deve ser definida.

“Então, o que a gente está fazendo agora no projeto é dar uma regulamentação ao que existe. Estamos checando aquilo que as comunidades precisam e o que o Ministério de Minas e Energia está disposto a fazer, além de “como podemos acelerar este processo”, explicou Silva.

Ainda de acordo com o diretor geral, as comunidades ouvidas pretendem usar a energia principalmente para fins coletivos como conservação de peixes, abastecimento das escolas e galpões comunitários para atividades diversas que poderão ser desenvolvidas pelos moradores de cada região.

“Precisamos fazer de forma sustentável e com um sistema robusto, já pensando na manutenção. São áreas distantes, algumas de difícil acesso, e precisamos pensar: e se o sistema quebrar, vai ter alguém para consertá-lo facilmente? Então, pensando em toda a questão logística, precisa ser um sistema que não quebre”, pontuou.

Conforme a consultora da Volt Robotics, Juliana de Almeida Passadore, há comunidades que só são acessadas com locomoção de barco ou avião em viagens longas e muitas vezes cansativas. Além disto, há as diferenças culturais de cada comunidade, já que a finalidade do projeto promover o desenvolvimento de cada localidade com a ajuda de energias renováveis.

“Culturalmente são bem distintas também, com hábitos e necessidades únicos: algumas com vocação para o artesanato, algumas para a pesca ou extrativismo. Algumas possuem energia elétrica, ainda que de maneira precária, por poucas horas e em alguns locais, como escolas ou postos de saúde, e outras estão na escuridão”, disse.

Um dos exemplos de projetos que já estão em andamento – e que pode ser aprimorado pela ideia da Volt Robotics – é o Programa Mais Luz para a Amazônia, que é centralizado em na capacidade de ação das Distribuidoras locais e, segundo Passadore, garante o atendimento mínimo de energia elétrica.

“Nesse contexto, a universalização pode demorar até 10 anos. O nosso projeto busca ter um olhar diferente para essa realidade. A ideia não é desenvolver um programa novo, mas sim potencializar as iniciativas atuais e unir diversos agentes em prol das comunidades, que serão o centro do plano. Isso dará velocidade a universalização ao acesso à energia elétrica e proporcionará desenvolvimento social e econômico” afirmou.

 

Foto: Letícia Leite/ISA

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Evento virtual discutiu responsabilidades e desafios da transição energética na Amazônia; projetos para energia solar da UFRR, em parceria com o IEL / FÓRUM, foram apresentados

Dois projetos a serem desenvolvidos pelo curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Roraima (UFRR) sinalizam investimento em formação técnica e desenvolvimento em tecnologias que irão auxiliar o setor da energia solar no estado, e foram apresentados hoje (8) durante um evento virtual. O acordo de cooperação técnica para realização dos projetos foi firmado entre a UFRR e o Fórum de Energias Renováveis de Roraima, por meio do Instituto Evaldo Lodi (IEL).

Para o coordenador do Fórum – Alexandre Henklain – os projetos são importantes tanto na formação profissional dos acadêmicos do curso, para a pesquisa acadêmica e a inovação tecnológica nas empresas, quanto para vencer os desafios da inclusão e da transição energética na Amazônia.

“Os projetos abrem espaço para outras perspectivas do setor das energias renováveis. Temos desafios a serem vencidos na Amazônia, precisamos acelerar a transição energética nos sistemas isolados e buscar resultados para inclusão elétrica nas comunidades remotas. ”

Roberto Kishinami – coordenador do Portfólio de Energias do Instituto Clima e Sociedade – destacou que falar sobre transição energética é buscar soluções nas fontes renováveis para a redução de gases do efeito estufa. Além disso, responde ainda as demandas da sociedade por emprego e renda, e barateamento da energia a curto e médio prazos.

“Essa inciativa junto a UFRR é essencial para que os estudantes locais passem a atuar efetivamente e se apropriar das iniciativas no conhecimento técnico e cientifico. Mais um passo importante, e nós certamente continuaremos a apoiar através do Fórum de Energias Renováveis. ”

Entenda os Projetos

 Sob a gestão técnica da professora Drª Josiane Rodrigues um dos projetos tem como objetivo o desenvolvimento de um protótipo de medição de irradiância de baixo custo, para aferição do desempenho dos sistemas de geração de energia fotovoltaica (FV) instalados na cidade de Boa Vista, e formalização de boas práticas específicas para o bom desempenho dos sistemas.

Josiane destacou que além de desenvolver o protótipo, o projeto traz como benefício o crescimento e compartilhamento de conhecimento das pessoas envolvidas no estudo.

Assumindo uma gestão geral compartilhada no Acordo de Cooperação Técnica, o Fórum tem sua contrapartida no financiamento de 2 (duas) bolsas de estudo e de componentes eletrônicos e sensores; na disponibilização de estudos, propostas de Políticas Públicas; articulação no âmbito do fomento à geração de energia fotovoltaica, que contribuam para consecução dos objetivos propostos; e na disseminação dos resultados do projeto, visando ao fortalecimento da cultura das energias renováveis no Estado e na Amazônia.

Sob a gestão técnica da professora Drª Susset Guerra, o outro projeto visa a instalação, no prédio do laboratório do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRR, de um sistema de geração de energia fotovoltaica de até 5 kW para fins de ensino, pesquisa e extensão, de forma a promover a aproximação da comunidade acadêmica com a tecnologia fotovoltaica, e a elevação do nível técnico das empresas locais que atuam no setor, assim como realizar atividades de pesquisa.

Susset destaca que a expectativa é que a UFRR faça parte da ampla comunidade de universidades federais que possuem em seus campos sistemas fotovoltaicos com contato direto com as tecnologias, o que é fundamental para incrementar a contribuição para a sociedade através da formação, da pesquisa e da extensão. Além disso, essa estrutura vai permitir a formação de engenheiros com uma visão mais prática e um domínio maior das energias fotovoltaicas.

“Queremos contribuir, como integrantes do Fórum, para a busca de soluções e formação de conhecimentos, contribuindo positivamente para acelerar a transição para uma matriz elétrica mais limpa na Amazônia”.

O Fórum, além de disponibilizar estudos, promover articulações e disseminar os resultados dos projetos, tem o compromisso de abrir canais para capacitação e aprimoramento profissional na área das energias renováveis; colaborar na elaboração da “cartilha sobre montagem e funcionamento do sistema fotovoltaico”, prevista como um dos produtos deste acordo; e de adquirir e repassar à UFRR os elementos componentes do sistema fotovoltaico que será desenvolvido.

 

 Por Thamy Dinelli/ Assessoria de Comunicação Fórum de Energias  Renováveis

Foto: Divulgação UFRR

 

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Projeto quer levar energia solar para quase um milhão de pessoas na Amazônia até 2023

Estima-se que quase 1 milhão de pessoas ainda não têm acesso à energia elétrica no Brasil, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Praticamente toda essa população vive em locais de difícil acesso dentro da Amazônia Legal, que abrange a região norte do país mais os estados de Mato Grosso e Maranhão.

Levar eletricidade para comunidades ribeirinhas e indígenas é uma tarefa complexa, principalmente por causa da dificuldade de conduzir redes de energia de centros urbanos para a mata fechada. Porém, essa meta pode ser batida até 2023 com ajuda da energia solar.

É isso que garante o Projeto de Lei (PL) nº 4248/2020, de autoria do deputado federal Airton Faleiro (PT/PA), que quer disponibilizar recursos via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para empresas irem até essas localidades instalar sistemas de energia fotovoltaicos isolados, que dependem somente das placas solares para funcionar.

O PL atualmente aguarda parecer da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA), da Câmara de Deputados, e já provou que é viável em experiências feitas por Organizações Não Governamentais (ONGs).

Esse é o caso do projeto “Xingu Solar”, realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), que hoje beneficia 7,6 mil pessoas em 120 aldeias da Terra Indígena do Xingu (TIX), no estado do Mato Grosso. O engenheiro Marcelo Martins explica que a iniciativa iniciou como um experimento, em 2013, como forma de tornar comunidades menos dependentes de combustíveis para abastecer geradores de energia.

“Os geradores eram muito velhos e precários, viviam dando defeito. A rede toda era com fios inadequados, o que coloca a vida das pessoas em risco. Com essa orientação, entramos em diálogo com as comunidades para pensarmos em uma alternativa que fosse durável, e foi aí que começamos a instalar placas solares”, contou.

A ideia agradou as comunidades. Segundo levantamento da IEMA feito em 2019, 96% dos contemplados pela energia fotovoltaica na TIX preferem essa forma de abastecimento, ao invés de gerador a óleo diesel. Os motivos são vários: a energia solar não emite ruídos característicos de motores, são de manutenção mais fácil, contam com maior durabilidade, não são dependentes de partes móveis e, claro, dispensam gastos com gasolina ou diesel.

Marcelo salienta que energia elétrica é fundamental em comunidades indígenas, pois agiliza atendimentos de saúde, melhora a educação em escolas, e garante maior segurança por viabilizar comunicação com autoridades caso esses lugares sejam invadidos por garimpeiros e madeireiros ilegais.

“As mulheres, por exemplo, prezam por um ralador de mandioca para ganhar tempo em seu dia. Professores querem computador para fazer pesquisa e ensinar melhor seus alunos. Um artesão ou alguém construindo uma casa quer uma ferramenta elétrica, pois adianta muito o trabalho dele. […] Na saúde, faz muita diferença as pessoas não precisarem se deslocar da comunidade para ter acesso a um inalador, por exemplo. Também é importante para conservação de vacina, acesso à água, comunicação”, explicou.

Outra iniciativa bem-sucedida vem de ações do projeto Saúde e Alegria, que instalou placas solares nas comunidades Carão e Aldeia da Arapiranga, na região oeste do Pará, e capacitou comunitários para terem conhecimento de como instalar e manusear sistemas fotovoltaicos.

O coordenador geral do Saúde e Alegria, Caetano Scanavinno, aponta que a energia solar é uma forma de garantir desenvolvimento econômico de comunidades sem que haja perda de cultura ou tradições ligadas à preservação do meio ambiente.

“Sistema de abastecimento de água, rádios comunitárias, ecoturismo, aprimoramento de escolas, melhora de vendas de produtos feitos pelos indígenas. Energia é fundamental tanto para o uso social quanto para a questão econômica”, frisou.

Mas para que haja sucesso na implementação da energia solar, um fator importante a ser considerado é a divulgação. Isso é destacado pela Giorgiana Freitas Pinheiro, representante da empresa Equatorial, distribuidora de energia no Pará.

A empresa faz parte do programa Mais Luz para a Amazônia, iniciado pelo Ministério de Minas e Energia em 2020. No Pará, o objetivo é levar eletricidade solar a 11 mil residências ribeirinhas até 2022.

Giorgiana conta que como a energia solar é inédita para os moradores, é preciso que as populações ribeirinhas e indígenas sejam conscientizadas sobre o que é energia solar e quais suas propriedades. Assim, será possível evitar desinformações que possam criar resistência de famílias à tecnologia.

“Parte das famílias ainda não aceita a solução [energia solar] porque existe uma visão de que a energia boa é aquela que vem da rede. Então não é que haja um pensamento contrário à energia renovável, o que há é a falta de informação sobre o que ela é e como funciona. Por isso, fazemos trabalhos e ações sociais para estreitar relacionamentos com as comunidades, muitas vezes até com parcerias de prefeituras”, contou.

Por Pedro Barbosa

Foto: Jussara Batista/Projeto Saúde e Alegria

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“É uma tendência e uma necessidade”, diz engenheiro sobre investimento em energias renováveis

Investir em energia renovável é mais que uma necessidade econômica. É também uma necessidade do planeta e uma tendência global, ainda mais quando a iniciativa parte do poder público. A análise é do engenheiro eletricista e membro do Fórum de Energias Renováveis, Cristiano Bessa, que participou do Webinar “Política Energética Municipal” nessa terça-feira (25). Evento apresentou guias sobre o investimento.

O encontro foi realizado pelo Instituto de Energia e Desenvolvimento Sustentável (Inedes) em parceria com o WWF-Brasil, organização reconhecida mundialmente pela luta contra a degradação socioambiental.

“O que todo mundo sabe, mas não custa reforçar, é que o próprio planeta agradece os investimentos em energias renováveis em escala mundial. Não é só pelo fator econômico, é uma tendência e uma necessidade. É fundamental que estas ações entrem no planejamento de políticas públicas de todos os municípios, estados e do país. Precisa ser uma política permanente”, afirmou o engenheiro que atua há 22 anos nas áreas de energia elétrica e de transmissão e geração de energia.

Foram apresentados dois guias a fim de orientar gestores públicos na consolidação de programas energéticos próprios. Ainda conforme Bessa, o guia auxilia os projetos que necessitam de uma iniciativa política e um marco legal para serem postos em prática.

Intitulado de “Concepção e Institucionalização de Políticas Energéticas”, o primeiro guia auxilia administrações estaduais e municipais sobre a parte jurídica das Políticas Energéticas (PE’s). Também demonstra quais são as áreas estratégicas para desenvolver ações de Políticas Energéticas.

Enquanto o segundo guia, batizado de “Instrumentos para Internalização de projetos Energéticos Sustentáveis”, trata do Sistema de Registro de Preços e das parcerias público-privadas que podem ser estabelecidas.

A ex-prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), também participou do webinar sobre Políticas Energéticas. Segundo o município, a capital se tornou referência na produção de energia solar. Os investimentos iniciaram em 2017.

Até dezembro de 2020, a cidade contava com sete usinas fotovoltaicas, que abasteciam a comunidade indígena Darora, um terminal de ônibus, um Mercado Municipal São Francisco, o próprio prédio da prefeitura, o Palácio 9 de Julho, além de outros prédios, como o Teatro Municipal.

“É bastante importante para qualquer liderança política que queira ter em sua base de projetos de políticas públicas conhecer todo este projeto. O case da prefeitura de Boa Vista é um sucesso e pode servir de exemplo e ajuda a conhecer a parte técnica”, pontuou o engenheiro.

Quando as residências, empresas ou prédios públicos passam a trabalhar com a energia solar, há duas modalidades em que podem se encaixar: on grid e off grid. Ambos os casos são variantes da geração distribuída.

No on grid, o gerador de energia solar compartilha a produção com a rede distribuidora e no fim de cada mês é feito um cálculo, que determina se o gerador tem crédito para ser abatido do consumo futuro.

Na modalidade off grid, não há compartilhamento com a rede de distribuição energética. Nesses sistemas as sobras de energia são armazenadas em baterias de carga para serem usadas a noite ou em momentos de falha de suprimento.

 

Projeto para iluminação pública

 

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) lançou a terceira chamada pública do Procel Reluz, que oferta cerca de R$ 65 milhões para investir em projetos para tornar eficiente a iluminação pública. Acesse a chamada aqui.

https://eletrobras.com/pt/Paginas/Chamada-Publica-Procel-Reluz.aspx

As inscrições iniciam na próxima segunda-feira (31). Podem participar gestores municipais e profissionais da área de conservação de energia. A chamada de 2021 prioriza os projetos municipais que têm como foco a iluminação com tecnologia de LED.

O Procel, que é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e operacionalizado pela Eletrobrás, também anunciou uma ferramenta de Educação à Distância (EAD) voltada qualquer pessoa que visa a capacitação profissional para atuar em iluminação pública, além de servir de apoio técnico para municípios.

 

Por Fabrício Araújo

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Workshop para o desenvolvimento de ações no ecossistema de inovação no setor de Energias Renováveis, foi realizado em Boa Vista

O Sebrae realizou na quarta-feira (19) o Workshop para o Desenvolvimento de Ações para o Atingimento dos Objetivos e resultados chave de 2021, visando o desenvolvimento do ecossistema de inovação no âmbito do setor de Energias Renováveis.

O encontro foi conduzido pelos consultores em Desenvolvimento de Ecossistema de Inovação Local, Marcos Suassuna e Carlos Eduardo Negrão Bizzotto, e contou ainda com a participação de membros do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, pesquisadores e estudantes da área. Foram discutidas ideias e ações que impactem no desenvolvimento do ecossistema de inovação de Boa Vista referente ao setor prioritário de Energias Renováveis.

O Sebrae/RR com o apoio da Fundação CERTI, está desenvolvendo desde 2020 o projeto Ecossistemas de Inovação com o intuito de que a cidade de Boa Vista tenha melhores condições de estimular empreendedores, gerar e desenvolver iniciativas inovadoras em diversos setores. No projeto, atores públicos e privados e instituições voltadas à inovação atuam de forma conjunta para potencializar a competitividade local.

Neste ano, a empresa Mega Consultores Associados está na consultoria do projeto ecossistema de inovação e, por meio de workshops, visa construir ações práticas para que os objetivos traçados em 2020 sejam aplicados e alcançados. Serão realizados doze workshops ao longo do ano, destacando o tema ”Pacto da Inovação” e o trabalho nos setores prioritários.

As áreas prioritárias no projeto em Boa Vista são: Tecnologia da Informação; Comunicação; cadeia do Agronegócio e Biotecnologia; Turismo e Energias Renováveis. Para chegar a essas áreas prioritárias, o CERTI e o Sebrae realizaram uma pesquisa para de verificar as principais demandas da região. Foram realizadas entrevistas, em que foram analisados os potenciais e as vocações, até chegar à definição dessas áreas, incluindo a de energias renováveis.

De acordo com o analista técnico do Sebrae, que atua na Unidade de Gestão da Inovação, Fransllyn do Nascimento, o projeto Ecossistemas de Inovação é desenvolvido em todo o país e verifica as potencialidades de graduações, grupos de pesquisas e pessoas que podem gerar inovação, além de analisar as vocações econômicas, onde se chega aos setores prioritários de cada cidade.

“Um exemplo de governança é o Fórum de Energias Renováveis, que é um parceiro ativo do nosso projeto. Teve grande participação nos eventos que ocorreram ano passado e essa parceria tende a se estender neste ano também”, afirmou Fransllyn.

O coordenador do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Alexandre Henklain, destaca a importância do projeto.

“O Fórum de Energias Renováveis considera essencial o projeto Ecossistema de Inovação do Sebrae para o desenvolvimento das energias renováveis, na geração fotovoltaica, eólica, biomassa e hidráulica. Estamos a cada dia fortalecendo essa parceria e temos a convicção de que, por meio das ações do projeto, o ambiente de negócios para o setor ficará muito mais favorável. Facilitando o acesso ao crédito, tanto para as empresas quanto para seus clientes, concessão de incentivos fiscais, desburocratização e outras estratégias de mercado”, pontuou.

Por Bruna Cássia/ Thamy Dinelli

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Projeto que propõe a criação do marco legal de Geração distribuída no país é pauta na Câmara Federal

O projeto de lei 5829/2019 altera regras para a produção de energia em casas e empresas, por meio de fontes alternativas como a energia solar. Com votação prevista para os próximos dias, na Câmara dos Deputados, o PL tem dividido opiniões. Nesta edição do nosso podcast, a gente traz três posicionamentos importantes sobre o projeto de lei.

 

Ouça a entrevista:

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Banco da Amazônia oferece linhas de crédito ainda melhores para geração de energia renovável

O Banco da Amazônia, apresentou ao Fórum de Energias Renováveis de Roraima e convidados, linhas de crédito destinadas a apoiar o financiamento da produção de energias renováveis para consumo próprio de empreendimentos urbanos e rurais. O crédito é indicado à aquisição de equipamentos para o aproveitamento das fontes de biomassa, pequenas centrais geradoras hidrelétricas, parques eólicos e centrais fotovoltaicas.

De acordo com o gerente geral do Banco em Boa Vista, Delvan Prata, o FNO Amazônia Empresarial Verde abre linhas de crédito para energia renovável micro e Minigeração de energia com potência instalada de 75 kW até 5 MW para pessoa física (residencial) e pessoas jurídicas de todos os portes, inclusive MEI (microempreendedor individual).

“Essa linha de crédito do Banco da Amazônia financia todos os itens necessários para a viabilização do projeto. O parcelamento é de até 96 meses (8 anos), com carência de 6 meses para pessoa física e pessoa jurídica. Para MEI até 36 (trinta e seis) meses incluída a carência de até 2 meses”, informou o gerente.

O FNO Amazônia Rural Verde pode ser adquirido por pessoas físicas ou jurídicas que se caracterizam como produtores rurais, as populações tradicionais (povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, pescadores artesanais, entre outros povos da floresta) não contemplados pelo Pronaf, pessoas jurídicas de direito privado do setor rural- inclusive empresários individuais- EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), associações e cooperativas. O prazo para esse grupo é de até 12 (doze) anos, incluída a carência de até 6 (seis) anos.

Através do aplicativo do Banco da Amazônia é possível conhecer as linhas de crédito disponíveis, e fazer a simulação do FNO.