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Evento virtual discutiu responsabilidades e desafios da transição energética na Amazônia; projetos para energia solar da UFRR, em parceria com o IEL / FÓRUM, foram apresentados

Dois projetos a serem desenvolvidos pelo curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Roraima (UFRR) sinalizam investimento em formação técnica e desenvolvimento em tecnologias que irão auxiliar o setor da energia solar no estado, e foram apresentados hoje (8) durante um evento virtual. O acordo de cooperação técnica para realização dos projetos foi firmado entre a UFRR e o Fórum de Energias Renováveis de Roraima, por meio do Instituto Evaldo Lodi (IEL).

Para o coordenador do Fórum – Alexandre Henklain – os projetos são importantes tanto na formação profissional dos acadêmicos do curso, para a pesquisa acadêmica e a inovação tecnológica nas empresas, quanto para vencer os desafios da inclusão e da transição energética na Amazônia.

“Os projetos abrem espaço para outras perspectivas do setor das energias renováveis. Temos desafios a serem vencidos na Amazônia, precisamos acelerar a transição energética nos sistemas isolados e buscar resultados para inclusão elétrica nas comunidades remotas. ”

Roberto Kishinami – coordenador do Portfólio de Energias do Instituto Clima e Sociedade – destacou que falar sobre transição energética é buscar soluções nas fontes renováveis para a redução de gases do efeito estufa. Além disso, responde ainda as demandas da sociedade por emprego e renda, e barateamento da energia a curto e médio prazos.

“Essa inciativa junto a UFRR é essencial para que os estudantes locais passem a atuar efetivamente e se apropriar das iniciativas no conhecimento técnico e cientifico. Mais um passo importante, e nós certamente continuaremos a apoiar através do Fórum de Energias Renováveis. ”

Entenda os Projetos

 Sob a gestão técnica da professora Drª Josiane Rodrigues um dos projetos tem como objetivo o desenvolvimento de um protótipo de medição de irradiância de baixo custo, para aferição do desempenho dos sistemas de geração de energia fotovoltaica (FV) instalados na cidade de Boa Vista, e formalização de boas práticas específicas para o bom desempenho dos sistemas.

Josiane destacou que além de desenvolver o protótipo, o projeto traz como benefício o crescimento e compartilhamento de conhecimento das pessoas envolvidas no estudo.

Assumindo uma gestão geral compartilhada no Acordo de Cooperação Técnica, o Fórum tem sua contrapartida no financiamento de 2 (duas) bolsas de estudo e de componentes eletrônicos e sensores; na disponibilização de estudos, propostas de Políticas Públicas; articulação no âmbito do fomento à geração de energia fotovoltaica, que contribuam para consecução dos objetivos propostos; e na disseminação dos resultados do projeto, visando ao fortalecimento da cultura das energias renováveis no Estado e na Amazônia.

Sob a gestão técnica da professora Drª Susset Guerra, o outro projeto visa a instalação, no prédio do laboratório do Departamento de Engenharia Elétrica da UFRR, de um sistema de geração de energia fotovoltaica de até 5 kW para fins de ensino, pesquisa e extensão, de forma a promover a aproximação da comunidade acadêmica com a tecnologia fotovoltaica, e a elevação do nível técnico das empresas locais que atuam no setor, assim como realizar atividades de pesquisa.

Susset destaca que a expectativa é que a UFRR faça parte da ampla comunidade de universidades federais que possuem em seus campos sistemas fotovoltaicos com contato direto com as tecnologias, o que é fundamental para incrementar a contribuição para a sociedade através da formação, da pesquisa e da extensão. Além disso, essa estrutura vai permitir a formação de engenheiros com uma visão mais prática e um domínio maior das energias fotovoltaicas.

“Queremos contribuir, como integrantes do Fórum, para a busca de soluções e formação de conhecimentos, contribuindo positivamente para acelerar a transição para uma matriz elétrica mais limpa na Amazônia”.

O Fórum, além de disponibilizar estudos, promover articulações e disseminar os resultados dos projetos, tem o compromisso de abrir canais para capacitação e aprimoramento profissional na área das energias renováveis; colaborar na elaboração da “cartilha sobre montagem e funcionamento do sistema fotovoltaico”, prevista como um dos produtos deste acordo; e de adquirir e repassar à UFRR os elementos componentes do sistema fotovoltaico que será desenvolvido.

 

 Por Thamy Dinelli/ Assessoria de Comunicação Fórum de Energias  Renováveis

Foto: Divulgação UFRR

 

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Projeto quer levar energia solar para quase um milhão de pessoas na Amazônia até 2023

Estima-se que quase 1 milhão de pessoas ainda não têm acesso à energia elétrica no Brasil, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA). Praticamente toda essa população vive em locais de difícil acesso dentro da Amazônia Legal, que abrange a região norte do país mais os estados de Mato Grosso e Maranhão.

Levar eletricidade para comunidades ribeirinhas e indígenas é uma tarefa complexa, principalmente por causa da dificuldade de conduzir redes de energia de centros urbanos para a mata fechada. Porém, essa meta pode ser batida até 2023 com ajuda da energia solar.

É isso que garante o Projeto de Lei (PL) nº 4248/2020, de autoria do deputado federal Airton Faleiro (PT/PA), que quer disponibilizar recursos via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para empresas irem até essas localidades instalar sistemas de energia fotovoltaicos isolados, que dependem somente das placas solares para funcionar.

O PL atualmente aguarda parecer da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA), da Câmara de Deputados, e já provou que é viável em experiências feitas por Organizações Não Governamentais (ONGs).

Esse é o caso do projeto “Xingu Solar”, realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), que hoje beneficia 7,6 mil pessoas em 120 aldeias da Terra Indígena do Xingu (TIX), no estado do Mato Grosso. O engenheiro Marcelo Martins explica que a iniciativa iniciou como um experimento, em 2013, como forma de tornar comunidades menos dependentes de combustíveis para abastecer geradores de energia.

“Os geradores eram muito velhos e precários, viviam dando defeito. A rede toda era com fios inadequados, o que coloca a vida das pessoas em risco. Com essa orientação, entramos em diálogo com as comunidades para pensarmos em uma alternativa que fosse durável, e foi aí que começamos a instalar placas solares”, contou.

A ideia agradou as comunidades. Segundo levantamento da IEMA feito em 2019, 96% dos contemplados pela energia fotovoltaica na TIX preferem essa forma de abastecimento, ao invés de gerador a óleo diesel. Os motivos são vários: a energia solar não emite ruídos característicos de motores, são de manutenção mais fácil, contam com maior durabilidade, não são dependentes de partes móveis e, claro, dispensam gastos com gasolina ou diesel.

Marcelo salienta que energia elétrica é fundamental em comunidades indígenas, pois agiliza atendimentos de saúde, melhora a educação em escolas, e garante maior segurança por viabilizar comunicação com autoridades caso esses lugares sejam invadidos por garimpeiros e madeireiros ilegais.

“As mulheres, por exemplo, prezam por um ralador de mandioca para ganhar tempo em seu dia. Professores querem computador para fazer pesquisa e ensinar melhor seus alunos. Um artesão ou alguém construindo uma casa quer uma ferramenta elétrica, pois adianta muito o trabalho dele. […] Na saúde, faz muita diferença as pessoas não precisarem se deslocar da comunidade para ter acesso a um inalador, por exemplo. Também é importante para conservação de vacina, acesso à água, comunicação”, explicou.

Outra iniciativa bem-sucedida vem de ações do projeto Saúde e Alegria, que instalou placas solares nas comunidades Carão e Aldeia da Arapiranga, na região oeste do Pará, e capacitou comunitários para terem conhecimento de como instalar e manusear sistemas fotovoltaicos.

O coordenador geral do Saúde e Alegria, Caetano Scanavinno, aponta que a energia solar é uma forma de garantir desenvolvimento econômico de comunidades sem que haja perda de cultura ou tradições ligadas à preservação do meio ambiente.

“Sistema de abastecimento de água, rádios comunitárias, ecoturismo, aprimoramento de escolas, melhora de vendas de produtos feitos pelos indígenas. Energia é fundamental tanto para o uso social quanto para a questão econômica”, frisou.

Mas para que haja sucesso na implementação da energia solar, um fator importante a ser considerado é a divulgação. Isso é destacado pela Giorgiana Freitas Pinheiro, representante da empresa Equatorial, distribuidora de energia no Pará.

A empresa faz parte do programa Mais Luz para a Amazônia, iniciado pelo Ministério de Minas e Energia em 2020. No Pará, o objetivo é levar eletricidade solar a 11 mil residências ribeirinhas até 2022.

Giorgiana conta que como a energia solar é inédita para os moradores, é preciso que as populações ribeirinhas e indígenas sejam conscientizadas sobre o que é energia solar e quais suas propriedades. Assim, será possível evitar desinformações que possam criar resistência de famílias à tecnologia.

“Parte das famílias ainda não aceita a solução [energia solar] porque existe uma visão de que a energia boa é aquela que vem da rede. Então não é que haja um pensamento contrário à energia renovável, o que há é a falta de informação sobre o que ela é e como funciona. Por isso, fazemos trabalhos e ações sociais para estreitar relacionamentos com as comunidades, muitas vezes até com parcerias de prefeituras”, contou.

Por Pedro Barbosa

Foto: Jussara Batista/Projeto Saúde e Alegria

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“É uma tendência e uma necessidade”, diz engenheiro sobre investimento em energias renováveis

Investir em energia renovável é mais que uma necessidade econômica. É também uma necessidade do planeta e uma tendência global, ainda mais quando a iniciativa parte do poder público. A análise é do engenheiro eletricista e membro do Fórum de Energias Renováveis, Cristiano Bessa, que participou do Webinar “Política Energética Municipal” nessa terça-feira (25). Evento apresentou guias sobre o investimento.

O encontro foi realizado pelo Instituto de Energia e Desenvolvimento Sustentável (Inedes) em parceria com o WWF-Brasil, organização reconhecida mundialmente pela luta contra a degradação socioambiental.

“O que todo mundo sabe, mas não custa reforçar, é que o próprio planeta agradece os investimentos em energias renováveis em escala mundial. Não é só pelo fator econômico, é uma tendência e uma necessidade. É fundamental que estas ações entrem no planejamento de políticas públicas de todos os municípios, estados e do país. Precisa ser uma política permanente”, afirmou o engenheiro que atua há 22 anos nas áreas de energia elétrica e de transmissão e geração de energia.

Foram apresentados dois guias a fim de orientar gestores públicos na consolidação de programas energéticos próprios. Ainda conforme Bessa, o guia auxilia os projetos que necessitam de uma iniciativa política e um marco legal para serem postos em prática.

Intitulado de “Concepção e Institucionalização de Políticas Energéticas”, o primeiro guia auxilia administrações estaduais e municipais sobre a parte jurídica das Políticas Energéticas (PE’s). Também demonstra quais são as áreas estratégicas para desenvolver ações de Políticas Energéticas.

Enquanto o segundo guia, batizado de “Instrumentos para Internalização de projetos Energéticos Sustentáveis”, trata do Sistema de Registro de Preços e das parcerias público-privadas que podem ser estabelecidas.

A ex-prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), também participou do webinar sobre Políticas Energéticas. Segundo o município, a capital se tornou referência na produção de energia solar. Os investimentos iniciaram em 2017.

Até dezembro de 2020, a cidade contava com sete usinas fotovoltaicas, que abasteciam a comunidade indígena Darora, um terminal de ônibus, um Mercado Municipal São Francisco, o próprio prédio da prefeitura, o Palácio 9 de Julho, além de outros prédios, como o Teatro Municipal.

“É bastante importante para qualquer liderança política que queira ter em sua base de projetos de políticas públicas conhecer todo este projeto. O case da prefeitura de Boa Vista é um sucesso e pode servir de exemplo e ajuda a conhecer a parte técnica”, pontuou o engenheiro.

Quando as residências, empresas ou prédios públicos passam a trabalhar com a energia solar, há duas modalidades em que podem se encaixar: on grid e off grid. Ambos os casos são variantes da geração distribuída.

No on grid, o gerador de energia solar compartilha a produção com a rede distribuidora e no fim de cada mês é feito um cálculo, que determina se o gerador tem crédito para ser abatido do consumo futuro.

Na modalidade off grid, não há compartilhamento com a rede de distribuição energética. Nesses sistemas as sobras de energia são armazenadas em baterias de carga para serem usadas a noite ou em momentos de falha de suprimento.

 

Projeto para iluminação pública

 

O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) lançou a terceira chamada pública do Procel Reluz, que oferta cerca de R$ 65 milhões para investir em projetos para tornar eficiente a iluminação pública. Acesse a chamada aqui.

https://eletrobras.com/pt/Paginas/Chamada-Publica-Procel-Reluz.aspx

As inscrições iniciam na próxima segunda-feira (31). Podem participar gestores municipais e profissionais da área de conservação de energia. A chamada de 2021 prioriza os projetos municipais que têm como foco a iluminação com tecnologia de LED.

O Procel, que é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e operacionalizado pela Eletrobrás, também anunciou uma ferramenta de Educação à Distância (EAD) voltada qualquer pessoa que visa a capacitação profissional para atuar em iluminação pública, além de servir de apoio técnico para municípios.

 

Por Fabrício Araújo

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Workshop para o desenvolvimento de ações no ecossistema de inovação no setor de Energias Renováveis, foi realizado em Boa Vista

O Sebrae realizou na quarta-feira (19) o Workshop para o Desenvolvimento de Ações para o Atingimento dos Objetivos e resultados chave de 2021, visando o desenvolvimento do ecossistema de inovação no âmbito do setor de Energias Renováveis.

O encontro foi conduzido pelos consultores em Desenvolvimento de Ecossistema de Inovação Local, Marcos Suassuna e Carlos Eduardo Negrão Bizzotto, e contou ainda com a participação de membros do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, pesquisadores e estudantes da área. Foram discutidas ideias e ações que impactem no desenvolvimento do ecossistema de inovação de Boa Vista referente ao setor prioritário de Energias Renováveis.

O Sebrae/RR com o apoio da Fundação CERTI, está desenvolvendo desde 2020 o projeto Ecossistemas de Inovação com o intuito de que a cidade de Boa Vista tenha melhores condições de estimular empreendedores, gerar e desenvolver iniciativas inovadoras em diversos setores. No projeto, atores públicos e privados e instituições voltadas à inovação atuam de forma conjunta para potencializar a competitividade local.

Neste ano, a empresa Mega Consultores Associados está na consultoria do projeto ecossistema de inovação e, por meio de workshops, visa construir ações práticas para que os objetivos traçados em 2020 sejam aplicados e alcançados. Serão realizados doze workshops ao longo do ano, destacando o tema ”Pacto da Inovação” e o trabalho nos setores prioritários.

As áreas prioritárias no projeto em Boa Vista são: Tecnologia da Informação; Comunicação; cadeia do Agronegócio e Biotecnologia; Turismo e Energias Renováveis. Para chegar a essas áreas prioritárias, o CERTI e o Sebrae realizaram uma pesquisa para de verificar as principais demandas da região. Foram realizadas entrevistas, em que foram analisados os potenciais e as vocações, até chegar à definição dessas áreas, incluindo a de energias renováveis.

De acordo com o analista técnico do Sebrae, que atua na Unidade de Gestão da Inovação, Fransllyn do Nascimento, o projeto Ecossistemas de Inovação é desenvolvido em todo o país e verifica as potencialidades de graduações, grupos de pesquisas e pessoas que podem gerar inovação, além de analisar as vocações econômicas, onde se chega aos setores prioritários de cada cidade.

“Um exemplo de governança é o Fórum de Energias Renováveis, que é um parceiro ativo do nosso projeto. Teve grande participação nos eventos que ocorreram ano passado e essa parceria tende a se estender neste ano também”, afirmou Fransllyn.

O coordenador do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Alexandre Henklain, destaca a importância do projeto.

“O Fórum de Energias Renováveis considera essencial o projeto Ecossistema de Inovação do Sebrae para o desenvolvimento das energias renováveis, na geração fotovoltaica, eólica, biomassa e hidráulica. Estamos a cada dia fortalecendo essa parceria e temos a convicção de que, por meio das ações do projeto, o ambiente de negócios para o setor ficará muito mais favorável. Facilitando o acesso ao crédito, tanto para as empresas quanto para seus clientes, concessão de incentivos fiscais, desburocratização e outras estratégias de mercado”, pontuou.

Por Bruna Cássia/ Thamy Dinelli

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Projeto que propõe a criação do marco legal de Geração distribuída no país é pauta na Câmara Federal

O projeto de lei 5829/2019 altera regras para a produção de energia em casas e empresas, por meio de fontes alternativas como a energia solar. Com votação prevista para os próximos dias, na Câmara dos Deputados, o PL tem dividido opiniões. Nesta edição do nosso podcast, a gente traz três posicionamentos importantes sobre o projeto de lei.

 

Ouça a entrevista:

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Banco da Amazônia oferece linhas de crédito ainda melhores para geração de energia renovável

O Banco da Amazônia, apresentou ao Fórum de Energias Renováveis de Roraima e convidados, linhas de crédito destinadas a apoiar o financiamento da produção de energias renováveis para consumo próprio de empreendimentos urbanos e rurais. O crédito é indicado à aquisição de equipamentos para o aproveitamento das fontes de biomassa, pequenas centrais geradoras hidrelétricas, parques eólicos e centrais fotovoltaicas.

De acordo com o gerente geral do Banco em Boa Vista, Delvan Prata, o FNO Amazônia Empresarial Verde abre linhas de crédito para energia renovável micro e Minigeração de energia com potência instalada de 75 kW até 5 MW para pessoa física (residencial) e pessoas jurídicas de todos os portes, inclusive MEI (microempreendedor individual).

“Essa linha de crédito do Banco da Amazônia financia todos os itens necessários para a viabilização do projeto. O parcelamento é de até 96 meses (8 anos), com carência de 6 meses para pessoa física e pessoa jurídica. Para MEI até 36 (trinta e seis) meses incluída a carência de até 2 meses”, informou o gerente.

O FNO Amazônia Rural Verde pode ser adquirido por pessoas físicas ou jurídicas que se caracterizam como produtores rurais, as populações tradicionais (povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, pescadores artesanais, entre outros povos da floresta) não contemplados pelo Pronaf, pessoas jurídicas de direito privado do setor rural- inclusive empresários individuais- EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada), associações e cooperativas. O prazo para esse grupo é de até 12 (doze) anos, incluída a carência de até 6 (seis) anos.

Através do aplicativo do Banco da Amazônia é possível conhecer as linhas de crédito disponíveis, e fazer a simulação do FNO.

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Leilão de Eficiência Energética para Roraima continua em andamento junto a ANEEL, mas sem previsão para o início do projeto

Em 2019, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) lançou o Leilão nº 4/2020, denominado Leilão de Eficiência Energética, que prevê a contratação de agente para o desenvolvimento de projetos de eficiência energética em Roraima, que visem à redução do consumo de energia elétrica na capital, Boa Vista. A pandemia da Covid-19 afetou diretamente a celeridade do processo e o certame continua em andamento junto a Agência, mas não há uma previsão para o início das ações.

Boa Vista, foi escolhida como cidade- piloto para realização desse programa por ser a única capital do país fora do Sistema Interligado Nacional, o município depende de termelétricas a óleo diesel, mais poluentes e caras. O gasto com esse combustível é dividido entre todos os consumidores do país, por meio do encargo chamado de Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). Os resultados do programa servirão para guiar um modelo que poderá ser replicado em outras regiões do país.

Conforme Cristiano Bessa, engenheiro eletricista e integrante do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, a ANEEL optou por fazer um projeto- piloto para buscar soluções para economia energia com base nas políticas públicas existentes para o setor. Entre elas, políticas públicas de eficiência energética e políticas para inovação, pesquisa e desenvolvimento.

Ele explica que o leilão foi dividido em duas áreas distintas. A primeira propõe substituir toda a iluminação pública da cidade por lâmpadas mais econômicas, lâmpadas de tecnologia Led. “Hoje a iluminação da cidade é feita por lâmpadas que tem um consumo muito alto, e isso representa um percentual muito significativo nas cargas de Boa Vista. Se conseguirmos substituir por uma tecnologia mais econômica em termos percentuais, vamos gerar uma grande economia”, pontou.

A segunda área do leilão prevê a divisão da cidade em zonas específicas para monitorar a redução do consumo de energia. Essa parte vai funcionar basicamente com análise do histórico de consumo em áreas pré-estabelecidas, que será feita por meio de uma ferramenta que vai mensurar o consumo no local.

A partir daí serão definidas as metas de redução e monitoramento para saber se está se alcançando a economia esperada.

“O leilão, prima principalmente pela eficiência energética, e isso passa duas premissas. A comportamental, que cobra das pessoas efetivamente uma forma melhor de usar a energia, evitando desperdício, e usando em um horário mais barato. E a outra, passa por uma implantação de ordem sistêmica, ou seja, a troca de equipamentos, troca instalações elétricas, obras de adequação civil, obras de climatização mais eficientes, com a instalação de equipamentos de climatização mais eficientes, para que assim, utilize menos energia e tendo menos desperdício”, explicou Bessa.

Essa segunda parte, prevê ações de eficiência energética com aqueles consumidores das zonas selecionadas, que terão que assinar um termo de comprometimento que passa por mudanças nas áreas, educacional, comportamental, além da substituição de equipamentos de suas residências. “O consumidor que aderir ao programa terá benefícios, mas também penalidades caso não cumpra com o acordo, ou seja, a pessoa vai trabalhar para que tenham redução de consumo, vai receber equipamentos adequados, mas também vai ser monitorado e tem que atingir a meta estipulada”, disse Cristiano.

Em 2020, o Fórum, em parceria com a Assembleia Legislativa de Roraima, realizou uma audiência pública para debater o edital proposto para o Leilão de Eficiência Energética. Entre as solicitações, estavam a revisão do custo total da geração de energia devido ao cenário atual, a ampliação das localidades beneficiadas.

O Fórum fez algumas propostas para o Leilão, por meio da Consulta Pública – CP 047/2019, que solicitava a inclusão de um conjunto de subclasses de consumo classificadas como residencial normal, baixa renda e comercial. Esses produtos serão organizados por conjuntos de bairros, cada qual com a obrigação de reduzir o montante de energia consumida de 0,5 MW médio. O leilão pode resultar na economia de até 40% no consumo de energia, seja residencial, comercial ou empresarial.

As informações coletadas durante a audiência, foram apresentadas pelo consultor do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e membro do Fórum, Ricardo Lima, na reunião técnica com Representantes da Aneel, em Brasília.  Entre as solicitações, estavam a revisão do custo total da geração de energia devido ao cenário atual, a ampliação das localidades beneficiadas, além da alteração do prazo de consulta por mais 45 dias.

Conheça as contribuições da CP 47/2019

No documento enviado a ANEEL, o Fórum de Energias Renováveis destacou a importância em assegurar recursos para a iniciativa, pois os valores envolvidos são relativamente baixos se comparados ao estoque não aplicado pelas distribuidoras do país, ou mesmo se comparados ao valor anual que deve ser por elas aplicado.

Roraima possui sistemas isolados, bem como a maior parte da região Norte.  Não está conectado ao SIN, sendo atendido majoritariamente por fonte poluente (diesel) e geradora de gases de efeito estufa, que oneram aos consumidores do restante do país, apresentando ainda uma demanda de energia reprimida, motivada pela fragilidade no suprimento de energia.

Por esse motivo, é importante a adoção de um mecanismo de mercado, como o leilão, que contemple uma solução moderna e eficiente para a promoção da eficiência energética, a exemplo do que acontece em diversos países do mundo.

O Fórum de Energias Renováveis de Roraima reconhece que o uso eficiente de energia é o recurso energético mais limpo, barato e seguro que pode ser oferecido à sociedade, mediante ações eficazes.

A CP explica que promover a substituição da cara e poluente fonte que atualmente supre nosso estado é necessário, e sugere-se que o limite proposto de 4 MW médios seja ampliado, para um potencial superior.

“A proposta do Fórum é de que este limite seja ampliado para 12 MW médios. Assim, o Fórum se compromete a colocar seu portal e demais recursos de mídia à disposição da ANEEL no levantamento de potenciais consumidores interessados em aderir a esta iniciativa, bem como realizar eventos, em conjunto com a ANEEL e entidades empresariais de cunho local e regional, para mobilizar a sociedade e as empresas locais a se engajarem nesse importante projeto”, pontuou Alexandre Henklain, Coordenador do Fórum.

Outro fator importante mencionado no documento destacou o elevado potencial de energia solar do estado, com a adoção da geração distribuída fotovoltaica. “O potencial proposto poderá ser facilmente alcançado e contribuirá de maneira significativa para a redução da cara geração termoelétrica a combustíveis fósseis que atualmente supre Roraima” disse Henklain.

A ampliação do projeto e consequentemente da população a ser atendida pelo Programa é relevante, e sugere a inclusão das zonas da capital – ZIL1, ZI, AUE1 e AUE2 – não contempladas na minuta do Edital, assim como as localidades conectadas ao sistema de distribuição que atende Boa Vista.

Quanto à comercialização, o Fórum vê como importante ponto considerar a possibilidade de venda da energia excedente às metas contratadas, embora sejam notórias as dificuldades existentes em torno da questão “comercialização de energia economizada”.

Nesse ponto, solicitou esclarecimentos sobre o tratamento a ser dado do ponto de vista da comercialização e da contratação dessa energia, vez que ainda não existe mercado livre em Roraima; questiona-se qual a participação financeira dos consumidores no investimento, se ela será compulsória ou opcional e se haverá um limite mínimo para tal participação, explicitado no Edital publicado pela ANEEL. Quanto ao limite médio estabelecido, de 0,5 MW por lote, quais as consequências se tal limite for superado, ainda que na minuta esteja explícito que não será considerado para efeito de julgamento no leilão.

Para o Fórum uma solução seria “regulamentar a forma de contabilizar essa energia no sistema indicando como possibilidade essa energia ser entregue, a preço do Leilão de Eficiência, à distribuidora local, substituindo a cara energia termoelétrica e reduzindo a CCC, ou através da criação de um mercado livre (antes mesmo da interligação do estado ao SIN), impulsionando o desenvolvimento da economia local” disse Alexandre.

A contribuição diz ainda que poderiam ser premiados os consumidores que superarem as metas de redução, com participação na eventual comercialização da energia excedente ou então propiciando um crédito compensável ou incentivo.

Do ponto de vista da economia do estado, é fundamental o desenvolvimento de mão de obra e capacitação locais. Assim, apesar de reconhecer-se a dificuldade de estabelecer essa exigência no Edital, é sabido que o estado dispõe de sistema educacional robusto, abrangendo a UFRR, IFRR, SENAI e outras instituições públicas e privadas, para apoiar a implantação das ações de eficiência energética.

Também é importante a ANEEL propiciar meios, no âmbito do Edital, para incentivar e priorizar o emprego, a formação profissional e o desenvolvimento da força de trabalho local, o que será fator contributivo para a retomada da economia de Roraima no “pós-pandemia”.

Para os segmentos contemplados, é importante que sejam atendidas as mais diversas categorias de consumidores: residencial, comercial, industrial, poder público, criando efeito educativo e, consequentemente, provocando a multiplicação das ações resultantes do Leilão.

Por Neuzelir Moreira

Foto: Rocean Caleffi

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Empresa vencedora do Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados vai atender municípios de Roraima com energia a diesel

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) divulgou recentemente o resultado do Leilão para Suprimentos aos Sistemas Isolados. Apesar do potencial para produção de energias renováveis, os municípios de Uiramutã, Pacaraima e Amajarí terão como fonte de geração de energia óleo diesel. A decisão foi comentada pelo Analista do Instituto Socioambiental, Ciro Campos e por Donato da Silva, Consultor do Instituto Clima e Sociedade.

 

Ouça a entrevista:

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Leilão para suprimento nos Sistemas Isolados não contemplou energias renováveis em Roraima

A solução energética para atender as localidades de Uiramutã, Pacaraima e Amajarí, em Roraima, vai ser a óleo diesel. Esse foi o resultado do Leilão para Suprimentos aos Sistemas Isolados da Agência Nacional de Energia Elétrica, realizado na última sexta-feira (30).

O resultado foi lamentado por Ciro Campos, representante do Instituto Socioambiental (ISA) e membro do Fórum de Energias Renováveis de Roraima. “Infelizmente o resultado do leilão deu cem por cento diesel pra Roraima, de novo. Poderia ter sido diferente, o Fórum de Energias Renováveis alertou, tentou avisar a Aneel, fez sugestões ao edital para que fosse possível haver competição com as outras fontes cada vez mais viáveis como o sol, vento, biomassa”.

O período para suprimento terá início em 1º de abril de 2023 e terá duração de até 180 meses, a depender da localidade. No Amazonas a solução será a gás natural (Usina Xavantes), no estado do Pará será o biodiesel (Brasil BioFuels), em Rondônia a solução será também com o biodiesel, com a mesma empresa. Já a solução contratada para o Acre e Roraima foi o óleo diesel.

“Perde o Estado, porque além de a gente não limpar a nossa matriz energética, a gente também deixa de ganhar dinheiro com as nossas empresas que trabalham com a energia solar, com a geração de empregos. A Aneel diz que nos próximos leilões as regras vão ser ajustadas, e a gente torce que sim. Infelizmente não deu tempo de resolvermos a situação de Roraima, apesar das inúmeras tentativas junto a Aneel”. Pontuou Ciro.

Conceição Escobar, presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE) e também membro do Fórum, informou que a Usina Xavantes, vencedora do leilão em RR e AM, tem o contrato de 5 anos para atender os 3 municípios de Roraima ofertando 5,696 MW, ainda com o uso de diesel, com o deságio de 21% isso resulta num preço de R$ 989,97/ MWh.

“Nos outros estados, como no Amazonas, o gás natural venceu com essa mesma empresa. O biocombustível venceu em outros sistemas, já é um avanço. E o futuro, é que se tenham novas discussões, novas regras que possam favorecer as fontes de energias renováveis”. Destacou Conceição.

Além dos prejuízos ambientais, o prejuízo econômico também deve ser levado em consideração. O consultor do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e membro do Fórum de Energias Renováveis, Donato Filho, diz que o consumidor brasileiro paga entre 1.000,00 e 1.200,00/ MWh pra usinas que vão poluir o meio ambiente, e que vão onerar a tarifa de todos os brasileiros. A tarifa de energia elétrica hoje tem 24 bilhões de reais por ano de subsídios, e 8 bilhões de reais desse valor são de combustível fóssil subsidiado para a região norte nos sistemas isolados.

“Na hora que a gente faz um leilão desse e permite que essa situação se perpetue, no fundo é uma mensagem muito grande de desrespeito ao meio ambiente, aos cidadãos que pagam suas contas de luz e também acaba sendo um desrespeito ao avanço tecnológico no país”, reforçou Donato.

De acordo com o consultor, os valores gastos com subsídios poderiam ser melhor investidos em laboratórios de novas tecnologias. “Nós vamos gastar esse dinheiro para queimar diesel, uma tecnologia totalmente ultrapassada. Desejamos que nos próximos leilões não se repita esse abuso. Mesmo esse leilão, se puder, ele deveria ser contestado porque a gente está mostrando que a modernização no setor elétrico é só uma retórica, na hora do “vamos ver” a gente usa o passado”.

De acordo com a Aneel, o investimento do Leilão dos Sistemas Isolados soma R$ 355,5 milhões  com todos os projetos vencedores. Foi negociado 54,7 MW de energia anual média para atender regiões dos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima.

Veja os resultados por estado

Lote I Acre:  fechado com diminuição no valor de 15% com preço de R$ 1.098/MWh.

Localidades: Cruzeiro do Sul, Feijó e Tarauacá.

Potência Requerida de 50,181 MW. Empresa vencedora: Rovema Energia/ Solução: diesel.

– Lote II Amazonas:  fechado com diminuição no valor inicial de 32%, com preço de R$ 890/MWh.

Localidades: Anamã, Anori, Caapiranga, Codajás, Novo Remanso.

Potência requerida de 8,707 MW.

Empresa vencedora:  Usina Xavantes/ Solução: gás natural.

– Lote III Pará: o leilão foi fechado redução no valor inicial de 23,5% com preço corrente de R$ 1.100/MWh.

Localidades: Anajás, Água Branca, Crepurizão, Faro, Gurupá, Jacareacanga, Muaná, Porto de Moz, São Sebastião da Boa Vista e Terra Santa.

Potência requerida nesse estado é de 31,837 MW. Empresa vencedora:  Brasil BioFuels/ Solução: biodiesel.

– Lote IV Rondônia: o leilão foi fechado com diminuição no valor inicial de 10,1% e preço corrente de R$ 1.252,31/MWh.

Localidades: Urucumacuã e Izidolândia.

A potência requerida nesse estado é a menor do certame, com 0,857 MW.

Nesse lote a Brasil Biofuels também venceu com a mesma solução anterior, o biodiesel.

Lote V Roraima: o leilão foi fechado com redução no valor inicial de 21% com preço corrente de R$ 989,97/MWh.

Localidades: Uiramutã, Pacaraima e Amajarí.

A potência requerida nesse estado é de 5,696 MW.

Empresa vencedora: Usina Xavantes/ Solução: óleo diesel.

 

Por Thamy Dinelli

Foto: Aline Silva/ Comunidade indígena no Amajarí

 

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Leilão para Sistemas Isolados atendendo 23 localidades na Amazônia é realizado na manhã desta sexta-feira,30

Poderão participar do certame, usinas a gás natural, óleo diesel ou fontes renováveis, em cinco lotes. O objetivo é atender a 23 localidades nos estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, com potência requerida total de 97,28 MW. O Leilão para Suprimento dos Sistemas Isolados é realizado nesta sexta-feira, 30, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O leilão será totalmente virtual e realizado sob as diretrizes da Portaria Ministério de Minas e Energia (MME) n° 341, de 11 de setembro de 2020. O período para suprimento terá início em 1º de abril de 2023, se estendendo por até 180 meses, a depender de cada localidade e fonte de geração de energia elétrica.

Os preços iniciais serão os seguintes: R$ 1.293,00/MWh para o Acre (AC); R$ 1.308,00/MWh para o Amazonas (AM); R$ 1.438,00/MWh para o Pará (PA); R$ 1.393,00/MWh para Rondônia (RO) e R$ 1.253,00/MWh para Roraima (RR).

Desde o início de formatação do edital para o leilão, o Fórum de Energias Renováveis de Roraima, junto com parceiros, enviou propostas de melhorias técnicas fundamentais para atender as demandas da região e contribuir com o avanço na produção de energia limpa. Por exemplo, foi reforçado por participantes do Fórum a importância de acelerar a transição energética na Amazônia, a necessidade de limpar a matriz energética, e substituição do uso de óleo diesel por fontes renováveis como a solar, biogás, e biomassa para reduzir a Conta Consumo de Combustíveis (CCC) ao longo do tempo de forma sustentável.

As propostas feitas por membros do Fórum de Energias Renováveis foram destacadas pelos diretores da Aneel na votação para aprovação- sem unanimidade- do edital, que ocorreu no dia 23 de março, mas que foi publicado sem alterações. Os próprios conselheiros sugeriram considerar essas importantes contribuições nos próximos leilões da Agência, abrindo espaço para as soluções híbridas que atendam de maneira efetiva todas as localidades da Amazônia, já que o leilão aprovado deixa algumas comunidades fora do atendimento com energia elétrica.

O Leilão dos Sistemas Isolados começa às 10h (horário de Brasília) e o público poderá acompanhar a situação dos estados pelo site da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica: www.ccee.org.br