Por Pedro Barbosa
Em comunidades de difícil acesso na Floresta Amazônica, a busca por abastecimento de energia elétrica pode ser bem complicada. Por não terem acesso à uma rede de distribuição, muitas dessas localidades dependem de geradores movidos a um alto consumo de diesel ou gasolina. Com isso, é necessária uma complexa logística para que o transporte do combustível ocorra constantemente.
Para reduzir os gastos com o consumo e transporte de combustíveis, a Organização Não Governamental (ONG) Projeto Saúde e Alegria (PSA), que atende mais de 30 mil pessoas em diversas comunidades ao oeste do Pará, resolveu instalar sistemas fotovoltaicos isolados, que absorvem energia elétrica com uso de painéis solares.
Jussara Salgado, que é técnica em energia do PSA, conta que várias localidades já são contempladas com energia solar, seja com sistemas residenciais ou de uso coletivo. Com a tecnologia, foi possível facilitar a instalação de serviços públicos de saúde, dar melhores condições estruturais para ensino em escolas das comunidades e garantir bombeamento e abastecimento de água de forma contínua.
“Os sistemas fotovoltaicos ajudam os moradores a terem acesso à iluminação, meios de comunicação e internet, com diminuição significativa da emissão de gases de efeito estufa no processo de geração de energia. Além disso, ajuda a fomentar atividades econômicas”, complementa a profissional.
No âmbito residencial, duas comunidades foram beneficiadas: Carão, no ano de 2017, onde 21 casas foram atendidas; e a Aldeia de Arapiranga, em 2019, que até hoje já beneficiou 34 moradias. As instalações de sistemas fotovoltaicos residenciais visam atender basicamente à iluminação, televisores e rádios, carregamento de celulares ou equipamentos de baixa potência.
Outros sistemas são instalados para atendimento aos ribeirinhos de forma coletiva, que visam dar acesso a água, saúde, educação, comunicação e atividades econômicas.
Só desse tipo de instalação, são 30 sistemas comunitários para bombeamento de água, oito sistemas fotovoltaicos para acesso à internet (telecentros ou escolas), duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) atendidas com sistema para eletrificação e geladeira 24Vcc (voltagem em corrente contínua) e outras duas escolas atendidas com sistema para eletrificação e geladeira 24Vcc.
Antes das instalações ocorrerem, no entanto, o diálogo com moradores é fundamental para evitar desinformação e dúvidas sobre como o sistema fotovoltaico funciona.
“São feitas visitas e reuniões nas comunidades para levantamentos técnicos e esclarecimentos sobre o sistema. Durante as instalações os moradores são envolvidos no processo para que se familiarizem com a tecnologia, além disso recebem capacitação para o uso adequado e manutenção desses sistemas”, contou Jussara.
Nessas reuniões e capacitações, o resultado costuma ser não apenas produtivo, mas como também transformador para algumas das pessoas atendidas. “Permitir que as comunidades adquiram conhecimento sobre a tecnologia solar fotovoltaica desperta interesse nos jovens e adultos para uma futura atividade profissional na área”, salienta a técnica.
E para quem não vive em comunidade ribeirinha e gostaria de instalar um sistema fotovoltaico em casa, Jussara alerta que é primordial que se busque profissionais habilitados na área para que haja planejamento quanto ao dimensionamento, projeto, funcionamento e os equipamentos que serão necessários.
“No caso das comunidades, um conhecimento, mesmo que básico, sobre os sistemas fotovoltaicos isolados que serão implementados permite com que façam um bom uso da instalação, evitando danos aos equipamentos ou perda total do sistema”, pontuou.
Foto: Projeto Saúde e Alegria