O Fórum de Energias Renováveis de Roraima está com sua enquete no ar, querendo saber se a população de Roraima é contra ou a favor da construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer.
Mesmo com a enquete, o Fórum vai continuar ouvindo profissionais de áreas diversas para saber deles suas opiniões a respeito do empreendimento.
O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Roraima, CAU-RR, o arquiteto Jorge Romano, participou do processo e afirmou que antes de tudo deve-se saber que toda obra humana causa impacto e cabe ao ser humano, com sua inteligência e sabedoria, tentar mitigá-los em qualquer obra da construção civil.
“Há um impacto ambiental grande em qualquer obra, seja ele na construção de uma casa, seja numa rede de esgoto, seja numa barragem, seja no que for. Qualquer obra causa impacto. Essa é a primeira premissa. A segunda é que esses impactos podem ser mitigados sim, podem ser compensados. Então um empreendimento como este, que começa com uma barragem e depois com uma usina para gerar energia gera impacto”, destacou.
Jorge Romano disse que primeiro é necessário entender que Roraima está numa ‘ilha’ e a energia é deficiente. “Quantos empreendimentos Roraima já deixou de receber por falta de uma matriz energética confiável? Então, do ponto de vista ambiental, ela é viável também desde que os impactos sejam mitigados. Do ponto de vista econômico, a obra não é só viável, mas necessária para fazer parte de uma matriz energética que dê sustentação ao Estado e torná-lo economicamente viável do ponto de vista da sustentabilidade”, disse.
O arquiteto lembra que muitos problemas devam ser resolvidos, principalmente os impactos sociais. Ele acredita que há condições de se criar projetos paralelos, porque na hora que você faz uma represa, pode-se também criar uma segunda via, como projetos de criação de peixes, de irrigação de lavouras e assim por diante. “Então, tem uma série de outras coisas que são favoráveis à usina do ponto de vista social e econômico, desde que sejam mitigados os impactos”.
Jorge é favorável à construção da Usina, mas afirma, desde que os cuidados já citados sejam dispensados aos aspectos sociais, ambientais e culturais e que existem alternativas que Jorge cita como exemplo: o uso da energia solar ou eólica. Ele lembra que os espelhos reflexivos já estão sendo implantados no Estado para reforçar a matriz energética com a utilização da energia solar.
Jorge Romano disse que até que se prove o contrário, a solução mais econômica ainda é uma usina movida a água (hidrelétrica), que também precisa de controles de vasão, de inundação e todas as consequências do represamento e transbordo.
Quanto ao valor do investimento em relação ao benefício gerado, Jorge Romano afirmou que ainda não pode tirar nenhuma conclusão com precisão, porque não tem os dados para fazer essa avaliação.
“Então seria desonesto eu afirmar que a quantidade de energia gerada justificaria o investimento. Eu ainda não tenho e não amadureci ainda essa minha posição”, disse.
Jorge Romano lembrou que há todo um trabalho sendo feito pelo Fórum de Energias e ele faz parte desse Fórum. “A gente está discutindo, conversando com as pessoas que estão envolvidas em todo esse processo. Então, a gente tem que usar os meios que estão disponíveis e que já estão sendo usados, como é o caso dos seminários e as discussões que estão sendo feita com vários atores, inclusive o governo federal, os parlamentares estaduais e federais. A ideia é responder para toda a sociedade se esse projeto é importante do ponto de vista do desenvolvimento social e econômico. A construção de uma base sólida da matriz energética é sim, muito importante para o Estado. A gente tem que ter alternativas para favorecer nosso desenvolvimento e isso depende de energia de qualidade. A questão da geração de energia e uma matriz que inclua uma hidrelétrica favorece e atrai investidores e impulsiona o desenvolvimento sustentável de Roraima, por isso entendemos como positiva”, concluiu.
Por Nei Costa