Os sistemas de armazenamento de grande porte têm sido utilizados como recurso para armazenar o excedente de energia solar e eólica e também reduzir oscilações no sistema. De acordo com o portal Ecoa que conversou com especialistas, o uso de baterias integradas a esses sistemas permite que fontes renováveis sejam utilizadas em maior escala, já que tornam possível “estocar” energia em períodos nos quais a produção excede o consumo. Também aumentam a segurança dos sistemas, evitando os prejuízos causados por blecautes e oscilações que poderiam fazê-los colapsar.
O Estudo Estratégico do Mercado de Armazenamento de Energia no Brasil aponta os benefícios que esse sistema nas linhas de transmissão e distribuição pode oferecer:
- Maior eficiência nas redes: em vez de construir novas linhas ou novas subestações para atender picos temporários de consumo ou de geração, operadores poderão usar armazenamento em pontos estratégicos da rede;
- Permite a melhora da qualidade de suprimento de energia elétrica. Absorve flutuações de tensão, ou de frequência, contribuindo assim a uma redução de quedas de energia.
Vantagens para o consumidor:
- Ajuda a gerir o consumo e demanda contratada;
- Serve como backup de energia;
- Potencializa os benefícios da geração distribuída;
- Presta serviços remunerados à rede; desta forma, transformam o consumidor em ‘prossumidor’ proporcionando um importante aumento de sua autonomia energética.
Outra vantagem no uso das baterias é com relação a vida útil potencialmente muito longa (desde que composição química do anodo e catodo seja mantida); é composto por materiais não escassos e em muitos casos não-tóxicos. Mas também precisamos falar das desvantagens como menor densidade energética (comparada com baterias de lítio); não estão livres de O&M; número limitado de fornecedores; falta de histórico em escala industrial.
Pesquisadores ouvidos pela Ecoa argumentam que outros tipos podem ser mais seguros, convenientes e sustentáveis. É o caso, por exemplo, das chamadas baterias de fluxo, baterias de estado sólido e células de hidrogênio. Elas funcionam à base de componentes mais estáveis e, algumas vezes, mais abundantes. Podem ter maior vida útil e apresentar menos riscos ao meio ambiente. Apesar disso, ainda não estão tão avançadas ou disponíveis quanto as baterias de íon-lítio. São tecnologias que ainda requerem maiores desenvolvimentos para ser empregadas junto às fontes de energia renovável.
PRINCIPAIS APLICAÇÕES NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Baterias tem sido usadas em pequenos sistemas isolados há muitos anos, e programas de universalização de energia elétrica como o “Mais Luz para a Amazônia”, impulsionarão esse mercado.
Aplicações Híbridas – Solar + Diesel + Baterias – ganham competitividade, reduzindo custos e as emissões de CO2. Comunidades isoladas e consumidores rurais já aplicam estas soluções como por exemplo em pivôs de irrigação.
No âmbito da chamada de P&D estratégico da ANEEL 21/2016 foi realizado um projeto de microrede com bateria na ilha de Fernando de Noronha, que poderá servir de referência para outros sistemas isolados no Norte do pais.
O Brasil desenvolveu projetos de instalação de sistemas solares remotos para atender comunidades isoladas. O PRODEEM (Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios) instalou mais de 6.200 sistemas para atender as necessidades domésticas de energia elétrica e iluminação pública. Os sistemas contavam com baterias de chumbo-ácido seladas de 12 Vdc. Apesar do elevado número de sistemas, a capacidade instalada de armazenamento não era efetivamente elevada, dado que consistiam de sistemas de pequeno porte.
Outro projeto de universalização do acesso à energia foi o Luz Para Todos (LpT), mas esse previa, na maior parte dos casos, o acesso via expansão da rede de distribuição. Assim, não houve expressiva quantidade de sistemas de geração com armazenamento instalados.
Em fevereiro de 2020 o Governo Federal lançou o programa Mais Luz para a Amazônia (MLpA), que propõe instalar sistemas de geração renovável em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. O programa terá vigência até o fim de 2022, podendo ser prorrogado enquanto houver comunidades sem acesso à energia na região. Mais informações sobre o estudo e dados você pode acessar em: https://greener.greener.com.br/estudo-de-armazenamento-energia-2021
Por: Ascom Fórum de Energias Renováveis
Imagem: Sonergy Brasil