Investir em energia renovável é mais que uma necessidade econômica. É também uma necessidade do planeta e uma tendência global, ainda mais quando a iniciativa parte do poder público. A análise é do engenheiro eletricista e membro do Fórum de Energias Renováveis, Cristiano Bessa, que participou do Webinar “Política Energética Municipal” nessa terça-feira (25). Evento apresentou guias sobre o investimento.
O encontro foi realizado pelo Instituto de Energia e Desenvolvimento Sustentável (Inedes) em parceria com o WWF-Brasil, organização reconhecida mundialmente pela luta contra a degradação socioambiental.
“O que todo mundo sabe, mas não custa reforçar, é que o próprio planeta agradece os investimentos em energias renováveis em escala mundial. Não é só pelo fator econômico, é uma tendência e uma necessidade. É fundamental que estas ações entrem no planejamento de políticas públicas de todos os municípios, estados e do país. Precisa ser uma política permanente”, afirmou o engenheiro que atua há 22 anos nas áreas de energia elétrica e de transmissão e geração de energia.
Foram apresentados dois guias a fim de orientar gestores públicos na consolidação de programas energéticos próprios. Ainda conforme Bessa, o guia auxilia os projetos que necessitam de uma iniciativa política e um marco legal para serem postos em prática.
Intitulado de “Concepção e Institucionalização de Políticas Energéticas”, o primeiro guia auxilia administrações estaduais e municipais sobre a parte jurídica das Políticas Energéticas (PE’s). Também demonstra quais são as áreas estratégicas para desenvolver ações de Políticas Energéticas.
Enquanto o segundo guia, batizado de “Instrumentos para Internalização de projetos Energéticos Sustentáveis”, trata do Sistema de Registro de Preços e das parcerias público-privadas que podem ser estabelecidas.
A ex-prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), também participou do webinar sobre Políticas Energéticas. Segundo o município, a capital se tornou referência na produção de energia solar. Os investimentos iniciaram em 2017.
Até dezembro de 2020, a cidade contava com sete usinas fotovoltaicas, que abasteciam a comunidade indígena Darora, um terminal de ônibus, um Mercado Municipal São Francisco, o próprio prédio da prefeitura, o Palácio 9 de Julho, além de outros prédios, como o Teatro Municipal.
“É bastante importante para qualquer liderança política que queira ter em sua base de projetos de políticas públicas conhecer todo este projeto. O case da prefeitura de Boa Vista é um sucesso e pode servir de exemplo e ajuda a conhecer a parte técnica”, pontuou o engenheiro.
Quando as residências, empresas ou prédios públicos passam a trabalhar com a energia solar, há duas modalidades em que podem se encaixar: on grid e off grid. Ambos os casos são variantes da geração distribuída.
No on grid, o gerador de energia solar compartilha a produção com a rede distribuidora e no fim de cada mês é feito um cálculo, que determina se o gerador tem crédito para ser abatido do consumo futuro.
Na modalidade off grid, não há compartilhamento com a rede de distribuição energética. Nesses sistemas as sobras de energia são armazenadas em baterias de carga para serem usadas a noite ou em momentos de falha de suprimento.
Projeto para iluminação pública
O Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) lançou a terceira chamada pública do Procel Reluz, que oferta cerca de R$ 65 milhões para investir em projetos para tornar eficiente a iluminação pública. Acesse a chamada aqui.
https://eletrobras.com/pt/Paginas/Chamada-Publica-Procel-Reluz.aspx
As inscrições iniciam na próxima segunda-feira (31). Podem participar gestores municipais e profissionais da área de conservação de energia. A chamada de 2021 prioriza os projetos municipais que têm como foco a iluminação com tecnologia de LED.
O Procel, que é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e operacionalizado pela Eletrobrás, também anunciou uma ferramenta de Educação à Distância (EAD) voltada qualquer pessoa que visa a capacitação profissional para atuar em iluminação pública, além de servir de apoio técnico para municípios.
Por Fabrício Araújo