A presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas de Roraima (Abee-RR), Conceição Escobar, também deu sua opinião sobre a construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer, no município de Caracaraí em Roraima.
Conceição explicou que Roraima, hoje, é dependente de fontes energéticas externas, em especial do óleo diesel para a produção de energia elétrica, considerada uma das fontes mais caras e poluentes.
Ela lembra que como o Estado se encontra isolado do SIN-Sistema Interligado Nacional, não tem possibilidade de adquirir energia de outros sistemas. “Com o resultado do Leilão para Suprimento a Boa Vista e localidades conectadas, realizado em 31 de maio de 2019, outras fontes foram consideradas, como o gás natural, o biodiesel e a biomassa, sendo essas, soluções para o curtíssimo prazo. Para médio e longo prazo, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) considera o aproveitamento do potencial do Rio Branco, localizado na Cachoeira do Bem Querer, com potência instalada de 650 MW, abrangendo os municípios de Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Cantá, Bonfim e Boa Vista”.
Conceição afirma que se for considerar a possibilidade dos impactos à jusante, envolveria também o município de Rorainópolis, além de Caracaraí no baixo Rio Branco.
Para ela, do ponto de vista do balanço energético, com esse empreendimento, a dependência externa “deixa de existir” e Roraima seria exportador de energia. “Porém, para avaliar a viabilidade socioambiental do empreendimento são necessários estudos de viabilidade e de impacto ambiental, que ainda estão em fase de elaboração, com previsão de conclusão em 2021”, explicou.
Do ponto de vista da engenharia e do planejamento energético brasileiro, continua Conceição, o uso da hidroeletricidade, mantém a matriz elétrica, limpa e renovável, sendo as soluções renováveis sempre mais apropriadas.
“Contudo, faz-se necessário um conhecimento mais aprofundado dos impactos ambientais e sociais da UHE Bem Querer em nosso território, das vantagens, desvantagens, riscos, oportunidade de trabalho e da garantia de um conjunto de políticas púbicas, que apoiem os municípios e proteja as populações atingidas”, esclareceu.
Conceição Escobar considera importante a diversificação da matriz elétrica de Roraima e o estímulo a outras fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica, bem como um profundo respeito a maior riqueza de Roraima, que é o rio Branco.
O Fórum de Energias Renováveis de Roraima vem produzindo material jornalístico, levando em conta a opinião de especialistas, ambientalistas e entidades representativas, bem como da sociedade em geral, para que a população de Roraima possa ter amplo conhecimento sobre todos os aspectos positivos e negativos da construção da UHE do Bem Querer.
No final dessa série de matérias, o Fórum vai promover um amplo debate por meio de videoconferência com especialistas, representantes de empresas e de organizações interessadas e, em seguida, fazer uma enquete para saber a opinião da população, para no final emitir sua opinião, produzindo um documento que será encaminhado às autoridades do governo federal.
Por Nei Costa