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Empresa de Pesquisa Energética apresenta os aspectos técnicos da Usina Hidrelétrica do Bem Querer

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) informa que a usina hidrelétrica – UHE Bem Querer está prevista para ser construída no rio Branco. Se a usina for aprovada, ocupará áreas dos municípios de Boa Vista, Bonfim, Caracaraí, Cantá, Iracema e Mucajaí

Os estudos para identificação da quantidade de energia que pode ser gerada pela força das águas de um rio são chamados de Estudos de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas.

Para isso, segundo a empresa, é preciso encontrar ao longo do rio os locais que apresentem queda (como por exemplo, cachoeiras), vazão (quantidade de água) e rochas de boa qualidade (ombreiras), onde seja possível construir a barragem. A barragem é a estrutura de terra e concreto necessária para a formação do reservatório e onde ficam localizadas as turbinas (equipamentos que transformam a força das águas em energia elétrica).

Os aspectos sociais, econômicos e ambientais da região também são considerados nos estudos para a identificação do potencial hidrelétrico da bacia hidrográfica.

Os estudos para identificação do potencial hidrelétrico da bacia do rio Branco vêm sendo realizados desde a década de 1970. Em 2011, o Estudo de Inventário Hidrelétrico da Bacia do rio Branco, realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), identificou quatro aproveitamentos com potencial de geração de energia hidrelétrica total de 1049 MW.

Potencial hidrelétrico da bacia do rio Branco

“Para avaliar se os aproveitamentos hidrelétricos identificados no Estudo de Inventário Hidrelétrico são viáveis do ponto de vista técnico, econômico e socioambiental, estudos mais aprofundados devem ser realizados na etapa de viabilidade”, esclarece a empresa.

Segundo o Consórcio, a UHE Bem Querer está na etapa de viabilidade, momento em que são desenvolvidos os estudos de viabilidade e de impacto ambiental. Esses estudos servem para aprofundar o conhecimento sobre a região da usina, detalhar o projeto (equipamentos, capacidade de geração de energia elétrica, custos, etc.), verificar quais impactos negativos e positivos (benefícios) serão causados pela construção e operação da usina e propor medidas para diminuir os efeitos negativos do projeto e potencializar os positivos.

A Walm-Biota explica que os estudos de viabilidade da UHE Bem Querer se iniciaram em 2013 e os Estudos de Impacto Ambiental e do Componente Indígena em 2018. “É importante informar que a UHE Bem Querer não alagará áreas protegidas como Terras Indígenas ou Unidades de Conservação”, destaca.

A barragem

A EPE explica que um eixo composto por concreto e terra com aproximadamente 8 km de extensão será construído em Caracaraí, ligando as duas margens do rio Branco e provocando um desnível do rio de aproximadamente 15 metros.

“Na estrutura de concreto serão construídas a casa de força com onze turbinas bulbo capazes de gerar até 650 MW de energia elétrica; o vertedouro com capacidade para suportar vazões de até 27.500m³/s, evitando assim que grandes cheias possam comprometer a estrutura da barragem ou colocar em risco a população local; o sistema de espera da eclusa, possibilitando, no futuro, a construção da eclusa que permitirá a navegação entre Caracaraí e Boa Vista; e o sistema de transposição de peixes que permitirá a passagem de peixes migradores para a região acima da barragem”, esclarece a EPE.

Reservatório

Ainda de acordo com a empresa, o reservatório terá cerca de 150 km de extensão e uma área de aproximadamente 520 km². Desta área, 37% correspondem a calha do rio Branco e de seus afluentes; e 63% irão alagar áreas dos municípios de Boa Vista, Caracaraí, Cantá, Iracema e Mucajaí.

A usina terá operação do tipo fio d’água. Esse tipo de operação permite que o ciclo hidrológico natural dos rios seja mantido, ou seja, com águas altas nos períodos de chuva e águas baixas nos períodos de estiagem. Assim, mesmo após a construção da usina o rio continuará subindo e descendo conforme a quantidade de chuvas, pois toda a água que chegar ao reservatório passará pela usina e seguirá o seu curso natural na região abaixo da barragem.

Geração de energia

Para a EPE, uma importante característica da UHE Bem Querer é que entre junho e agosto (época de cheia na bacia do rio Branco) a usina irá produzir a maior quantidade de energia. Nesses meses, a maioria das usinas hidrelétricas existentes no país está com menor capacidade de geração, devido ao período de seca em grande parte dos rios brasileiros.

A energia produzida pela usina será levada até a subestação Boa Vista por meio de uma linha de transmissão de 500kV com aproximadamente 150 km de extensão. Atualmente a SE Boa Vista é o principal ponto para atendimento à demanda do estado, distribuindo para os consumidores roraimenses boa parte da geração térmica local (majoritariamente a diesel).

A SE Boa Vista será o ponto de conexão do linhão Manaus-Boa Vista, permitindo que Roraima se integre ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Uma vez integrada ao SIN, Roraima receberá energia produzida em outros estados e poderá, ainda, exportar excedentes energéticos locais para outras regiões do Brasil.

Dessa forma, conclui a EPE, a geração de energia elétrica pela UHE Bem Querer trará maior segurança e confiabilidade tanto para o estado de Roraima, quanto para o SIN, reduzindo apagões e quedas de energia no estado. “Além disso, irá reduzir a emissão de gases de efeito estufa das fontes de energia não renováveis (como termelétricas a diesel) e o custo de geração de energia local”, finaliza a Empresa de Pesquisa Energética.

Por Nei Costa

Fonte – EPE

Imagem – EPE