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Projeto visa levar energia sustentável para comunidades da Amazônia que ainda vivem na escuridão

A ideia é aprimorar projetos que já estão em andamento para acelerar a universalização da energia elétrica com o uso de fontes renováveis e, ainda, garantir a produção econômica em comunidades da Amazônia

Por Fabrício Araújo

 

Uma energia limpa, sem interrupções de fornecimento e para todas as comunidades da Amazônia é o que visa um projeto desenvolvido pela Volt Robotics, empresa de gestão e otimização no uso de energia e petróleo. A ideia é aprimorar projetos que já estão em andamento, mas que precisam ser acelerados.

A consultoria da Volt Robotics foi contratada pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), com apoio financeiro da Fundação MOTT e tem a participação do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, .

O trabalho foi batizado de “Mudando o modelo dominante de fornecimento de energia elétrica às comunidades da região amazônica: Da escuridão às energias renováveis” e tem duração de seis meses. Comunidades indígenas, ribeirinhas e qualquer localidade da Amazônia em que não haja fornecimento de energia são possíveis alvos do projeto.

Conforme o Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA), há cerca de um milhão de brasileiros sem acesso à energia elétrica. É estimado que 242 mil vivem em assentamentos rurais, comunidades indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação localizados em regiões remotas da Amazônia.

Segundo o diretor geral da Volt Robotics, Donato da Silva Filho, houve uma pesquisa para entender o que as comunidades pretendem fazer com o uso da energia e também um estudo de outros trabalhos similares que já estão em andamento, mas que precisam ser aprimorados. Agora, um piloto deve ser posto em prática em uma comunidade que ainda deve ser definida.

“Então, o que a gente está fazendo agora no projeto é dar uma regulamentação ao que existe. Estamos checando aquilo que as comunidades precisam e o que o Ministério de Minas e Energia está disposto a fazer, além de “como podemos acelerar este processo”, explicou Silva.

Ainda de acordo com o diretor geral, as comunidades ouvidas pretendem usar a energia principalmente para fins coletivos como conservação de peixes, abastecimento das escolas e galpões comunitários para atividades diversas que poderão ser desenvolvidas pelos moradores de cada região.

“Precisamos fazer de forma sustentável e com um sistema robusto, já pensando na manutenção. São áreas distantes, algumas de difícil acesso, e precisamos pensar: e se o sistema quebrar, vai ter alguém para consertá-lo facilmente? Então, pensando em toda a questão logística, precisa ser um sistema que não quebre”, pontuou.

Conforme a consultora da Volt Robotics, Juliana de Almeida Passadore, há comunidades que só são acessadas com locomoção de barco ou avião em viagens longas e muitas vezes cansativas. Além disto, há as diferenças culturais de cada comunidade, já que a finalidade do projeto promover o desenvolvimento de cada localidade com a ajuda de energias renováveis.

“Culturalmente são bem distintas também, com hábitos e necessidades únicos: algumas com vocação para o artesanato, algumas para a pesca ou extrativismo. Algumas possuem energia elétrica, ainda que de maneira precária, por poucas horas e em alguns locais, como escolas ou postos de saúde, e outras estão na escuridão”, disse.

Um dos exemplos de projetos que já estão em andamento – e que pode ser aprimorado pela ideia da Volt Robotics – é o Programa Mais Luz para a Amazônia, que é centralizado em na capacidade de ação das Distribuidoras locais e, segundo Passadore, garante o atendimento mínimo de energia elétrica.

“Nesse contexto, a universalização pode demorar até 10 anos. O nosso projeto busca ter um olhar diferente para essa realidade. A ideia não é desenvolver um programa novo, mas sim potencializar as iniciativas atuais e unir diversos agentes em prol das comunidades, que serão o centro do plano. Isso dará velocidade a universalização ao acesso à energia elétrica e proporcionará desenvolvimento social e econômico” afirmou.

 

Foto: Letícia Leite/ISA