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Obras do Linhão de Tucuruí devem começar este ano, afirma Aneel

 

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, informou que deverão ter início ainda neste ano as obras que permitirão a Roraima receber energia do Sistema Interligado Nacional (SIN). Pepitone deu a informação durante a audiência pública que discutiu, na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, o chamado Linhão de Tucuruí. A obra foi contratada por meio de leilão em 2011, e a conclusão estava prevista para 2015, o que acabou não ocorrendo.

A obra depende da finalização de um protocolo de consulta que está sendo feito junto à comunidade indígena da reserva Waimiri-Atroari, uma vez que as linhas de transmissão passam por 122 quilômetros desse território. Segundo Pepitone, a obra resultará em grandes lucros para o grupo que venceu a licitação – a Transporte Energia, consórcio formado pela Alupar e pela Eletronorte, que detêm, respectivamente 51% e 49% das cotas do empreendimento.

“É um investimento sem igual, já que poderá ser amortizado em apenas um ano, se levarmos em consideração que o valor da obra é R$ 1,6 bilhão e o custo de óleo diesel para atender o estado de Roraima em 2020 ficou em R$1,3 bilhão. Então, praticamente essa obra se amortiza em um ano. Não existe investimento neste país que se amortize em um ano”, disse o diretor da Aneel, ao informar que a expectativa é que as obras tenham início neste ano.

Pepitone explicou que o contrato é de 30 anos, dos quais três são para a implantação e 27 para a amortização do empreendimento, que abrange 715 quilômetros de linhas de transmissão. Por envolver interesse nacional, a obra está vinculada à Política de Defesa Nacional, o que dá a ela uma configuração diferenciada, que deveria dar celeridade a seu processo de construção. Esse processo, no entanto, precisa respeitar alguns componentes do ponto de vista ambiental, bem como de consulta às comunidades indígenas da região.

Indígenas e licenciamento

“Não é justo responsabilizar a Funai [Fundação Nacional do Índio] pelo atraso, nem colocar a responsabilidade nas costas dos mais vulneráveis. É uma questão de lei. Os povos indígenas não são contra o desenvolvimento, tampouco contra a questão da energia. O que querem é ser vistos como cidadãos de direito e ter voz para se pronunciar e opinar”, disse a coordenadora-geral de Licenciamento Ambiental da Funai, Carla Fonseca de Aquino Costa, após ouvir de parlamentares que os índios estariam dificultando o avançar de uma “obra importante para o país”.

“Os povos indígenas não são empecilho nessa questão. Apenas estão reivindicando o que já está garantido em termos de legislação. Índios não são problema. São solução”, afirmou a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), que integra a comissão.

Diante do atraso da obra, a concessionária responsável pelo empreendimento acionou a Justiça, pedindo a rescisão do contrato. O advogado da União e assessor da Consultoria Jurídica do Ministério de Minas e Energia Mauro (MME) Henrique Sousa explicou a situação durante a audiência: “Trata-se uma sentença dada em março que decorre de ação proposta pela empresa, movida em 2017. Nela, a empresa justifica seu ingresso pedindo a rescisão do contrato com base em argumentos como o impedimento sistemático e ao longo do tempo do licenciamento ambiental, que foi obstado por ação civil pública do MPF, que pleiteou a anulação do licenciamento ambiental, do leilão e do contrato. ”

Segundo Sousa, houve então uma liminar, e a sentença saiu recentemente, dizendo que é possível a rescisão do contrato de concessão, mas ressaltando que, por ser sentença de primeiro grau, não tem efeito imediato. Ele informou que ainda há prazo para que a Advocacia-Geral da União (AGU) maneje os recursos cabíveis, “até porque há condenação em face da União para pagamento pleiteado pela empresa de uma indenização ainda a ser apurada em liquidação de sentença, o que levará ainda um tempo”.

O contrato permanece ativo até pelo fato de a empresa receber receita para manutenção de ativos do empreendimento, acrescentou. “Não há, portanto, efeito prático e imediato em relação à sentença. ”

Dependência da Venezuela

Já o secretário adjunto de Energia Elétrica do MME, Domingos Romeu Andreatta, destacou que a obra representa uma estratégia para diminuir a dependência de Roraima do fornecimento de energia gerada na Venezuela, que começou em 2001. “Entre 2010 e 2019, o atendimento a Roraima se deu de maneira compartilhada: parte geração térmica e parte energia da Venezuela. Em março de 2019, passamos a ter toda geração sendo suportada pela geração térmica local, mas a um custo bastante alto”, disse o secretário, que trabalha com a expectativa de que a linha entre em operação “no máximo em 36 meses”.

De acordo com André Pepitone, enquanto a linha não está pronta, Roraima continua sendo o único estado que opera no sistema isolado. “Não está interligado às demais regiões do Brasil. Com isso, é atendido por parque térmico compreendido por 131 empreendimentos, tendo 98% de sua energia gerada por fontes térmicas a óleo diesel, que é cara e poluente. ”

O parque térmico de Roraima é constituído por quatro usinas principais: Monte Cristo (125MW); Floresta (40 MW); Distrito (40MW) e Novo Paraíso (12 MW). “Isso tem um custo e envolve pedidos anuais de reequilíbrios econômico-financeiro, pelas empresas, em mais de R$ 1 bilhão, passando dos R$1,6 bilhão previsto em contrato, para R$ 2,6 bilhões”, disse Pepitone.

Reequilíbrio de contas

O diretor da Aneel explicou que, diante da situação, a empresa ingressou com um pedido de R$ 396 milhões para reequilíbrio de suas contas, sob a justificativa de que o investimento estimado teria aumentado em R$ 1 bilhão, em decorrência de fatores como aumento no preço de cabos condutores (R$ 205,3 milhões); alteamento de estruturas metálicas, acréscimos de fundações e montagem (R$ 546,1 milhões) e limitações construtivas na terra indígena (R$ 179 milhões), entre outros.

“A Aneel fez a análise do reequilíbrio e considerou, em sua decisão administrativa, como pagamento adequado, R$ 275 milhões, reconhecendo a excludente de responsabilidade no atraso do licenciamento, mas mantendo as condições da licitação. É aí que teve início a controvérsia. A empresa não aceitou e manteve um pleito em R$ 396 milhões, entrando com a ação judicial”, disse Pepitone ao lembrar que, para ter efeito, a sentença precisa ser referendada pelo TRF-1, após o julgamento do recurso da União. “Algo que ainda não ocorreu”, completou.

O coordenador do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Alexandre Henklain disse que a obra é fundamental, dada a vulnerabilidade que existe em sistemas isolados. “Mas a obra não é importante apenas para Roraima. É importante para o Brasil porque Roraima tem vocação para ser exportador de energia, principalmente eólica e solar”.

“É importante inclusive por gerar energia a partir de outro hemisfério, o que é interessante do ponto de vista de sazonalidade climática e pluviométrica, uma vez que está localizada no Hemisfério Norte, acima da Linha do Equador. Isso dará mais segurança ao sistema nacional. Portanto, esse é um contrato importante que precisa ser salvo”, completou.

 

 

Por Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Foto: Ana Blanc/Ibama

 

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Acordo de Cooperação Técnica: Parceria propõe desenvolvimento de protótipo para ajudar a avaliar o desempenho dos sistemas de geração de Energia FV em Boa Vista

Uma das propostas do acordo de Cooperação Técnica entre o Fórum de Energias Renováveis de Roraima e a Universidade Federal de Roraima vai garantir bolsas de estudos para acadêmicos do curso de Engenharia Elétrica, além da aquisição de equipamentos para desenvolver um protótipo de baixo custo para aferição de desempenho dos sistemas de energia solar na Capital. Quem deu os detalhes desse projeto foi a professora do curso de Engenharia da UFRR, Josiane Rodrigues. Ela será a responsável pela execução dos trabalhos.

Ouça a entrevista:

https://anchor.fm/frum-de-energias-renovveis-de-roraima

 

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Potencial para energia solar em Roraima chama atenção de empresas que investem na região

A intensidade da insolação diária em Roraima traz um enorme potencial para geração de energia fotovoltaica, fato que desperta o interesse e investimentos no setor que tem se tornado competitivo na cidade de Boa Vista. Empresários estão cada vez mais motivados e lançam um novo olhar para o extremo norte do país, que mesmo não estando à frente no ranking na instalação de sistemas de energia solar, apresenta recursos naturais para a geração de uma energia eficiente e limpa. Empresas mais antigas têm qualificado seus recursos materiais e funcionários para atender os clientes, enquanto outras estão se instalando e pretendem ficar por bastante tempo, já que as expectativas de crescimento para o setor são uma realidade.

Um desses empresários é o Gabriel Antunes, que atua com instalação de energia solar há dois anos na região. A empresa dele fornece instalações em Rondônia, Amazonas e agora em Roraima. “A região Norte por si só é muito boa para esse tipo de investimento por conta da insolação que é mais intensa do que na região Sul, por exemplo, e só fica atrás da região Nordeste”, pontuou Gabriel.

Gabriel, que é do Paraná, adiciona outros fatores que o trouxeram para o estado. “Foi a oportunidade de abrir um leque tanto para gerar empregos, quanto para trazer algo inovador para os moradores da região. Trouxemos boa mão de obra, bom atendimento e acompanhamento pós-venda”, disse.

Mesmo com a pandemia, ele afirma que o setor não entrou em crise e a expectativa é que todas as empresas que oferecem o serviço tenham um bom faturamento ao final do ano. “Vejo isso como uma oportunidade para várias empresas crescerem em Roraima e ofertar uma solução de energia de qualidade para as pessoas. Com certeza é algo que veio para ficar, imagino uma região com 100% de energia solar no futuro”, enfatizou.

Assim como Gabriel, o empresário George Giordani viu uma oportunidade de trazer contribuições para a qualidade de vida dos moradores da região por meio de uma energia limpa e eficiente. A empresa que ele gerencia faz parte de uma franquia e está em Roraima há um ano e meio.

“Moro aqui [em Roraima] há mais de 15 anos e sei das dificuldades que enfrentamos por conta da baixa qualidade do serviço de energia. Então vimos a oportunidade de contribuir de duas formas: na diminuição do combustível que abastece as usinas termoelétricas gerando poluentes; e na economia, já que o uso do sistema de energia solar gera redução na tarifa final”, destacou o empresário.

Ele acrescenta que, desde o início da operação da empresa em Roraima, notou alto crescimento na aquisição de instalações de geração de energia solar. A expectativa é que esse avanço do setor no estado continue conquistando consumidores das classes residencial, empresarial, e do setor público. “Do ano passado para cá notamos um grande crescimento de instalações por isso acredito que até o final do ano esse número dobre”, adicionou.

Até o início deste ano, Roraima possuía 226 unidades de geração de energia fotovoltaica (FV) instaladas, beneficiando 279 Unidades Consumidoras (UC) de acordo com a ANEEL.

 

Por: Bruna Cássia

Foto: Gabriel Antunes

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Aneel perde oportunidade de acelerar transição energética na Amazônia. Leilão foi aprovado sem unanimidade.

É a primeira vez após 22 anos, que não há unanimidade entre os diretores da Agência de Energia Elétrica (Aneel) numa votação para edital de leilão.  O fato ocorreu no último dia 23, durante a aprovação do edital n° 3/2021 para o suprimento de sistemas isolados na Amazônia.  A 9° reunião pública da Agência contou com a participação de cinco membros da diretoria aptos a deliberar sobre as decisões, coordenados por André Pepitone, diretor-geral do órgão.

O leilão tem como objetivo contratar energia elétrica e potência para localidades fora do Sistema Interligado Nacional (SIN). O certame vai atender 23 localidades da região norte, entre elas os municípios de Amajari, Pacaraima e Uiramutã, em Roraima.

Desde o início de formatação do edital para o leilão, o Fórum de Energias Renováveis, junto com parceiros, foi atuante e enviou propostas de melhorias técnicas fundamentais para atender as demandas da região e contribuir com o avanço na produção de energia limpa. Durante esta recente audiência não foi diferente, membros do Fórum fizeram mais uma vez solicitações de mudanças e adequações.

Conceição Escobar, representante da Associação de Engenheiros Eletricistas de Roraima, destacou a participação do Fórum de Energias Renováveis e suas contribuições na consulta pública 70/2020. “Reforço a necessidade de limpar a matriz energética da região com soluções sustentáveis no longo prazo, reduzindo a conta de consumo de combustíveis, ou seja, as tarifas para todo o país e ampliando o prazo dos contratos para que as soluções renováveis possam ser um bom caminho”.

Ciro Campos, representante do Instituto Socioambiental, sugeriu alguns aprimoramentos no leilão, como a reabertura no prazo de cadastramento no edital. “Uma solução importante seria permitir que algumas soluções híbridas baseadas em renováveis também utilizassem uma pequena quantidade de diesel, o que seria um fator de economia desse combustível, iria queimar menos diesel e permitir a entrada das renováveis, mesmo que esse diesel seja gradativamente substituído pelo biodiesel, à medida que o mercado seja capaz de fornecer”.

O representante da Volt Robotics e membro do Fórum, Donato Filho, destacou que quando se fala em sistemas isolados, são mais de 250 localidades da Amazônia, onde a eletricidade é feita por meio de geradores a óleo diesel. Isso significa que essas localidades, para ter energia elétrica, estão emitindo CO2 no meio da floresta Amazônica. Toda essa ineficiência e sobrecusto está sendo pago pelos consumidores. “Quando falamos de sobrecusto, a gente vê que as cotas da conta de consumo de combustíveis (CCC) é um item que não para de crescer. A gente está falando este ano de quase 8 bilhões de reais que estão sendo pagos por todos os brasileiros para que haja o subsídio para essa geração ineficiente”.

Para Donato, substituir o óleo por fontes renováveis como a solar, biogás, e biomassa vai eliminar essa logística e reduzirá a CCC ao longo do tempo de forma sustentável. “Quando nós olhamos para esse leilão, ele não atende as 250 localidades, atende somente 23. A nossa proposta é que este leilão já sirva de semente para algo maior, que é uma transição energética em toda a Amazônia tirando o óleo diesel da base da matriz energética”.

Outra proposição do Fórum para melhorias no leilão, foi o aprimoramento no prazo de cadastramento. A portaria 341/2020 do Ministério de Minas e Energia (MME) colocava como prazo para o empreendedor cadastrar a proposta de solução na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no dia 4 de dezembro/2020, mas ocorre que o processo todo de consulta pública tinha previsão para acabar no dia 11 de janeiro. Com base nisso foi editada uma nova portaria onde o prazo passou para o dia 15 de janeiro. “Há um descompasso porque para promover uma solução que seja efetiva os empreendedores tem que fazer investimentos, visitar a localidade, contatar fornecedores, montar um projeto detalhado. É muito difícil alguém viabilizar todos esses investimentos sem conhecer o edital e as condições do leilão, a nossa proposta era de um prazo de 90 dias para que os empreendedores pudessem inscrever os seus projetos na EPE, não faz sentido inscrever os projetos para depois conhecer o edital. O número de soluções renováveis inscrito é muito pequeno porque são soluções tecnológicas mais inovadoras, requerem mais investimentos e sem conhecer o edital elas não aparecem no leilão”, frisou Donato.

Uma outra contribuição ao leilão foi feita por Carlos Augusto Leite Brandão, representante da Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (Abaque), que propôs a utilização de sistemas híbridos com as baterias para a região de sistemas isolados. Com benefícios em relação aos custos, continuidade da geração e do fornecimento e pela desoneração de encargos na tarifa. “Nós acreditamos e pleiteamos que exista simplesmente um processo de competição sem nenhum tipo de privilégio para qualquer tipo de fonte, onde se considere todos os quesitos necessários para esse tipo de geração e o resto a própria indústria passa a competir”.

Nessa reunião, a Aneel deliberou sobre o edital do Leilão de Sistemas Isolados-2021. A partir de aproximadamente 2 horas e 21 minutos da reunião iniciaram-se as análises, sustentações orais, considerações e votos dos conselheiros.

As propostas feitas durante a audiência por membros do Fórum de Energias Renováveis e da Abaque, foram levadas em consideração pelos diretores na hora da votação para aprovação do edital, que sugeriram alterações nos próximos leilões abrindo espaço para as soluções híbridas. Sem alterações no edital do leilão n° 3/2021, a diretora da Aneel Elisa Bastos votou pela aprovação. Outros três diretores acompanharam o voto da relatora, foram eles: André Pepitone, Efrain Pereira da Cruz e Helvio Neves Guerra.

Mesmo sendo favorável ao leilão, o diretor Helvio Neves Guerra, salientou que a solução de suprimentos talvez seja uma das formas mais inteligentes de valoração dos atributos das fontes. Destacou que o leilão de Boa Vista (RR) foi o primeiro leilão em que a Aneel utilizou essa forma de contratação. “No leilão de Boa Vista tivemos soluções interessantes híbridas, como por exemplo fotovoltaica e biocombustível. Essas soluções contribuem para a diminuição do uso do óleo diesel e dos custos na região”.

André Pepitone, ressaltou mais uma vez a importância do processo de debate com a sociedade nos processos regulamentares da Aneel.  “A gente sempre vai aprimorando, evoluindo, buscando o equilíbrio nas normativas que são editadas”.

Já o diretor Sandoval de Araújo Feitosa Neto votou contra a aprovação do leilão, por entender que a transição energética deveria ter sido considerada. “O ponto principal seria o poder concedente ter percebido isso, porque se sinalizasse com contratos mais longos nós poderíamos ter viabilizado essas soluções que custariam menos para o bolso do brasileiro, do que uma solução que ainda considere uma parcela, ainda que não seja explicita, mas implícita. Ao exigir contratos mais curtos naturalmente afasta soluções mais baratas a longo prazo. Isso, a meu ver, é um erro. Estamos perdendo a oportunidade de sairmos de dentro da Amazônia com custos mais baratos e de experimentar soluções inovadoras para o sistema interligado. Se houvesse opções eu sugeriria que avaliássemos a possibilidade de alongar os contratos no sentido de viabilizar soluções para o meio ambiente e com custos de manutenção mais baratos”.

O diretor Efrain Pereira da Cruz, frisou que o que aconteceu durante a votação em relação as propostas de abertura para as renováveis, serve de referência para atuação nos próximos leilões da Agência. “Vejamos isso como um ponto de aprimoramento para o futuro, que a gente possa nos próximos leilões já ter endereçado esse ponto, de que verdadeiramente a gente precisa dar um sinal um pouco mais efetivo. Já fica matriculado o ponto de avanço que o próprio Ministério, juntamente com a EPE podem refletir de forma melhor nesse planejamento”.

Após 22 anos não houve unanimidade na votação dos diretores da Aneel em relação a um leilão. O leilão para suprimento de sistemas isolados deve ocorrer no dia 30 de abril deste ano. Os empreendimentos que ganharem o certame devem começar o suprimento para os sistemas isolados em 1º de abril de 2023, o período de suprimento varia de 28 meses a 60 meses, ou 180 meses, dependendo da previsão de interligação. Os períodos de suprimento mais longos foram estabelecidos para a localidade sem previsão de interligação e a depender também da fonte. Até 60 meses para fontes renováveis, e até 180 meses para soluções de suprimento a gás natural.

O leilão prevê atendimento a 23 localidades, em 5 estados (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima). No total a potência requerida pelos empreendimentos é de 93,7 MW.

O Fórum de Energias Renováveis continua na sua missão de discutir soluções para a geração de uma energia limpa e eficiente, que atenda às necessidades dos sistemas isolados na Amazônia, a qualidade de vida de seus povos e garanta a sustentabilidade da floresta. Buscando soluções inovadoras, criativas e viáveis nas dimensões ambiental, social e econômica.

 

Por: Thamy Dinelli

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Acordos de Cooperação Técnica entre Fórum e UFRR vão ampliar conhecimentos sobre energia solar fotovoltaica no meio acadêmico

Uma parceria entre o Fórum de Energias Renováveis de Roraima e a Universidade Federal de Roraima vai proporcionar aos acadêmicos do curso de engenharia elétrica aprofundar seus conhecimentos sobre as tecnologias fotovoltaicas. Os acordos de cooperação técnica representam uma prioridade na formação de uma nova geração de engenheiros eletricistas qualificada para atuar na área de geração distribuída de energia. Um dos trabalhos será coordenado pela professora doutora, Susset Guerra, e contempla a instalação de um sistema de geração de energia fotovoltaica, no prédio dos laboratórios do Departamento  do curso de Engenharia Elétrica.

Ouça a entrevista:

 

Perfil Susset Guerra

Professora Susset Guerra é formada em Engenharia em Controle e Automação, com mestrado em Automação. Fez doutorado em Engenharia elétrica pela Universidade de São Paulo. Atualmente, Susset é professora do curso de Engenharia Elétrica da UFRR. Suas linhas de pesquisa atuais são os sistemas fotovoltaicos, os sistemas embarcados e a eletrônica de potência aplicados a sistemas de energia e a industriais integrando fontes renováveis.

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Saiu na imprensa

 

Na última segunda-feira ( 21), o portal de notícias Poder  360 publicou uma matéria sobre  a necessidade da transição energética na Amazônia e destacou o trabalho do Fórum de Energias Renováveis de Roraima com intuito de discutir políticas públicas  para propor  mudanças em  busca de energia de qualidade, segura e menos poluente.

Leia a matéria na íntegra aqui.

 

 

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“Mais Luz para a Amazônia” dá inicio a obras de instalação de sistemas fotovoltaicos no Pará

Um recente estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) mostrou que 990.103 são os excluídos elétricos na Amazônia Legal, o que corresponde a 3,5% da população local. A falta de acesso à energia elétrica prejudica de diversas formas essas comunidades, que têm dificuldades em receber água de qualidade, não conseguem armazenar os alimentos por muito tempo e são afetadas também no acesso à comunicação e educação.

No ano de 2020 o Governo Federal lançou o Programa Mais Luz para a Amazônia (MLA) com a finalidade de levar acesso à energia elétrica às famílias residentes em regiões remotas da Amazônia Legal, onde não é possível a chegada da energia por meio de extensão de redes convencionais. O objetivo é que o fornecimento da energia elétrica seja por meio da instalação de sistemas de geração solar isolados (off grid) e visa ao desenvolvimento social e econômico das comunidades, que são, em sua maioria, ribeirinhas, indígenas e quilombolas. A chegada da eletricidade irá diminuir a vulnerabilidade social e econômica, fortalecendo o exercício da cidadania, do bem-estar e de outros direitos fundamentais, proporcionado melhoria na qualidade de vida da população.

De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME) estimasse que 82 mil famílias sejam beneficiadas pelo programa, com previsão orçamentária de R$ 3 bilhões. Em 2020, foi concluída a fase de estruturação do Programa Mais Luz para a Amazônia, com destaque para as seguintes etapas: Designação da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. Eletrobrás como agente operacionalizador do programa (Mar/20); Discussão pública e publicação do Manual de Operacionalização do Programa (Jun/20); Designação da Eletronorte como agente executor do programa no estado do Amapá (Ago/20); Celebração dos termos de compromisso com todos os estados, estabelecendo a meta física do programa para o triênio 2020/2022 (Dez/20).

Ainda de acordo com o MME, na sequência deu-se prosseguimento à fase de implementação do programa, destacando-se o início das obras de instalação de sistemas fotovoltaicos na Reserva Extrativista Renascer, no município de Prainha (PA); e a análise dos projetos para atendimento com sistemas fotovoltaicos da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piranha, no município de Manacapuru (AM), e das comunidades ribeirinhas do Arquipélago do Marajó (PA).

De acordo com o Estudo Estratégico do Mercado de Armazenamento de Energia no Brasil, os programas de universalização de acesso à energia como o Luz para Todos e o Mais Luz para a Amazônia serão importantes instrumentos para impulso da geração renovável off-grid, quando o sistema não é conectado à rede pública e necessita de alguns equipamentos diferenciados para ter autonomia e ser autossustentável com o uso de baterias. O estudo aponta ainda que as soluções energéticas fotovoltaicas mais armazenamento serão fundamentais para o desenvolvimento do conceito da bioeconomia na região Amazônica.

 

Por Thamy Dinelli

Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)

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Projeto do Sebrae Roraima visa estimular o empreendedorismo inovador e investimentos em energias renováveis

Lançado em 2020, o projeto Ecossistemas de Inovação do Sebrae trata de empreendedorismo com intuito  de fortalecer o mercado de inovação e tecnologia aqui em Boa vista. Para o trabalho, foi feita uma pesquisa para avaliar as potencialidades e vocações econômicas para identificar os setores prioritários de investimentos. Entre as áreas de destaque estão investimentos em energias renováveis. Quem deu detalhes desse projeto foi Fransllyn do Nascimento, analista técnico do Sebrae Roraima.

Ouça a entrevista:

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Baterias são usadas para armazenamento de energias renováveis e podem reduzir oscilações no sistema.

Os sistemas de armazenamento de grande porte têm sido utilizados como recurso para armazenar o excedente de energia solar e eólica e também reduzir oscilações no sistema. De acordo com o portal Ecoa que conversou com especialistas, o uso de baterias integradas a esses sistemas permite que fontes renováveis sejam utilizadas em maior escala, já que tornam possível “estocar” energia em períodos nos quais a produção excede o consumo. Também aumentam a segurança dos sistemas, evitando os prejuízos causados por blecautes e oscilações que poderiam fazê-los colapsar.

O Estudo Estratégico do Mercado de Armazenamento de Energia no Brasil aponta os benefícios que esse sistema nas linhas de transmissão e distribuição pode oferecer:

  • Maior eficiência nas redes: em vez de construir novas linhas ou novas subestações para atender picos temporários de consumo ou de geração, operadores poderão usar armazenamento em pontos estratégicos da rede;
  • Permite a melhora da qualidade de suprimento de energia elétrica. Absorve flutuações de tensão, ou de frequência, contribuindo assim a uma redução de quedas de energia.

Vantagens para o consumidor:

  • Ajuda a gerir o consumo e demanda contratada;
  • Serve como backup de energia;
  • Potencializa os benefícios da geração distribuída;
  • Presta serviços remunerados à rede; desta forma, transformam o consumidor em ‘prossumidor’ proporcionando um importante aumento de sua autonomia energética.

Outra vantagem no uso das baterias é com relação a vida útil potencialmente muito longa (desde que composição química do anodo e catodo seja mantida); é composto por materiais não escassos e em muitos casos não-tóxicos. Mas também precisamos falar das desvantagens como menor densidade energética (comparada com baterias de lítio); não estão livres de O&M; número limitado de fornecedores; falta de histórico em escala industrial.

Pesquisadores ouvidos pela Ecoa argumentam que outros tipos podem ser mais seguros, convenientes e sustentáveis. É o caso, por exemplo, das chamadas baterias de fluxo, baterias de estado sólido e células de hidrogênio. Elas funcionam à base de componentes mais estáveis e, algumas vezes, mais abundantes. Podem ter maior vida útil e apresentar menos riscos ao meio ambiente. Apesar disso, ainda não estão tão avançadas ou disponíveis quanto as baterias de íon-lítio. São tecnologias que ainda requerem maiores desenvolvimentos para ser empregadas junto às fontes de energia renovável.

PRINCIPAIS APLICAÇÕES NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

Baterias tem sido usadas em pequenos sistemas isolados há muitos anos, e programas de universalização de energia elétrica como o “Mais Luz para a Amazônia”, impulsionarão esse mercado.

Aplicações Híbridas – Solar + Diesel + Baterias – ganham competitividade, reduzindo custos e as emissões de CO2. Comunidades isoladas e consumidores rurais já aplicam estas soluções como por exemplo em pivôs de irrigação.

No âmbito da chamada de P&D estratégico da ANEEL 21/2016 foi realizado um projeto de microrede com bateria na ilha de Fernando de Noronha, que poderá servir de referência para outros sistemas isolados no Norte do pais.

O Brasil desenvolveu projetos de instalação de sistemas solares remotos para atender comunidades isoladas. O PRODEEM (Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios) instalou mais de 6.200 sistemas para atender as necessidades domésticas de energia elétrica e iluminação pública. Os sistemas contavam com baterias de chumbo-ácido seladas de 12 Vdc. Apesar do elevado número de sistemas, a capacidade instalada de armazenamento não era efetivamente elevada, dado que consistiam de sistemas de pequeno porte.

Outro projeto de universalização do acesso à energia foi o Luz Para Todos (LpT), mas esse previa, na maior parte dos casos, o acesso via expansão da rede de distribuição. Assim, não houve expressiva quantidade de sistemas de geração com armazenamento instalados.

Em fevereiro de 2020 o Governo Federal lançou o programa Mais Luz para a Amazônia (MLpA), que propõe instalar sistemas de geração renovável em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. O programa terá vigência até o fim de 2022, podendo ser prorrogado enquanto houver comunidades sem acesso à energia na região. Mais informações sobre o estudo e dados você pode acessar em: https://greener.greener.com.br/estudo-de-armazenamento-energia-2021

 

Por: Ascom Fórum de Energias Renováveis

Imagem: Sonergy  Brasil

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Assentamentos rurais, terras indígenas e unidades de conservação estão entre os territórios sem acesso ao serviço público de energia elétrica na Amazônia.

São 212.791 moradores de assentamentos rurais, 78.388 indígenas, 59.106 habitantes de unidades de conservação (UCs) e 2.555 quilombolas sem acesso à energia elétrica pública na Amazônia Legal. O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) chegou a estas estimativas por meio de uma metodologia georreferenciada desenvolvida especialmente para acompanhar a evolução do número de pessoas sem acesso à energia elétrica. No total, como divulgado anteriormente, 990.103 são os excluídos elétricos na região, o que corresponde a 3,5% da população local.

Quase metade das pessoas, 409.593, sem energia elétrica vive no Pará. Respectivamente, os municípios com mais cidadãos afetados são: Breves (PA), Portel (PA), Coari (AM) e Curralinho (PA). O Pará também lidera as populações sem energia divididas em três dos quatro grupos citados: 2.234 quilombolas, 23.309 habitantes de unidades de conservação e 107.889 de assentados rurais. No entanto, o estado com maior porcentagem de excluídos elétricos é o Acre, com 10% de sua população no escuro.

O Acre fica em segundo lugar em relação aos moradores de UCs (10.898) e de assentamentos rurais (31.247) no escuro. Já o Amazonas tem a maior população indígena sem acesso público à energia elétrica: 23.897 pessoas. Os dados ressaltam a desigualdade social brasileira. Indígenas, habitantes de UCs como reservas extrativistas, assentados e quilombolas, mais uma vez, estão marginalizados no acesso a um serviço público que deveria ser primordial.

O acesso à energia elétrica é fundamental por diversos motivos: ajuda a conservar vacinas e medicamentos; possibilita o estudo a noite; permite a conservação de alimentos resfriados e o bombeamento de água; é fundamental para se ter acesso à internet e ao telefone; e, além disso, pode fornecer ferramentas para preservar a cultura local, geralmente, única no mundo.

“Em se tratando de estimativas, obviamente este material divulgado pelo IEMA pode ser aperfeiçoado de modo a produzir números ainda mais precisos. De qualquer modo, entendemos que os resultados são suficientemente robustos para definir prioridades e subsidiar a formulação de políticas públicas”, diz André Luis Ferreira, diretor-presidente do IEMA.

 

Por: Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA)