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Eficiência energética: medidas simples podem ajudar a reduzir a conta de energia elétrica.

Mais tempo em casa e mais consumo de energia. Ar condicionado, tv, computador, e outros aparelhos eletrônicos são inimigos na hora da economia, e a consequência é a conta de energia elétrica elevada no final do mês. Porém, medidas simples podem ajudar a reduzir a tarifa final com a prática da eficiência energética que visa otimizar os recursos.

Cristiano Bessa, engenheiro eletricista, informa que a partir de boas práticas no uso da energia é possível melhorar a performance dos equipamentos, dos sistemas e ainda economizar. De acordo com ele existem duas vertentes importantes a serem destacadas: a vertente comportamental e a vertente estrutural relacionada às instalações. “A vertente comportamental diz respeito a maneira com que as pessoas fazem a gestão da energia partindo de ações bem simples como não deixar as luzes acesas sem necessidade, às mais elaboradas como uma empresa na troca do horário de atividades produtivas em virtude de ter uma bandeira tarifária mais cara. Já a vertente estrutural é feita a partir de um diagnóstico das instalações e dos equipamentos, como fazer a substituição dos mesmos quando se tornam obsoletos”, destacou.

Veja abaixo algumas dicas para eficiência energética de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel:

Chuveiro elétrico

  • Tomar banhos mais curtos, de até cinco minutos
  • Selecionar a temperatura morna no verão
  • Verificar as potências no seu chuveiro e calcular o seu consumo

Ar condicionado

  • Não deixar portas e janelas abertas em ambientes com ar condicionado
  • Manter os filtros limpos
  • Diminuir ao máximo o tempo de utilização do aparelho de ar condicionado
  • Colocar cortinas nas janelas que recebem sol direto

Geladeira

  • Só deixar a porta da geladeira aberta o tempo que for necessário
  • Regular a temperatura interna de acordo com o manual de instruções
  • Nunca colocar alimentos quentes dentro da geladeira
  • Deixar espaço para ventilação na parte de trás da geladeira e não utilizá-la para secar panos
  • Não forrar as prateleiras
  • Descongelar a geladeira e verificar as borrachas de vedação regularmente

Iluminação

  • Utilizar iluminação natural ou lâmpadas econômicas e apagar a luz ao sair de um cômodo; pintar o ambiente com cores claras

Ferro de passar

  • Juntar roupas para passar de uma só vez
  • Separar as roupas por tipo e começar por aquelas que exigem menor temperatura
  • Nunca deixe o ferro ligado enquanto faz outra coisa

Aparelhos em stand-by

  • Retirar os aparelhos da tomada quando possível ou durante longas ausências

 

Por: Ascom Fórum de Energias Renováveis

 

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Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 do MME quer ampliar investimentos em energias renováveis.

Reflexos na economia motivados pela pandemia de Covid 19, a exemplo da queda na demanda de petróleo no segundo semestre de 2020, fizeram com que se acelerassem os planos para transição energética.  É o que mostra o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2030, do Ministério de Minas e Energia- MME e Empresa de Pesquisa Energética –EPE, e que busca ampliar os investimentos em energias renováveis, eficiência energética e tecnologias alternativas nos próximos anos.

O estudo do PDE apontou que em 2019 a tecnologia fotovoltaica distribuída foi a segunda fonte com maior adição de capacidade instalada na matriz elétrica brasileira, período em que foram instalados novos 1,5 gigawatt (GW) em sistemas de Micro e Minigeração Distribuída (MMGD), superando as fontes eólicas e FV centralizada, ficando atrás apenas da hidrelétrica. De acordo com o PDE, a qualidade dos recursos energéticos nacionais, as elevadas tarifas finais de eletricidade e um modelo de compensação de créditos extremamente favorável, tornaram o investimento em geração própria bastante rentável no Brasil. Sistema que foi aderido por consumidores residenciais, redes varejistas, bancos e indústrias.

O Fórum de Energias Renováveis de Roraima mediante consulta pública, sugeriu ao MME que seja estruturada uma política pública de longo prazo que propicie efetivamente a transição energética para as energias sustentáveis e renováveis, com ênfase setorialmente à região amazônica. “Entendemos que a transição energética ocorrerá em todo o mundo, porém, em velocidades distintas. Países como o Brasil, que já dispõem de uma matriz elétrica preponderantemente renovável, partem na frente dos competidores. Se considerarmos nossos imensos potenciais para a geração de energia solar fotovoltaica e eólica, a competência técnica já instalada nas instituições de ciência e tecnologia e empresas nacionais e a significa capacidade de captação de recursos públicos e privados para investimentos na expansão da geração de energia elétrica, com base nessas fontes, certamente poderemos nos animar com as perspectivas de protagonismo no cenário mundial”, diz parte do documento.

Em relação à Amazônia onde se questionam o desmatamento e as queimadas o texto diz que é preciso que se dê igual destaque para os 3,5 milhões de toneladas de CO2eq despejados na atmosfera pelas termoelétricas a diesel, espalhadas por 211 sistemas isolados de suprimento de energia elétrica, com carga total de 475 MW, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. Além de danos ambientais as termoelétricas causam danos também econômicos, onerando as contas de energia dos consumidores do país em R$ 8 bilhões ao ano.

“É imprescindível e urgente fazermos uma reflexão sobre os paradigmas das velhas concepções do século XX que persistem em nossas mentes, para que possamos conceber e desenvolver um Plano Decenal de Expansão de Energia para a década de 2030 capaz de transformar vantagens competitivas atuais em planos inteligentes, com resultados futuros consistentes e duradouros para a sociedade brasileira”. O Fórum diz que ainda há tempo para realizar uma correção estratégica de alinhamento com as tendências mundiais de governos e de mercados maduros, “apressando o futuro” a partir de uma matriz elétrica mais limpa na Amazônia e no Brasil.

Por Thamy Dinelli

Reprodução: imagem ilustrativa de GD

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Roraima inicia ano com mais de 200 unidades de Geração Distribuída- GD com energia solar

Roraima dá um salto e fecha o ano de 2020 com a instalação de 152 novas unidades de geração de energia fotovoltaica (FV), totalizando 226 instalações de Geração Distribuída (GD) em todo o estado. Beneficiando atualmente 279 Unidades Consumidoras (UC) de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica- ANEEL.  A predominância dessas novas instalações está em Boa Vista, com 146 unidades, o que pode ser explicado pelo fato de que os usuários individuais que implantam esse sistema em suas residências concentram maior poder aquisitivo capaz de custear os necessários investimentos iniciais. Embora a taxa de retorno seja rápida, percebida na redução imediata da conta de energia, não é a maioria que dispõe desse montante para investir e aguardar o retorno. As demais unidades de GD encontram-se assim distribuídas: 01 em Alto Alegre, 01 no Cantá, 02 em Caracaraí, 01 em Iracema e 01 em Pacaraima.

O Engenheiro Frederico Peiró, consultor do Fórum de Energias Renováveis, diz que mesmo com a pandemia da Covid-19 o setor não foi afetado e que o aumento de Unidades de GD em Roraima deve-se ao acesso às informações sobre os benefícios da energia solar, assim como às ofertas crescentes de financiamento. “Começou com uma unidade em 2016; as pessoas foram conhecendo, experimentando e percebendo que tem um retorno interessante. Esse conhecimento veio através das informações repassadas pela mídia em geral e pelo próprio Fórum, entidade constituída exatamente para propor e disseminar soluções inovadoras e de interesse coletivo acerca do desenvolvimento energético sustentável”, destacou.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica- ABSOLAR, em todo o Brasil há uma expansão no setor de Geração Distribuída, responsável pela geração de mais de 224 mil empregos e mais de R$11,3 bilhões em arrecadação de tributos.

Na opinião de Peiró, o potencial de GD-FV de Roraima é muito grande em razão das excelentes condições de insolação e de disponibilidade de áreas para sua instalação em residências e áreas próximas da rede de distribuição de energia. “Acredito que um grande número de residências, empresas e instituições se tornarão produtores de energia na medida em que os benefícios e as vantagens da GD se tornam mais conhecidos e que o mercado disponibilize um maior número de técnicos em instalações e serviços de apoio. Em um cenário de médio prazo o custo dos equipamentos e instalações é decrescente, o preço da energia distribuída pelas concessionárias é crescente, as ofertas de crédito são competitivas e as formalidades para ingressar neste universo de produtor são muito reduzidas. O meio ambiente é beneficiado com a redução das emissões de gases do efeito estufa – GEE”.

No estudo “Suprimento de Energia Elétrica em Roraima – Considerações e Estratégias”, de Frederico Peiró, vamos observar que essas 226 unidades geram em média 340 MWh/mês, reduzindo o consumo de diesel em 93.700 L/mês e as emissões de CO2 em 246 t/mês. Com essas novas usinas, tão somente em 2020 ocorreu um acréscimo de 1.622,3 kWp na potência instalada, consolidando um total de 2.832 kWp. É indiscutível, portanto, que potencializar a utilização dessas fontes para a geração de energia elétrica, significa acelerar a transição energética de Roraima.

Já no estudo Potencial de Geração Distribuída Fotovoltaica – Boa Vista, RR – Projeto BCO2R, de dezembro de 2018, encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade e realizado pelos consultores em energia Frederico Peiró e Ricardo Lima, aponta que a geração fotovoltaica em Boa Vista se tornou competitiva em relação a outras tecnologias pois, de um modo geral, existe um potencial significativo para a redução do consumo nas diferentes classes de consumidores – Residencial; Comércio e Serviços; Serviços Públicos e Poder Público e Indústria – embora ainda seja necessário estruturar políticas públicas de fomento e soluções de mercado, como isenções fiscais, programas de eficiência energética integrados à GD e linhas de crédito mais vantajosas, portanto, mais atrativas à GD FV.

Ainda de acordo com o estudo, o mercado residencial é responsável por mais da metade de toda a energia elétrica consumida em Boa Vista – daí justificar também o fato do crescente número de GD FV em 2020 em propriedades particulares – perdendo somente para a classe dos Serviços Públicos e Poder Público que, naturalmente, merece uma abordagem especial acerca das estratégias de expansão da GD, como políticas públicas e investimentos para o setor.

Por Thamy Dinelli

Reprodução: imagem ilustrativa de GD

 

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Fórum aponta melhorias ao edital do Leilão – Suprimento aos Sistemas Isolados

O Fórum de Energias Renováveis, em parceria com organizações locais e nacionais, participou da Consulta Pública – CP 070/2020, apontando melhorias ao Edital do Leilão 03/2021- ANEEL- Suprimento aos Sistemas Isolados.

O Engenheiro Eletricista Donato da Silva Filho, consultor do Fórum, diz que a ideia da contribuição é justamente, a partir de sugestões de alterações específicas na redação do documento em análise, mostrar que esse Leilão é visto pelo Fórum e instituições afins como uma grande oportunidade de aceleração no processo de transição da matriz energética na Amazônia, dando espaço às energias renováveis e eliminando gradativamente o uso de combustíveis altamente poluentes, além de reduzir a CCC, que é a Conta de Consumo de Combustíveis

“Se as regras forem mudadas, acatadas as contribuições propostas pelo Fórum, o Leilão propiciará a implantação de projetos demonstrativos da viabilidade tecnológica, econômica e ambiental de soluções híbridas, baseadas nas energias renováveis, integradas ao armazenamento eletroquímico em 23 localidades de cinco estados da região Norte do Brasil: Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, requerendo dos empreendimentos uma potência total de quase 97 MW”, explica o consultor.

Ele acrescenta que a intenção com esses projetos é mostrar, na prática, que é economicamente viável utilizar fontes renováveis, apesar das soluções fotovoltaica e eólica, por exemplo, demandarem por armazenamento, o que onera o sistema.

“No entanto, as baterias estão ficando cada vez mais baratas e duráveis, e certamente o preço cairá ainda mais com a chegada de novos empreendedores, atraídos pelas condições facilitadas às energias renováveis e sustentáveis que este e novos leilões poderão, estrategicamente, oferecer”, adicionou.

Além da solicitação relativa ao adiamento de prazo o Fórum também propõe no documento – acerca do período de suprimento, estabelecido no Edital em 180 meses (15 anos) para quaisquer das fontes, em localidades sem previsão de interligação – que sejam estabelecidos prazos maiores para os projetos com energias renováveis, em relação aos que utilizam gás natural,  considerado o fato dos altos investimentos na implantação de usinas renováveis, principalmente no que se refere aos equipamentos.

A sugestão foi q]ue esse prazo se estendesse para 25 anos, tempo necessário, portanto, para as usinas renováveis poderem ter o devido retorno do investimento realizado e garantirem um prazo condizente com a vida útil dos principais equipamentos: painéis solares e baterias.

Outra preocupação, ainda com relação aos equipamentos, consiste em o Edital não fazer referência quanto ao estado de conservação. Enquanto as usinas renováveis implementarão equipamentos novos, as que utilizam diesel ou gás natural poderão estar se utilizando de equipamentos antigos, depreciados e poluentes, sem a mínima produtividade.

Em relação à sistemática do Leilão, Donato informa que o Edital prevê a competição entre todas as fontes a partir de um Preço de Referência que soma as parcelas de Receita Fixa e de Custos Variáveis. Ademais, o certame será realizado em duas fases: na primeira fase apresentam-se lances únicos, como se fossem envelopes fechados, e na segunda fase as soluções mais competitivas (menor preço + 5%) são incitadas continuamente a reduzirem seus preços até que a oferta de menor Preço sagre-se vencedora.

Disse que para dar competitividade às soluções renováveis e assim antecipar o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis por meio da CCC e da CDE, é proposto na Contribuição que “para cada lote, primeiro seja realizada a competição entre as soluções de suprimento completamente renováveis, respeitado um limite máximo de preço estabelecido pelo Edital. Somente se as soluções renováveis não conseguirem suprir a necessidade de potência e energia do Lote é que haveria o leilão para as usinas não renováveis”.

Na Contribuição do Fórum e parceiros à CP 070/2020, destacamos as seguintes sugestões acerca da revisão de cálculos, incorporação de modelos e outros reajustes:

  • Que a equação das penalidades seja revista, tendo um fator por tipo de contrato, porque o cálculo toma como referência a Receita Fixa, que é maior na geração de fontes renováveis e desconsidera os Custos Variáveis, muito maiores na geração usando os caríssimos combustíveis fósseis;
  • Que o “Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados, de 2021” seja formatado para promover soluções de suprimento baseadas em usinas renováveis, de modo a eliminar os custos de combustível e iniciar um movimento muito mais amplo de eliminação da CCC dos Sistemas Isolados em um horizonte de 3 a 5 anos;
  • Que o Leilão incorpore modelo de sub-rogação modificada, com direcionamento para as Fontes Renováveis Variáveis (FRVs) associadas ao armazenamento em baterias, combinado com um mecanismo de precificação de carbono;
  • Que o Leilão incorpore novos arranjos regulatórios e/ou adequação daqueles utilizados para a inserção das novas e renováveis soluções de suprimento, mantendo a modicidade tarifária para o consumidor;
  • Que as licenças ambientais, de instalação, de operação e quaisquer outras necessárias à entrada em operação de empreendimentos supridos, totalmente ou em parte, por energia solar, eólica ou gás natural, sejam pré-aprovadas mediante a comprovação de capacidade de cumprimento de eventuais condicionantes por parte dos responsáveis pelos empreendimentos.

O documento foi produzido pelo Fórum de Energias Renováveis, Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (ABAQUE), Instituto Socioambiental (ISA), Universidade Federal de Roraima (UFRR), Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE), Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), Rede Energia e Comunidades da Amazônia, Instituto Ideal, Grupo de Trabalho de Infraestrutura e Justiça Socioambiental (GT Infra), Laboratório Fotovoltaico da Universidade Federal de Santa Catarina e a Área de Concentração em Energia e Sustentabilidade do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência da Universidade Federal da Bahia, num esforço conjunto e demonstração de comprometimento coletivo com o sucesso do Leilão.

“Esta foi uma contribuição multidisciplinar porque envolveu universidades, associações do setor elétrico, empreendedores, fabricantes, engenheiros, consumidores, entre outros. É de muita relevância para mostrar as partes interessadas, e que foca em vários aspectos”, disse Donato.

Você pode conferir essa Contribuição na íntegra acessando aqui. 

A Contribuição foi encaminhada no dia 11 de janeiro passado, ao Ministério das Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e está em análise pela ANEEL que deve se posicionar publicando o edital oficial.

Foto: Azelio

Por Bruna Cássia

 

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Especialista explica processo de elaboração das proposições à Consulta Pública para aprimorar o edital do leilão para suprimento aos Sistemas Isolados

A Contribuição do Fórum à Consulta Pública 070/2020 com objetivo de aprimorar o edital do leilão 03/2021 da Aneel para suprimento aos Sistemas Isolados foi construída com apoio de representantes de várias instituições.  Um deles foi Donato da Silva Filho, diretor da empresa Volt Robotics.

Ouça a entrevista:

 

 

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Fórum de Energias Renováveis quer mais prazo para o Leilão dos Sistemas Isolados

O Fórum de Energias Renováveis reivindicou junto ao Ministério das Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e Tribunal de Contas da União (TCU), que seja estendido o prazo para o envio de propostas ao Leilão dos Sistemas Isolados em 2021, consequentemente, a data limite para informar os parâmetros e os preços necessários ao cálculo do combustível e, finalmente, a própria data de realização do Leilão.

Inicialmente, a Portaria MME nº 341/2020, de 11 de setembro de 2020, previa que o prazo de cadastramento das soluções de suprimento seria 4 de dezembro de 2020. Posteriormente, a Portaria MME nº 425/2020 determinou prazo de cadastramento até 15 de janeiro de 2021.

Apesar dessa prorrogação, como o prazo de recebimento de contribuições à Consulta Pública sobre a minuta do Edital encerrou em 11 de janeiro de 2021 e, presumindo intervalo de cerca de 30 dias para a publicação do Edital definitivo, isso ocorrerá muito depois do prazo de cadastramento ter expirado, o que é absolutamente incoerente.

É razoável considerar que somente após conhecer o Edital final os empreendedores possam decidir firmemente pela participação no certame e então estruturarem suas propostas de suprimento finais.

“Toda a estruturação de um projeto envolve custos de engenharia, logística, avaliação de riscos, análises financeiras, análises ambientais, etc, que se justificam no nível de comprometimento exigido para a participação num leilão se o Edital Oficial for conhecido”, afirma o consultor Donato da Silva Filho, Consultor do Fórum.

O consultor justifica, informando que não havendo prazo, soluções inovadoras não serão propostas, pois somente soluções convencionais como o diesel, por exemplo, podem se mobilizar com agilidade e realizar os cadastros, uma vez que o investimento no desenvolvimento da solução é baixo, bem como o custo de arrependimento, caso o Edital Oficial se mostre não atrativo à participação no certame.

O LEILÃO

O  Leilão  tem como principal objetivo a priorização das energias renováveis para 23 localidades da região Norte, incluindo os municípios de Amajari, Pacaraima e Uiramutã no estado de Roraima.

Como o leilão vai abranger o estado, o Fórum de Energias Renováveis em Roraima alinhou diálogos e propostas com as instituições responsáveis, a fim de buscar soluções concretas e assertivas para o sistema isolados de suprimento de energia dessas localidades.

Entre as ações, está o encaminhamento de Contribuição à Consulta Pública 070/2020, visando ao aprimoramento do Edital do Leilão 03/2021- ANEEL- Suprimento aos Sistemas Isolados.

O documento foi produzido pelo Fórum de Energias Renováveis, Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (ABAQUE), Instituto Socioambiental (ISA), Universidade Federal de Roraima (UFRR), Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE), Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), Rede Energia e Comunidades da Amazônia, Instituto Ideal, Grupo de Trabalho de Infraestrutura e Justiça Socioambiental (GT Infra), Laboratório Fotovoltaico da Universidade Federal de Santa Catarina e a Área de Concentração em Energia e Sustentabilidade do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência da Universidade Federal da Bahia.

A contribuição do Fórum, assim como de outras organizações, podem ser lidas no link: bityli.com/oEpBO.

A expectativa é que o MME, a EPE e a ANEEL compreendam a relevância estratégica do Leilão dos Sistemas Isolados, no contexto de uma política de longo prazo de transição energética dos combustíveis fósseis para as energias renováveis e sustentáveis.

O coordenador do Fórum de Energias Renováveis em Roraima, Alexandre Henklain, pontuou que, à semelhança da iniciativa do Governo Federal, mediante a criação do Programa Mais Luz para a Amazônia, que beneficiará comunidades remotas da Região, haja um entendimento de que essas 23 localidades de pequeno porte, agrupadas em 5 lotes em 5 estados da Amazônia, têm as características ideais para constituírem verdadeiros laboratórios de inovação tecnológica e de implantação de soluções de suprimento de energia elétrica econômica e ecologicamente viáveis, em substituição à cara e poluente geração a diesel.

“É inadmissível que, em plena Amazônia, sejam despejados anualmente na atmosfera cerca de 3,5 milhões de toneladas de gases do efeito estufa pelas térmicas a diesel, e que a energia gerada seja extremamente onerosa para todos os consumidores brasileiros, da ordem de RS 8 bilhões ao ano. Enfim, a Amazônia tem que ser referência em sustentabilidade ambiental e também no modelo de desenvolvimento, em sintonia com as novas tecnologias consolidadas no século XXI”, acrescentou o coordenador.

Por Bruna Cássia

Foto: Google Earth/reprodução

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Sistema de energia de Roraima custa mais de R$ 1,1 bi por ano a consumidores do país

O estado de Roraima passou a ser abastecido por usinas termelétricas a diesel desde março de 2019, após a suspensão do fornecimento de energia pelo Linhão de Transmissão de Guri, da Venezuela. As usinas térmicas são responsáveis por quase 100% do fornecimento de energia elétrica em Roraima. A Usina Hidrelétrica de Jatapu, situada no município de Caroebe, contribui em apenas 0,35%.

Segundo estima o engenheiro Frederico Peiró, consultor do Fórum de Energias Renováveis, o custo de geração de energia pelas termelétricas de Roraima ultrapassa R$ 1 bilhão ao ano devido ao uso do diesel.

“Considerando um ano de operação, por exemplo de 01 de novembro de 2019 a 30 de outubro de 2020, período em que a geração de energia elétrica do Estado (Boa Vista e municípios interligados) foi da ordem de 1,25 GWh, foram consumidos cerca de 345 milhões de litros de óleo diesel, que custaram um pouco mais de 1,1 bilhão de reais”, explicou.

A despesa fica ainda maior porque a produção da energia elétrica envolve também os custos de aluguel dos geradores, de manutenção e operação.

Porém, todo consumidor do Brasil acaba arcando com essa conta bilionária. Isso porque Roraima não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN). De fato, Roraima é o único estado completamente isolados do SIN.

A Conta de Consumo de Combustíveis, a CCC, é “um encargo do setor elétrico brasileiro pago por todas as concessionárias de distribuição e de transmissão de energia elétrica, de forma a subsidiar os custos anuais de geração em áreas ainda não integradas ao SIN”, informa a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pela gestão financeira e operacional da CCC.

Além do imenso valor pago pelo restante do país, é importante mencionar que a queima do combustível para manter essas fontes de energia gera poluição para a atmosfera.

“Terá sido da ordem de um pouco mais 900 mil toneladas durante este período, computando apenas o CO2. É muito significativo comparado com os cerca de 56 milhões de toneladas de gás carbônico emitidos pela totalidade do sistema nacional de geração de energia elétrica, principalmente por ser na Amazônia”, pontuou.

Uma alternativa de energia renovável em Roraima, segundo o engenheiro elétrico Frederico Peiró, é a solar. Com essa fonte de energia no estado, o custo com o combustível utilizado nas termelétricas vai diminuir, assim como a geração de poluição.

“A duração da radiação solar é igual em todas as épocas do ano em Roraima. O nível de insolação também é alto devido à região estar acima do equador, local do globo que recebe mais raios solares, o que facilita a produção de energia solar”, acrescenta Peiró.

A adesão a esse tipo de fonte de energia vem crescendo exponencialmente e cada vez mais consumidores, sobretudo residenciais e comerciais, estão utilizando a energia solar. Segundo informações disponíveis no site da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), existiam em novembro do ano passado 228 micro e mini de Geração Distribuída (GD) de Energia Solar em oito municípios do estado.

Entretanto, com uma grande produção, Roraima poderá até fornecer para outros estados como o Amazonas, que tem desvantagem na produção de energia solar.

“Este é um estado em que há menor insolação devido às muitas chuvas e nebulosidade”, explica o engenheiro.

Outra opção de energia renovável e limpa é a eólica. Além das regiões do Norte do estado, nas terras indígenas e áreas vizinhas, vários outros locais prometem potenciais interessantes também, como as imediações de Bonfim e a região da Serra do Tucano.

“A conexão de Roraima ao SIN permitirá escoar para o resto da Amazônia muita energia de origem renovável a um custo certamente muito reduzido. Enquanto as ofertas de energia eólica e solar crescem gradualmente, as usinas termelétricas à gás e biomassa, instaladas em Roraima e no Amazonas, irão garantir a estabilidade de todo o sistema na região”, justificou.

Leilão de sistemas isolados

Está previsto um leilão para suprimento aos Sistemas Isolados. O leilão tem a proposta de priorização das energias renováveis para 23 localidades da região Norte. Entre elas, três localidades de Roraima, sendo os municípios de Amajari, Pacaraima e Uiramutã.

Conforme exemplifica o coordenador do Fórum de Energias Renováveis em Roraima, Alexandre Henklain, o leilão “deve ser a oportunidade para implantar projetos demonstrativos da viabilidade tecnológica, econômica e ambiental de soluções híbridas, baseadas nas energias renováveis”.

“É imprescindível e urgente que se estruture política pública de longo prazo de fomento às energias renováveis para que, dentre outras inovações de gestão, o subsídio que hoje alimenta a conta CCC, de consumo de combustíveis, comece a migrar para as soluções renováveis e sustentáveis, menos onerosas e, com tendência de redução substancial de custos ao longo dos próximos anos, à medida em que as tecnologias evoluem e as escalas de produção industrial crescem”, analisou.

As empresas interessadas em apresentar propostas terão, em princípio, até às 12h de 15 de janeiro de 2021 para protocolar os pedidos de cadastramento e a entrega de documentos junto à Empresa de Pesquisa Energética (EPE), porém foi protocolado na ANEEL pedido de prorrogação dos diversos prazos e de alteração de importantes tópicos da minuta Edital do Leilão, que criam barreiras às energias renováveis.

As contribuições foram desenvolvidas pelo Fórum de Energias Renováveis, com o apoio da ABAQUE – Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia, ISA – Instituto Socioambiental, UFRR – Universidade Federal de Roraima, ABEE – Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas, ABESCO – Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia, Rede Energia e Comunidades da Amazônia, Instituto Ideal, GT Infra – Grupo de Trabalho de Infraestrutura e Justiça Socioambiental, Laboratório Fotovoltaico da Universidade Federal de Santa Catarina e a Área de Concentração em Energia e Sustentabilidade do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência da Universidade Federal da Bahia.

Por Bruna Cássia

Fotos: Jackson Félix/arquivo pessoal