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Projeto do Sebrae Roraima visa estimular o empreendedorismo inovador e investimentos em energias renováveis

Lançado em 2020, o projeto Ecossistemas de Inovação do Sebrae trata de empreendedorismo com intuito  de fortalecer o mercado de inovação e tecnologia aqui em Boa vista. Para o trabalho, foi feita uma pesquisa para avaliar as potencialidades e vocações econômicas para identificar os setores prioritários de investimentos. Entre as áreas de destaque estão investimentos em energias renováveis. Quem deu detalhes desse projeto foi Fransllyn do Nascimento, analista técnico do Sebrae Roraima.

Ouça a entrevista:

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Baterias são usadas para armazenamento de energias renováveis e podem reduzir oscilações no sistema.

Os sistemas de armazenamento de grande porte têm sido utilizados como recurso para armazenar o excedente de energia solar e eólica e também reduzir oscilações no sistema. De acordo com o portal Ecoa que conversou com especialistas, o uso de baterias integradas a esses sistemas permite que fontes renováveis sejam utilizadas em maior escala, já que tornam possível “estocar” energia em períodos nos quais a produção excede o consumo. Também aumentam a segurança dos sistemas, evitando os prejuízos causados por blecautes e oscilações que poderiam fazê-los colapsar.

O Estudo Estratégico do Mercado de Armazenamento de Energia no Brasil aponta os benefícios que esse sistema nas linhas de transmissão e distribuição pode oferecer:

  • Maior eficiência nas redes: em vez de construir novas linhas ou novas subestações para atender picos temporários de consumo ou de geração, operadores poderão usar armazenamento em pontos estratégicos da rede;
  • Permite a melhora da qualidade de suprimento de energia elétrica. Absorve flutuações de tensão, ou de frequência, contribuindo assim a uma redução de quedas de energia.

Vantagens para o consumidor:

  • Ajuda a gerir o consumo e demanda contratada;
  • Serve como backup de energia;
  • Potencializa os benefícios da geração distribuída;
  • Presta serviços remunerados à rede; desta forma, transformam o consumidor em ‘prossumidor’ proporcionando um importante aumento de sua autonomia energética.

Outra vantagem no uso das baterias é com relação a vida útil potencialmente muito longa (desde que composição química do anodo e catodo seja mantida); é composto por materiais não escassos e em muitos casos não-tóxicos. Mas também precisamos falar das desvantagens como menor densidade energética (comparada com baterias de lítio); não estão livres de O&M; número limitado de fornecedores; falta de histórico em escala industrial.

Pesquisadores ouvidos pela Ecoa argumentam que outros tipos podem ser mais seguros, convenientes e sustentáveis. É o caso, por exemplo, das chamadas baterias de fluxo, baterias de estado sólido e células de hidrogênio. Elas funcionam à base de componentes mais estáveis e, algumas vezes, mais abundantes. Podem ter maior vida útil e apresentar menos riscos ao meio ambiente. Apesar disso, ainda não estão tão avançadas ou disponíveis quanto as baterias de íon-lítio. São tecnologias que ainda requerem maiores desenvolvimentos para ser empregadas junto às fontes de energia renovável.

PRINCIPAIS APLICAÇÕES NO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

Baterias tem sido usadas em pequenos sistemas isolados há muitos anos, e programas de universalização de energia elétrica como o “Mais Luz para a Amazônia”, impulsionarão esse mercado.

Aplicações Híbridas – Solar + Diesel + Baterias – ganham competitividade, reduzindo custos e as emissões de CO2. Comunidades isoladas e consumidores rurais já aplicam estas soluções como por exemplo em pivôs de irrigação.

No âmbito da chamada de P&D estratégico da ANEEL 21/2016 foi realizado um projeto de microrede com bateria na ilha de Fernando de Noronha, que poderá servir de referência para outros sistemas isolados no Norte do pais.

O Brasil desenvolveu projetos de instalação de sistemas solares remotos para atender comunidades isoladas. O PRODEEM (Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios) instalou mais de 6.200 sistemas para atender as necessidades domésticas de energia elétrica e iluminação pública. Os sistemas contavam com baterias de chumbo-ácido seladas de 12 Vdc. Apesar do elevado número de sistemas, a capacidade instalada de armazenamento não era efetivamente elevada, dado que consistiam de sistemas de pequeno porte.

Outro projeto de universalização do acesso à energia foi o Luz Para Todos (LpT), mas esse previa, na maior parte dos casos, o acesso via expansão da rede de distribuição. Assim, não houve expressiva quantidade de sistemas de geração com armazenamento instalados.

Em fevereiro de 2020 o Governo Federal lançou o programa Mais Luz para a Amazônia (MLpA), que propõe instalar sistemas de geração renovável em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. O programa terá vigência até o fim de 2022, podendo ser prorrogado enquanto houver comunidades sem acesso à energia na região. Mais informações sobre o estudo e dados você pode acessar em: https://greener.greener.com.br/estudo-de-armazenamento-energia-2021

 

Por: Ascom Fórum de Energias Renováveis

Imagem: Sonergy  Brasil

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Assentamentos rurais, terras indígenas e unidades de conservação estão entre os territórios sem acesso ao serviço público de energia elétrica na Amazônia.

São 212.791 moradores de assentamentos rurais, 78.388 indígenas, 59.106 habitantes de unidades de conservação (UCs) e 2.555 quilombolas sem acesso à energia elétrica pública na Amazônia Legal. O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) chegou a estas estimativas por meio de uma metodologia georreferenciada desenvolvida especialmente para acompanhar a evolução do número de pessoas sem acesso à energia elétrica. No total, como divulgado anteriormente, 990.103 são os excluídos elétricos na região, o que corresponde a 3,5% da população local.

Quase metade das pessoas, 409.593, sem energia elétrica vive no Pará. Respectivamente, os municípios com mais cidadãos afetados são: Breves (PA), Portel (PA), Coari (AM) e Curralinho (PA). O Pará também lidera as populações sem energia divididas em três dos quatro grupos citados: 2.234 quilombolas, 23.309 habitantes de unidades de conservação e 107.889 de assentados rurais. No entanto, o estado com maior porcentagem de excluídos elétricos é o Acre, com 10% de sua população no escuro.

O Acre fica em segundo lugar em relação aos moradores de UCs (10.898) e de assentamentos rurais (31.247) no escuro. Já o Amazonas tem a maior população indígena sem acesso público à energia elétrica: 23.897 pessoas. Os dados ressaltam a desigualdade social brasileira. Indígenas, habitantes de UCs como reservas extrativistas, assentados e quilombolas, mais uma vez, estão marginalizados no acesso a um serviço público que deveria ser primordial.

O acesso à energia elétrica é fundamental por diversos motivos: ajuda a conservar vacinas e medicamentos; possibilita o estudo a noite; permite a conservação de alimentos resfriados e o bombeamento de água; é fundamental para se ter acesso à internet e ao telefone; e, além disso, pode fornecer ferramentas para preservar a cultura local, geralmente, única no mundo.

“Em se tratando de estimativas, obviamente este material divulgado pelo IEMA pode ser aperfeiçoado de modo a produzir números ainda mais precisos. De qualquer modo, entendemos que os resultados são suficientemente robustos para definir prioridades e subsidiar a formulação de políticas públicas”, diz André Luis Ferreira, diretor-presidente do IEMA.

 

Por: Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA)

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Eficiência energética: medidas simples podem ajudar a reduzir a conta de energia elétrica.

Mais tempo em casa e mais consumo de energia. Ar condicionado, tv, computador, e outros aparelhos eletrônicos são inimigos na hora da economia, e a consequência é a conta de energia elétrica elevada no final do mês. Porém, medidas simples podem ajudar a reduzir a tarifa final com a prática da eficiência energética que visa otimizar os recursos.

Cristiano Bessa, engenheiro eletricista, informa que a partir de boas práticas no uso da energia é possível melhorar a performance dos equipamentos, dos sistemas e ainda economizar. De acordo com ele existem duas vertentes importantes a serem destacadas: a vertente comportamental e a vertente estrutural relacionada às instalações. “A vertente comportamental diz respeito a maneira com que as pessoas fazem a gestão da energia partindo de ações bem simples como não deixar as luzes acesas sem necessidade, às mais elaboradas como uma empresa na troca do horário de atividades produtivas em virtude de ter uma bandeira tarifária mais cara. Já a vertente estrutural é feita a partir de um diagnóstico das instalações e dos equipamentos, como fazer a substituição dos mesmos quando se tornam obsoletos”, destacou.

Veja abaixo algumas dicas para eficiência energética de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel:

Chuveiro elétrico

  • Tomar banhos mais curtos, de até cinco minutos
  • Selecionar a temperatura morna no verão
  • Verificar as potências no seu chuveiro e calcular o seu consumo

Ar condicionado

  • Não deixar portas e janelas abertas em ambientes com ar condicionado
  • Manter os filtros limpos
  • Diminuir ao máximo o tempo de utilização do aparelho de ar condicionado
  • Colocar cortinas nas janelas que recebem sol direto

Geladeira

  • Só deixar a porta da geladeira aberta o tempo que for necessário
  • Regular a temperatura interna de acordo com o manual de instruções
  • Nunca colocar alimentos quentes dentro da geladeira
  • Deixar espaço para ventilação na parte de trás da geladeira e não utilizá-la para secar panos
  • Não forrar as prateleiras
  • Descongelar a geladeira e verificar as borrachas de vedação regularmente

Iluminação

  • Utilizar iluminação natural ou lâmpadas econômicas e apagar a luz ao sair de um cômodo; pintar o ambiente com cores claras

Ferro de passar

  • Juntar roupas para passar de uma só vez
  • Separar as roupas por tipo e começar por aquelas que exigem menor temperatura
  • Nunca deixe o ferro ligado enquanto faz outra coisa

Aparelhos em stand-by

  • Retirar os aparelhos da tomada quando possível ou durante longas ausências

 

Por: Ascom Fórum de Energias Renováveis

 

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Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 do MME quer ampliar investimentos em energias renováveis.

Reflexos na economia motivados pela pandemia de Covid 19, a exemplo da queda na demanda de petróleo no segundo semestre de 2020, fizeram com que se acelerassem os planos para transição energética.  É o que mostra o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2030, do Ministério de Minas e Energia- MME e Empresa de Pesquisa Energética –EPE, e que busca ampliar os investimentos em energias renováveis, eficiência energética e tecnologias alternativas nos próximos anos.

O estudo do PDE apontou que em 2019 a tecnologia fotovoltaica distribuída foi a segunda fonte com maior adição de capacidade instalada na matriz elétrica brasileira, período em que foram instalados novos 1,5 gigawatt (GW) em sistemas de Micro e Minigeração Distribuída (MMGD), superando as fontes eólicas e FV centralizada, ficando atrás apenas da hidrelétrica. De acordo com o PDE, a qualidade dos recursos energéticos nacionais, as elevadas tarifas finais de eletricidade e um modelo de compensação de créditos extremamente favorável, tornaram o investimento em geração própria bastante rentável no Brasil. Sistema que foi aderido por consumidores residenciais, redes varejistas, bancos e indústrias.

O Fórum de Energias Renováveis de Roraima mediante consulta pública, sugeriu ao MME que seja estruturada uma política pública de longo prazo que propicie efetivamente a transição energética para as energias sustentáveis e renováveis, com ênfase setorialmente à região amazônica. “Entendemos que a transição energética ocorrerá em todo o mundo, porém, em velocidades distintas. Países como o Brasil, que já dispõem de uma matriz elétrica preponderantemente renovável, partem na frente dos competidores. Se considerarmos nossos imensos potenciais para a geração de energia solar fotovoltaica e eólica, a competência técnica já instalada nas instituições de ciência e tecnologia e empresas nacionais e a significa capacidade de captação de recursos públicos e privados para investimentos na expansão da geração de energia elétrica, com base nessas fontes, certamente poderemos nos animar com as perspectivas de protagonismo no cenário mundial”, diz parte do documento.

Em relação à Amazônia onde se questionam o desmatamento e as queimadas o texto diz que é preciso que se dê igual destaque para os 3,5 milhões de toneladas de CO2eq despejados na atmosfera pelas termoelétricas a diesel, espalhadas por 211 sistemas isolados de suprimento de energia elétrica, com carga total de 475 MW, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Roraima. Além de danos ambientais as termoelétricas causam danos também econômicos, onerando as contas de energia dos consumidores do país em R$ 8 bilhões ao ano.

“É imprescindível e urgente fazermos uma reflexão sobre os paradigmas das velhas concepções do século XX que persistem em nossas mentes, para que possamos conceber e desenvolver um Plano Decenal de Expansão de Energia para a década de 2030 capaz de transformar vantagens competitivas atuais em planos inteligentes, com resultados futuros consistentes e duradouros para a sociedade brasileira”. O Fórum diz que ainda há tempo para realizar uma correção estratégica de alinhamento com as tendências mundiais de governos e de mercados maduros, “apressando o futuro” a partir de uma matriz elétrica mais limpa na Amazônia e no Brasil.

Por Thamy Dinelli

Reprodução: imagem ilustrativa de GD

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Roraima inicia ano com mais de 200 unidades de Geração Distribuída- GD com energia solar

Roraima dá um salto e fecha o ano de 2020 com a instalação de 152 novas unidades de geração de energia fotovoltaica (FV), totalizando 226 instalações de Geração Distribuída (GD) em todo o estado. Beneficiando atualmente 279 Unidades Consumidoras (UC) de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica- ANEEL.  A predominância dessas novas instalações está em Boa Vista, com 146 unidades, o que pode ser explicado pelo fato de que os usuários individuais que implantam esse sistema em suas residências concentram maior poder aquisitivo capaz de custear os necessários investimentos iniciais. Embora a taxa de retorno seja rápida, percebida na redução imediata da conta de energia, não é a maioria que dispõe desse montante para investir e aguardar o retorno. As demais unidades de GD encontram-se assim distribuídas: 01 em Alto Alegre, 01 no Cantá, 02 em Caracaraí, 01 em Iracema e 01 em Pacaraima.

O Engenheiro Frederico Peiró, consultor do Fórum de Energias Renováveis, diz que mesmo com a pandemia da Covid-19 o setor não foi afetado e que o aumento de Unidades de GD em Roraima deve-se ao acesso às informações sobre os benefícios da energia solar, assim como às ofertas crescentes de financiamento. “Começou com uma unidade em 2016; as pessoas foram conhecendo, experimentando e percebendo que tem um retorno interessante. Esse conhecimento veio através das informações repassadas pela mídia em geral e pelo próprio Fórum, entidade constituída exatamente para propor e disseminar soluções inovadoras e de interesse coletivo acerca do desenvolvimento energético sustentável”, destacou.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica- ABSOLAR, em todo o Brasil há uma expansão no setor de Geração Distribuída, responsável pela geração de mais de 224 mil empregos e mais de R$11,3 bilhões em arrecadação de tributos.

Na opinião de Peiró, o potencial de GD-FV de Roraima é muito grande em razão das excelentes condições de insolação e de disponibilidade de áreas para sua instalação em residências e áreas próximas da rede de distribuição de energia. “Acredito que um grande número de residências, empresas e instituições se tornarão produtores de energia na medida em que os benefícios e as vantagens da GD se tornam mais conhecidos e que o mercado disponibilize um maior número de técnicos em instalações e serviços de apoio. Em um cenário de médio prazo o custo dos equipamentos e instalações é decrescente, o preço da energia distribuída pelas concessionárias é crescente, as ofertas de crédito são competitivas e as formalidades para ingressar neste universo de produtor são muito reduzidas. O meio ambiente é beneficiado com a redução das emissões de gases do efeito estufa – GEE”.

No estudo “Suprimento de Energia Elétrica em Roraima – Considerações e Estratégias”, de Frederico Peiró, vamos observar que essas 226 unidades geram em média 340 MWh/mês, reduzindo o consumo de diesel em 93.700 L/mês e as emissões de CO2 em 246 t/mês. Com essas novas usinas, tão somente em 2020 ocorreu um acréscimo de 1.622,3 kWp na potência instalada, consolidando um total de 2.832 kWp. É indiscutível, portanto, que potencializar a utilização dessas fontes para a geração de energia elétrica, significa acelerar a transição energética de Roraima.

Já no estudo Potencial de Geração Distribuída Fotovoltaica – Boa Vista, RR – Projeto BCO2R, de dezembro de 2018, encomendado pelo Instituto Clima e Sociedade e realizado pelos consultores em energia Frederico Peiró e Ricardo Lima, aponta que a geração fotovoltaica em Boa Vista se tornou competitiva em relação a outras tecnologias pois, de um modo geral, existe um potencial significativo para a redução do consumo nas diferentes classes de consumidores – Residencial; Comércio e Serviços; Serviços Públicos e Poder Público e Indústria – embora ainda seja necessário estruturar políticas públicas de fomento e soluções de mercado, como isenções fiscais, programas de eficiência energética integrados à GD e linhas de crédito mais vantajosas, portanto, mais atrativas à GD FV.

Ainda de acordo com o estudo, o mercado residencial é responsável por mais da metade de toda a energia elétrica consumida em Boa Vista – daí justificar também o fato do crescente número de GD FV em 2020 em propriedades particulares – perdendo somente para a classe dos Serviços Públicos e Poder Público que, naturalmente, merece uma abordagem especial acerca das estratégias de expansão da GD, como políticas públicas e investimentos para o setor.

Por Thamy Dinelli

Reprodução: imagem ilustrativa de GD

 

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Fórum aponta melhorias ao edital do Leilão – Suprimento aos Sistemas Isolados

O Fórum de Energias Renováveis, em parceria com organizações locais e nacionais, participou da Consulta Pública – CP 070/2020, apontando melhorias ao Edital do Leilão 03/2021- ANEEL- Suprimento aos Sistemas Isolados.

O Engenheiro Eletricista Donato da Silva Filho, consultor do Fórum, diz que a ideia da contribuição é justamente, a partir de sugestões de alterações específicas na redação do documento em análise, mostrar que esse Leilão é visto pelo Fórum e instituições afins como uma grande oportunidade de aceleração no processo de transição da matriz energética na Amazônia, dando espaço às energias renováveis e eliminando gradativamente o uso de combustíveis altamente poluentes, além de reduzir a CCC, que é a Conta de Consumo de Combustíveis

“Se as regras forem mudadas, acatadas as contribuições propostas pelo Fórum, o Leilão propiciará a implantação de projetos demonstrativos da viabilidade tecnológica, econômica e ambiental de soluções híbridas, baseadas nas energias renováveis, integradas ao armazenamento eletroquímico em 23 localidades de cinco estados da região Norte do Brasil: Acre, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, requerendo dos empreendimentos uma potência total de quase 97 MW”, explica o consultor.

Ele acrescenta que a intenção com esses projetos é mostrar, na prática, que é economicamente viável utilizar fontes renováveis, apesar das soluções fotovoltaica e eólica, por exemplo, demandarem por armazenamento, o que onera o sistema.

“No entanto, as baterias estão ficando cada vez mais baratas e duráveis, e certamente o preço cairá ainda mais com a chegada de novos empreendedores, atraídos pelas condições facilitadas às energias renováveis e sustentáveis que este e novos leilões poderão, estrategicamente, oferecer”, adicionou.

Além da solicitação relativa ao adiamento de prazo o Fórum também propõe no documento – acerca do período de suprimento, estabelecido no Edital em 180 meses (15 anos) para quaisquer das fontes, em localidades sem previsão de interligação – que sejam estabelecidos prazos maiores para os projetos com energias renováveis, em relação aos que utilizam gás natural,  considerado o fato dos altos investimentos na implantação de usinas renováveis, principalmente no que se refere aos equipamentos.

A sugestão foi q]ue esse prazo se estendesse para 25 anos, tempo necessário, portanto, para as usinas renováveis poderem ter o devido retorno do investimento realizado e garantirem um prazo condizente com a vida útil dos principais equipamentos: painéis solares e baterias.

Outra preocupação, ainda com relação aos equipamentos, consiste em o Edital não fazer referência quanto ao estado de conservação. Enquanto as usinas renováveis implementarão equipamentos novos, as que utilizam diesel ou gás natural poderão estar se utilizando de equipamentos antigos, depreciados e poluentes, sem a mínima produtividade.

Em relação à sistemática do Leilão, Donato informa que o Edital prevê a competição entre todas as fontes a partir de um Preço de Referência que soma as parcelas de Receita Fixa e de Custos Variáveis. Ademais, o certame será realizado em duas fases: na primeira fase apresentam-se lances únicos, como se fossem envelopes fechados, e na segunda fase as soluções mais competitivas (menor preço + 5%) são incitadas continuamente a reduzirem seus preços até que a oferta de menor Preço sagre-se vencedora.

Disse que para dar competitividade às soluções renováveis e assim antecipar o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis por meio da CCC e da CDE, é proposto na Contribuição que “para cada lote, primeiro seja realizada a competição entre as soluções de suprimento completamente renováveis, respeitado um limite máximo de preço estabelecido pelo Edital. Somente se as soluções renováveis não conseguirem suprir a necessidade de potência e energia do Lote é que haveria o leilão para as usinas não renováveis”.

Na Contribuição do Fórum e parceiros à CP 070/2020, destacamos as seguintes sugestões acerca da revisão de cálculos, incorporação de modelos e outros reajustes:

  • Que a equação das penalidades seja revista, tendo um fator por tipo de contrato, porque o cálculo toma como referência a Receita Fixa, que é maior na geração de fontes renováveis e desconsidera os Custos Variáveis, muito maiores na geração usando os caríssimos combustíveis fósseis;
  • Que o “Leilão para Suprimento aos Sistemas Isolados, de 2021” seja formatado para promover soluções de suprimento baseadas em usinas renováveis, de modo a eliminar os custos de combustível e iniciar um movimento muito mais amplo de eliminação da CCC dos Sistemas Isolados em um horizonte de 3 a 5 anos;
  • Que o Leilão incorpore modelo de sub-rogação modificada, com direcionamento para as Fontes Renováveis Variáveis (FRVs) associadas ao armazenamento em baterias, combinado com um mecanismo de precificação de carbono;
  • Que o Leilão incorpore novos arranjos regulatórios e/ou adequação daqueles utilizados para a inserção das novas e renováveis soluções de suprimento, mantendo a modicidade tarifária para o consumidor;
  • Que as licenças ambientais, de instalação, de operação e quaisquer outras necessárias à entrada em operação de empreendimentos supridos, totalmente ou em parte, por energia solar, eólica ou gás natural, sejam pré-aprovadas mediante a comprovação de capacidade de cumprimento de eventuais condicionantes por parte dos responsáveis pelos empreendimentos.

O documento foi produzido pelo Fórum de Energias Renováveis, Associação Brasileira de Armazenamento e Qualidade de Energia (ABAQUE), Instituto Socioambiental (ISA), Universidade Federal de Roraima (UFRR), Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (ABEE), Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), Rede Energia e Comunidades da Amazônia, Instituto Ideal, Grupo de Trabalho de Infraestrutura e Justiça Socioambiental (GT Infra), Laboratório Fotovoltaico da Universidade Federal de Santa Catarina e a Área de Concentração em Energia e Sustentabilidade do Instituto de Humanidades, Artes e Ciência da Universidade Federal da Bahia, num esforço conjunto e demonstração de comprometimento coletivo com o sucesso do Leilão.

“Esta foi uma contribuição multidisciplinar porque envolveu universidades, associações do setor elétrico, empreendedores, fabricantes, engenheiros, consumidores, entre outros. É de muita relevância para mostrar as partes interessadas, e que foca em vários aspectos”, disse Donato.

Você pode conferir essa Contribuição na íntegra acessando aqui. 

A Contribuição foi encaminhada no dia 11 de janeiro passado, ao Ministério das Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), ao Tribunal de Contas da União (TCU) e está em análise pela ANEEL que deve se posicionar publicando o edital oficial.

Foto: Azelio

Por Bruna Cássia

 

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Especialista explica processo de elaboração das proposições à Consulta Pública para aprimorar o edital do leilão para suprimento aos Sistemas Isolados

A Contribuição do Fórum à Consulta Pública 070/2020 com objetivo de aprimorar o edital do leilão 03/2021 da Aneel para suprimento aos Sistemas Isolados foi construída com apoio de representantes de várias instituições.  Um deles foi Donato da Silva Filho, diretor da empresa Volt Robotics.

Ouça a entrevista: