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Na Assembleia – Audiência pública discutirá questão energética em Roraima

Por Folha de Boa Vista

A Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) realizará uma audiência pública para discutir sobre o leilão de Eficiência Energética que será organizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em Roraima. O evento organizado em conjunto com Fórum de Energias Renováveis, está marcado para a próxima terça-feira (10), às 15 horas.

“Suspensão do fornecimento de energia, desperdício e a falta de uma matriz confiável e menos poluente, os problemas para o início das obras do Linhão de Tucuruí são exemplos que coloca o Estado como centro das atenções em nível nacional”, destaca o deputado.

Roraima vai ser a base de um projeto piloto idealizado pela Aneel que prevê a realização de um leilão de eficiência energética que pode resultar na economia de até 40% no consumo de energia, seja residencial, comercial ou empresarial.

Isso significa que os consumidores terão a oportunidade de ter suas contas reduzidas, possibilidade de substituição de aparelhos eletroeletrônicos antigos por novos e muito econômicos.

A Aneel aprovou consulta pública para debater proposta de edital do leilão de eficiência energética nº4/2020 em Roraima. Como o prazo para apresentação de propostas se encerra em 18 de março de 2020, um documento será apresentado como contribuição do Fórum à consulta pública, que mostre as reais necessidades do Estado com relação a questão.

De acordo com o coordenador do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Alexandre Heinklain, em boa parte das residências, muitas geladeiras fazem mais barulho do que produzem refrigeração. Muitas delas ainda possuem aparelhos de ar-condicionado que consomem mais do que os atuais ‘inverter’ e mesmo coisas simples como tomadas, fiação e lâmpadas provocam um desperdício que não é sentido pelos consumidores.

“Representantes da sociedade civil organizada, classe política, instituições e representantes de empresas podem dar sua contribuição na confecção de uma proposta que possa mostrar que o mercado de Roraima tem capacidade para uma meta quatro ou cinco vezes superior à proposta pela Aneel”, explicou Heinklain.

Análises técnicas estão sendo realizadas pelo Fórum de Energias Renováveis de Roraima, em parceria com Instituto Clima e Sociedade (ICS) e a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) com o objetivo de fazer um dimensionamento mais adequado dessas metas de redução do consumo médio de energia, beneficiando mais consumidores.

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Audiência pública discute instalação de usina para produção de energia limpa

Foto: Raynãa Fernandes

O processo de instalação de empresas que vão produzir energia elétrica em Roraima, a partir de 2021, teve mais uma etapa concretizada na noite dessa quinta-feira (27), com a realização de Audiência Pública para avaliação dos projetos de instalação de uma Usina Termelétrica movida por óleo vegetal de soja e palma.

A Audiência aconteceu no auditório do Corpo de Bombeiros, sob a responsabilidade da empresa Brasil Biofuels (BBF). O evento contou com a participação do presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Roraima (FEMARH), Ionilson Sampaio, deputado Gabriel Picanço, representantes do Instituto de Amparo à Ciência e Tecnologia de Roraima, Aluísio Nascimento e também do coordenador do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Alexandre Henklain.

A usina será instalada na gleba Murupu, zona rural de Boa Vista. De acordo com a gerente de Meio Ambiente da BBF, Carolina Moreno, a atividade proposta é a geração de energia com o uso de combustível renovável, por meio de produção de óleo bruto da soja e da palma. Serão instaladas seis máquinas, totalizando uma potência instalada de 56,217 MW (megawatts).

Para a construção da Usina foram elaborados estudos de impactos ambientais. A pesquisa foi feita pela empresa Ambiental Norte Consultoria. Um dos destaques apresentados pela gerente da empresa, é que os impactos ambientais gerados pela usina serão menores do que aqueles causados por outros tipos de instalações.

A apresentação do relatório é também um momento de dar à população a oportunidade de conhecer o projeto e saber de que forma será executado.

Os estudos de impacto ambiental foram elaborados e apresentados pela empresa Geoambiental. A instalação do empreendimento vai gerar mais de 130 empregos diretos.

A área do empreendimento será de aproximadamente 2,58 hectares, localizada ao lado da moedora de soja da BBF que fornecerá uma parte do óleo como combustível para a usina. A geração de energia será através de óleo vegetal bruto, principalmente proveniente da soja e da palma de óleo. O projeto contemplará uma base de armazenamento de óleo para 14 dias de operação contínua. As obras devem ser concluídas em meados do ano que vem (2021), conforme prevê o contrato assinado com a Aneel, logo após o leilão realizado em 2019.

BBF – A BBF atua em quatro Estados, mas a sede da empresa é em Roraima. Com a Usina Termelétrica localizada em São João da Baliza, vai fornecer 16 megawatts de energia movida a óleo vegetal e biomassa. Já em Boa Vista, está sendo implantada a Usina Termelétrica movida a óleo vegetal que vai produzir 57 megawatts.

Por Raynãa Fernandes

Conceição Escobar. Foto: J. Pavani

Mercado para engenheiros e técnicos eletricistas cresce em Roraima

Foto: J. Pavani

Com o aumento no número de empresas de instalação de painéis solares em Roraima, o mercado de trabalho para técnicos e engenheiros eletricistas também sofre impacto. Vagas são criadas, mas a falta de mão de obra especializada ainda é um problema para os empresários do setor.

A presidente  da Associação de Engenheiros Eletricistas de Roraima, Conceição Escobar, informou que hoje são cerca de 150 pessoas fazendo o curso de engenharia elétrica na Universidade Federal de Roraima, mas mesmo assim as próprias empresas estão oferecendo cursos específicos para quem quiser ingressar na área de instalação de painéis solares.

Ela explicou que como Roraima é um estado isolado, uma vez que não está conectado ao Sistema Interligado Nacional, muitas pessoas estão optando pela instalação de pequenas usinas solares em suas casas.

“Outro fator que fez o mercado de trabalho aquecer foi o leilão realizado no ano passado para a instalação de usinas de produção de energia em grande escala. Hoje, as pessoas que estão se formando já notaram que é necessário estar atentas às novas tecnologias e uma delas tem relação com a energia solar”, disse.

Conceição acredita que o momento é de mudanças na estrutura energética do Estado e as fontes renováveis é uma das melhores alternativas. “Por isso é importante que os profissionais tenham novos conhecimentos e tenham condições de ocupar esse espaço que está surgindo no mercado”, explicou.

Conceição lembra que o Fórum de Energias Renováveis de Roraima surgiu para fazer essa interlocução, como também propor alternativas para que as energias de fontes renováveis sejam melhor aproveitadas. “Roraima tem todas as condições para ser um estado modelo na utilização de energias renováveis”, declarou.

Ouça a entrevista:

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Energias Renováveis: vendas de painéis solares crescem e empregos são gerados

Foto: Donsol

Investir em produção de energia solar deixou de ser sonho em Roraima. A chamada geração fotovoltaica, além de ser uma opção limpa, representa economia e traz diversos benefícios e estabilidade em meio aos problemas enfrentados pelos roraimenses com o abastecimento por termoelétricas a diesel.

Com o cenário favorável devido a incidência solar e localização geográfica, a empresa Donsol apostou e investiu nesse mercado. “Em 2016 nós instalamos o primeiro sistema on grid, interligado diretamente à rede de distribuição de energia. O modelo dispensa o uso das baterias de carga”, disse Pedro Brígido, gerente da loja.

Pioneira em Boa Vista, a empresa oferece serviços como o dimensionamento do sistema, venda de equipamentos para a instalação de sistemas fotovoltaicos em residências e empresas, além da elaboração do projeto que será apresentado à Roraima Energia.

A empresa conta hoje com onze funcionários fixos e três temporários. Em quatro anos de trabalho, a Donsol já instalou 84 usinas fotovoltaicas em residências e estabelecimentos comerciais. “Nossa meta para os próximos anos é ampliar a prestação de serviço em Roraima e no Amazonas”.

Além da Donsol, quem também foi atraída pelo potencial e benefícios da energia alternativa foi a LMP Empreendimentos, empresa que atua no ramo da construção civil há três anos. A LMP já oferece para os clientes, opções de projetos residenciais com sistema de energia solar.

Entre julho e dezembro do ano passado, Mayk Brito, consultor de vendas da empresa, coordenou uma pesquisa de campo para analisar o mercado e o tipo de serviço que poderia ser disponibilizado para os consumidores. “Fiz esse levantamento, ligando para empresas, procurei saber como trabalhavam, o método de representação de proposta, tudo para oferecer aos nossos clientes um serviço com melhor custo benefício”.

Logo nos primeiros meses de trabalho, 35 propostas foram apresentadas. No fim do mês, a empresa vai instalar a primeira usina fotovoltaica. O trabalho inicial será feito por cinco profissionais, sendo quatro instaladores e um engenheiro elétrico.

Novos profissionais

Com as mudanças no cenário energético, o mercado roraimense se ampliou e, assim, novas oportunidades apareceram, como por exemplo, para profissionais de carreira e acadêmicos do curso de Engenharia Elétrica, ofertado pela Universidade Federal de Roraima.

Dados divulgados pela UFRR e a coordenação do curso, mostram que a Universidade já formou 37 novos profissionais. De acordo com o CREA-RR, Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia de Roraima, existem 445 profissionais da Engenharia na modalidade eletricista com registros ativos em exercício.

A presidente da Associação dos Engenheiros Eletricistas de Roraima, Maria Conceição Escobar, destaca o crescimento na atuação dos profissionais da área. “Engenheiros Eletricistas em Roraima, até 2017, atuavam principalmente no Serviço Público, nas empresas concessionárias de geração e distribuição de energia elétrica, nas secretarias de Infraestruturas do Estado e dos Municípios, nas empreiteiras, bancos, nas Instituições de ensino superior e como profissionais liberais”.

A expansão profissional no estado foi ainda maior com a privatização das distribuidoras, implantação dos empreendimentos de geração resultantes do leilão para produção de energia e do crescimento da geração distribuída.

Cursos de capacitação

Pela necessidade de se prestar um serviço amplo e de qualidade, a LMP Empreendimentos investiu não apenas na instalação de sistemas de energia solar, mas também na capacitação de pessoal.

Para isso, a empresa oferece um curso básico para quem deseja trabalhar nessa área. O módulo iniciante reúne aulas teóricas e práticas. “Quando a gente lançou essa parte solar na LMP, nós nos deparamos com essa outra questão: a falta de mão de obra qualificada. Hoje temos uma lista com mais de 36 profissionais prontos para atender o mercado local”, garante Mayk Brito.

A capacitação custa em média 550 reais, mas em compensação, a remuneração inicial para um instalador é de dois mil podendo chegar a quatro mil reais. Já um engenheiro eletricista, responsável pela elaboração e assinatura do projeto, ganha a partir de 3 mil reais, além do valor da execução do projeto feito por ele para a obra.

Por Raynãa Fernandes – reprodução no site Roraima em Foco

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Leilão de Eficiência Energética em Roraima passa por consulta pública

Roraima é o único estado inteiramente fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), que congrega o sistema de produção e transmissão de energia elétrica no país. Outros estados da região da Amazônia também têm sistemas isolados, mas apenas partes. Desde 2017, o Instituto Clima e Sociedade trabalha na região, inicialmente junto com o Governo para realizar um levantamento de proeficiência energética, geração de biomassa, entre outros. O esforço vem aumentando desde então, passando por uma participação ativa no leilão de energia e potência a Boa Vista e localidades conectadas em maio de 2019 e na criação do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, cujo maior evento em dezembro contou com mais de 200 pessoas e discorreu sobre acompanhamento dos projetos com as empresas vencedoras do leilão, geração distribuída, entre outros.

A proposta de edital do leilão de eficiência energética de Roraima, fundamental não apenas para o estado, “mas também para demonstrar ao restante do país que é possível usar mecanismos de mercado para promover eficiência energética”, como reforça Ricardo Lima, consultor do iCS, está em consulta pública até o dia 18 de março de 2020. Promovida pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a consulta discute a intenção de contratação de Agente para o desenvolvimento de ações de eficiência energética, com o objetivo de reduzir o consumo de energia elétrica em Boa Vista por meio de iluminação pública e ampla concorrência. Em outras palavras, pretende-se usar recursos do Programa de Eficiência Energética Nacional para pagar energia economizada pelo agente redutor de consumo, que investe na instalação de equipamentos nos consumidores.

O Fórum tem um papel fundamental para que o leilão seja um sucesso, além de reunir os agentes redutores e os consumidores. Nessa agenda, um dos principais pontos levantados diz respeito a um pedido para a ANEEL, por meio da consulta pública, aumentar as metas apresentadas – embora seja um projeto piloto para outras regiões do Brasil, Alexandre Henklain, coordenador do Fórum, acredita que é necessário mais ambição para resolver problemas graves de abastecimento em Roraima.

“Temos também mais dois objetivos prioritários. O primeiro deles diz respeito às revisões previstas para a Resolução 482 da ANEEL. Entendemos como fundamental a manutenção dos benefícios da resolução de 2012 para sistemas isolados”, explica Henklain.

Contextualizando, todos os consumidores que estão no Sistema Interligado Nacional pagam, em suas contas de luz mensais, um pequeno valor que é destinado aos sistemas isolados. Na soma, estes consumiram R$ 7 bilhões de reais em subsídios em 2019, rateados entre os consumidores, com a emissão de mais de três milhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa, em função da principal fonte de energia ser o diesel. “Ou seja, nos sistemas isolados o que está em discussão é: o subsídio ao diesel é mais caro do que o da energia renovável. Por isso é fundamental que a ANEEL mantenha os benefícios da Resolução 482 para energia solar nos sistemas isolados pelas vantagens econômicas para os usuários do sistema como para o restante do país, além das vantagens ambientais”, continua.

Outra meta do Fórum é motivar o máximo de consumidores em Roraima a instalar painéis solares, auxiliando aqueles que não têm capacidade de investimento a terem acesso a linhas de crédito. “Algumas delas são boas a ponto de serem pagas apenas com a redução da conta de energia. Ou seja, a pessoa não coloca a mão no bolso e vira dona do sistema em seis ou sete anos”, avalia Henklain.

Nos próximos meses, o iCS e o Fórum podem alcançar um avanço significativo com os Yanomami mediante novos entendimentos e processos de diálogo. Na terra indígena, há diversas comunidades que utilizam geradores a diesel de pequeno porte, principalmente para atender os postos de saúde. A manutenção de geradores, a necessidade de uso de avião para transporte do diesel, entre outros, onera a operação e gera intermitência de energia, ocasionando perdas de medicamentos e vacinas e insatisfação de profissionais de saúde. Além disso, o uso do diesel poluir o ar, gera problemas respiratórios, afasta a caça nas proximidades e poluição sonora. Atualmente, há uma conversa com lideranças indígenas para mostrar a importância de se realizar projetos que substituam o diesel pela geração solar, o que resolveria os problemas citados.

Por Felipe Lobo / Instituto Clima e Sociedade

Foto: J. Pavani

Fórum defende manutenção de regras para geração distribuída de energia

O Fórum de Energias Renováveis de Roraima defende a manutenção para os sistemas isolados da resolução 482/2012, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que trata sobre as regras da geração distribuída, sistema pelo qual os consumidores podem produzir sua própria energia.

A Carta Proposta da representação foi publicada no site do órgão regulador, e aguarda resultado da análise que deve ocorrer ainda no primeiro trimestre desse ano. Confira aqui documento na íntegra.

Nas regras atuais, quem gera a própria energia, seja solar ou outro tipo de energia limpa, não paga algumas taxas pelo uso do sistema elétrico. A ANEEL defende a retirada desses incentivos, alegando que os custos são distribuídos para os demais consumidores que não aderiram ao sistema da geração distribuída.

Por exemplo, quem produz e consome a própria energia passará a pagar pelo uso da rede de transmissão e distribuição, o que vai de 100% de compensação para uma média de apenas 38%. Se o consumidor paga uma conta de luz de R$ 800, passará a pagar R$ 80. Caso as novas regras sejam aprovadas, essa mesma conta será de R$ 320.

Para especialistas do Fórum de Energias de Roraima, essa mudança proposta pelo órgão regulador traz desvantagens econômicas para o estado, sistema isolado e ainda atendido por geração a diesel. O coordenador do Fórum, Alexandre Henklain, explicou que a contribuição do Fórum de Energias Renováveis veio da constatação feita pelos profissionais e consultores da entidade.

“Os subsídios recorrentes das Contas Consumo de Combustível são bem mais elevados que os subsídios recorrentes do uso das energias renováveis, particularmente da energia solar. Estamos demonstrando à ANEEL que vale a pena manter as regras do jogo sem quaisquer mudanças na resolução 482”, afirmou.

Por Emmily Melo – reprodução no site Roraima em Foco

Foto: Reprodução/Facebook/Rádio Roraima

Coordenador fala sobre ações do Fórum de Energias Renováveis de Roraima

Nesta quinta-feira (20), o coordenador do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, Alexandre Heinklain e o jornalista Nei Costa participaram do programa Direto ao Ponto, comandado pelo jornalista Luiz Valério, na rádio Roraima AM 590.

As ações do Fórum e a questão energética em Roraima foram os temas debatidos durante a entrevista. Ouça entrevista:

https://www.facebook.com/radiororaimaam590/videos/2543564449295641/

Ciro Campos. Foto: J.Pavani

ISA desenvolve projetos de energia renovável para comunidades indígenas

A eletrificação das comunidades indígenas é um dos últimos desafios que o país enfrenta. E é nessa linha que trabalha o Instituto Socioambiental (ISA), afirmou o analista socioambiental, Ciro Campos, que atua no Instituto há 14 anos.

De acordo com Ciro, uma das bandeiras do ISA é a geração de energia limpa para evitar impactos ambientais na Amazônia, principalmente nas comunidades indígenas. “Nós trabalhamos com os direitos das comunidades. Elas têm direito a um ar puro, a uma água limpa e nesse sentido a energia é um elemento fundamental para tocar para a frente bons projetos em Roraima”, disse.

Ele lembrou que esse também é um ponto de preocupação, pois em Roraima existe um projeto para a construção de uma grande hidrelétrica. “O ISA olha para a energia pelo lado positivo e pelo lado negativo”.

Ciro explicou que 99% dos povos já estão interligados e esse um por cento restante é representado por aqueles que vivem na Amazônia e suas mais distantes. “O Sol é uma fonte de energia disponível e no caso de Roraima, em seu lavrado, o vento também é uma fonte de energia”, destacou.

O ISA, segundo Ciro Campos, trabalha com apoiadores, fazendo eletrificação em comunidades indígenas. Ele afirma que em Mato Grosso, região do Xingú, cerca de 80 comunidades já receberam os benefícios da eletrificação.

Campos explicou que em Roraima o processo está em seu início e o primeiro sistema terá seu início em março. “E como esse sistema será implantado no lavrado, que tem vento, nós vamos trabalhar com duas fontes renováveis, sendo a principal o sol”.

O trabalho, de acordo com Campos, nasce no Conselho Indígena de Roraima que convidou o ISA para buscar uma solução. “Nós temos um trabalho em parceria com o CIR faz alguns anos, que é o projeto Cruviana. Trata-se de um projeto técnico que apresenta sugestões de propostas de solução para o governo eletrificar cerca de 100 comunidades que ainda não dispõem de energia elétrica”.

Ciro esclareceu que o ISA faz parte do Fórum de Energias Renováveis de Roraima, porque acredita que o tema energia é muito importante para sua missão.

Ele lembra que a sociedade não discutia questões relacionadas a energia até um tempo atrás e agora já passou a tratar do tema com um pouco mais de atenção. “O Fórum tenta reunir atores que podem ajudar nesse processo, principalmente na questão da energia solar”.

Para Ciro, o Fórum também é importante porque tem muitas questões que não dependem apenas da força e esforço das entidades locais. “O Fórum tem força para atuar junto as autoridades e esse papel é fundamental”.

Ouça a entrevista: 

O ISA

O Instituto Socioambiental (ISA) é uma organização da sociedade civil brasileira, sem fins lucrativos, fundada em 1994, para propor soluções de forma integrada a questões sociais e ambientais com foco central na defesa de bens e direitos sociais, coletivos e difusos relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, aos direitos humanos e dos povos.

O ISA está estruturado em programas que têm por base as seguintes linhas de ação: Defesa dos direitos socioambientais; Monitoramento e proposição de alternativas às políticas públicas; Pesquisa, difusão, documentação de informações socioambientais; Desenvolvimento de modelos participativos de sustentabilidade socioambiental; Fortalecimento institucional dos parceiros locais.

Por Nei Costa 

Gerente do Basa (Banco da Amazônia S.A), em Roraima, André Pereira (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

Aumenta procura em banco para financiar projetos de energia solar

Enquanto não se resolve o imbróglio sobre a vinda de uma energia confiável para o Estado, através do Linhão de Tucuruí, alguns consumidores buscam alternativas para fugir das altas taxas na cobrança de energia praticadas no Estado. Uma destas alternativas é a execução de projetos de energia isolar, ou fotovoltaicas.

Segundo o gerente do Basa (Banco da Amazônia S.A), em Roraima, André Pereira, o número de pessoas que procuram a agência em busca de crédito para financiar projetos de energia solar tem aumentado nos últimos meses. O limite para este tipo de contrato para energia solar varia de 10 a 100 mil reais.

“Abrimos o crédito em outubro do ano passado e desde e então aparecem em média duas ou três pessoas por dia em busca de crédito para instalar energia solar em suas casas. Isso dá uma média de 60 pessoas por mês, o que é uma boa média para o Estado”, disse.

Porém, ele citou um problema que vem dificultando o fechamento de contratos do banco com os clientes.

“O Banco está embarrando na contrapartida do contratante que é de 20% do valor global do projeto. O Basa financia 80% do valor e o cliente, pessoa física, tem que dar entrada de 20% do valor do projeto, e isso tem impactado na hora de fechar contrato, o que não se concretizou em nenhum contrato assinado até o momento”, disse.

Por outro lado, o gerente informou que as taxas de juros, o prazo estendido e a carência para pagamento da primeira parcela têm chamado são atrativos para os clientes.

“As taxas de juros são baixas, em relação ao mercado financeiro, e são diferenciados para pessoas físicas e jurídicas. Para pessoa física está em 4,62% ao ano para projetos até R$ 50 mil e de 4,91% para projetos entre 50 e 100 mil reais”, disse. “O período de contrato vai até oito anos e com seis meses de carência para começar a pagar”, disse.

Já para pessoa jurídica – empresas -, o valor das taxas de juros, que sempre são projetos de valores altos, a taxa passa a ser de 5,91% ao ano”, afirmou.

Quanto ao passo a passo para a pessoa física ter acesso ao crédito, André Pereira falou que a documentação necessária é a mesma para abrir uma conta na agência, que são os documentos pessoais de CPF, Registro Geral (Identidade), comprovante de renda e de residência, se for casado, tem que levar os documentos pessoais do cônjuge e a certidão de casamento.

“Com a documentação abrimos a conta e estimamos o limite de crédito para o cliente de acordo com sua faixa de renda, patrimonial e cadastral”, disse. “Na prática, hoje, os orçamentos estão na faixa de 30 a 60 mil reais”, afirmou.

Ele explicou que, no geral, as pessoas já trazem um pré-projeto com estimativa do valor de financiamento. Outras procuram o banco e depois de estimada a linha de crédito, vão buscar empresas de projetos para estimar valores.

“Os projetos e orçamentos vão variar de acordo com a quantidade de equipamentos eletroeletrônicos que tem na casa para poder definir a quantidade de placas necessárias, de fios e acessórios para executar o projeto”, disse. “Porém o ideal, para não se perder tempo, é que as pessoas já venham nos procurar com uma estimativa de valor que vai precisar para o projeto”, afirmou. “Depois de aprovado no banco e instalado o projeto, precisa ainda da aprovação da Roraima Energia, o que pode levar até seis meses para poder começar a funcionar”, complementou.

Quanto aos valores que estão direcionados para financiamento de energias alternativas – não só para energia solar, mas também para energia eólica, biomassa, biocombustível e hidroelétrica, está em torno de RR 500 milhões somente neste ano através do FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte).

“Isso não quer dizer que só tenhamos este valor à disposição, o Basa trabalha com financiamento em várias frentes de energia alternativas, prova disso é que fizemos recentemente um contrato de um bilhão de reais com uma empresa para exploração de gás para transformar em energia para abastecer o Estado de Roraima”, disse. “Dependendo do projeto apresentado podemos superar os 500 milhões previstos e já começamos o ano com um investimento de um bilhão de reais”, afirmou.

FÓRUM – O gerente André Pereira disse que o Basa faz parte de um Fórum Estadual permanente que debate energias alternativas em Roraima. Além do Basa, participam outras instituições financeiras, órgãos ambientais, empresas ligadas ao tema, Governo do Estado e Prefeituras.

“O Fórum foi constituído no ano passado e acontece de maneira permanente; e já tivemos vários encontros de técnicos da área e de autoridades para dirimir as dúvidas e alinhar divulgação dos projetos de energias alternativas de forma a estimular pessoas físicas e jurídicas a ter acesso a energias limpas”, disse.

Ele citou que há o planejamento para criar atendimento diferenciado para os pretensos usuários. “Estamos conversando e vendo alternativas de oferecer o produto em outros órgãos e entidades, como no programa Desenvolve Roraima, que já tiverem um banco de dados de clientes, e com isso facilitar o acesso às pessoas”, concluiu.

Especialista fala em vantagens e desvantagens da energia solar

À Folha, o engenheiro civil, Rodrigo Edson Castro Avila, professor na faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Estácio, falou sobre as vantagens e desvantagens de se ter um sistema de energia alternativa fotovoltaica ou de placas solares, como é mais conhecida.

Ele definiu que placas solares como um sistema para captação de raios do sol e posterior geração de energia que tem como principais vantagens produzir energia limpa, abundante e renovável. Ele destacou que as desvantagens são os valores para execução dos projetos, ainda considerado altos atualmente.

“Com o constante aumento da energia no Brasil, e em Roraima, e a quantidade inesgotável dessa fonte, acaba sendo uma excelente alternativa para nós, boa-vistenses”, disse. “Já as desvantagens atuais são o custo ainda alto e a burocracia para instalação do sistema. Outra desvantagem é a descontinuidade do sistema, pois a energia gerada tem que ser automaticamente consumida, já que as baterias atuais são caras e guardam pouca energia. Portanto, o sistema tem que ser utilizado junto com outras fontes”, disse.

Quanto ao custo médio de investimento para executar um projeto, Rodrigo Ávila fez um comparativo médio.

“O custo depende da quantidade de equipamentos (eletrodomésticos) que deseja que o sistema comporte. No entanto o custo é diluído com a redução na conta de energia, dando retorno em alguns anos para o usuário”, disse. “Mas posso citar, como exemplo, uma família que tem uma conta média de R$ 500,00 /mês; o custo do sistema, segundo levantamento em lojas locais, é de aproximadamente R$ 32 mil, ou seja, em cinco anos o sistema é pago”, afirmou.

Sobre que procedimentos a pessoa deve ter para iniciar e concluir um projeto de energia solar, o engenheiro informou que depende do sistema a ser implantado. Mas explicou como acontece a geração de energia.

“Durante o dia a energia que é gerada em excesso é “comprada” pela concessionária, no caso de Roraima, a Roraima Energia. Esse crédito é usado para diminuir no valor da energia adquirida à noite ou quando estiver nublado”, disse. “Já para elaborar o projeto e instalar o sistema, oriento que procure um profissional devidamente habilitado. O projeto deve ser apresentado junto à concessionária de energia e quando aprovado autoriza a implantação dos equipamentos”, afirmou.

“O sistema de placas solares é simples de se instalar e pode ser implantado em qualquer unidade, seja residencial, comercial ou institucional. Além de que pode ser implantado em prédios já construídos sem necessidades de grandes intervenções”, concluiu.

Fonte Ribamar Rocha, da Folha de Boa Vista