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Enquete é finalizada com maior número de votos contrários à construção da UHE Bem Querer

A enquete para saber a opinião da sociedade a respeito da construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer, no rio Branco, em Caracaraí, foi finalizada no último dia 10 de setembro.

No total, 1067 pessoas votaram e a maioria se posicionou contra a construção da UHE Bem Querer. Foram 399 votos favoráveis e 668 contrários ao empreendimento. A enquete foi lançada no dia 20 de agosto e teve seu prazo para finalização prorrogado uma vez.

Nas redes sociais o debate foi intenso, tanto na página do Fórum de Energias, quanto em outros perfis onde a enquete foi publicada. Nos grupos, centenas de pessoas emitiram suas opiniões, manifestando os motivos para serem contra ou a favor do projeto.

Os principais problemas citados pelos internautas têm relação com os impactos ambientais e sociais que seriam causados, caso a usina fosse construída, e muitos outros desconfiam da obra por acreditar que se trata de mais uma ‘solução’ política que só beneficiaria alguns grupos empresariais ou mesmo os parlamentares com mandado eletivo.

Já aqueles que se mostraram favoráveis à obra afirmaram que Roraima precisa de uma fonte de energia segura e sustentável e que hoje a UHE Bem Querer é que se mostra mais promissora.

Também levaram em consideração os males da utilização de usinas termelétricas como fonte de energia e afirmaram que hoje não é admissível que se continue gastando tanto combustível fóssil, quando se tem a possibilidade de ter energia segura, limpa e renovável advinda da hidrelétrica.

Num plano geral, o que a maioria dos internautas questionou nos comentários das redes sociais é se no final das contas o valor da tarifa de energia vai diminuir ou não.

Para dar suporte às pessoas, o Fórum de Energias Renováveis de Roraima produziu e divulgou uma série de matérias jornalísticas sobre a Usina Hidrelétrica do Bem Querer que mostraram as posições de vários atores no processo.

O governo federal, por meio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mostrou os aspectos técnicos do empreendimento, as etapas do processo de licenciamento ambiental e todos os levantamentos feitos em campo na área que terá influência da obra.

Já os representantes da sociedade civil organizada, movimentos de defesa do meio ambiente e políticos mostraram suas posições e apresentaram argumentos contrários ou favoráveis que serviram para que as pessoas ainda leigas no assunto tomassem conhecimento e formassem suas próprias opiniões a respeito da construção da Hidrelétrica do Bem Querer.

O coordenador do Fórum, Alexandre Henklain, disse que os objetivos da enquete foram alcançados e que houve um grande envolvimento da sociedade no debate.

Alexandre esclareceu que o Fórum vai utilizar todas as informações advindas do debate gerado nas redes sociais para ajudar na análise da proposta da construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer.

Henklain afirmou que essa análise também está levando em consideração o ponto de vista de geração de energia, segurança energética e estabilidade no fornecimento de energia para Roraima.

“Estamos discutindo os prós e os contras, analisando as controvérsias, as polêmicas que existem em relação a esse projeto e ouvindo as mais diversas correntes”.

Por Nei Costa

para enquete

Enquete sobre a viabilidade da UHE do Bem Querer vai ser finalizada depois de amplo debate entre internautas

Depois de semanas publicando as opiniões de técnicos, especialistas, ambientalistas, engenheiros e pesquisadores  a respeito da viabilidade econômica, social e ambiental da construção da Hidrelétrica do Bem Querer, o Fórum de Energias Renováveis de Roraima deve concluir mais um ciclo do processo com a finalização de uma enquete onde o público pode votar contra ou a favor do empreendimento.

O debate sobre a viabilidade da UHE Bem Querer serviu para esclarecer dúvidas das pessoas a respeito dos impactos que o empreendimento pode causar, uma vez que poucas pessoas tinham pleno conhecimento de todo o processo e suas etapas.

O coordenador do Fórum, Alaxandre Henklain, agradeceu a participação de todos os especialistas e afirmou que nesses últimos dias que a enquete ficará no ar, o Fórum pretende dar mais uma oportunidade para que as pessoas emitam suas opiniões e digam se são ou não favoráveis ao projeto.

Até ontem 624 pessoas haviam votado contra a construção, enquanto que outras 342 estavam contrárias. Nas redes sociais os debates foram intensos, tanto nas páginas do Fórum, quanto em perfis de grupos de várias regiões do Estado.

Grupos de facebook como Papo de Política, Folha de Caracaraí, Amigos da Polícia Militar, Roraima On, Estamos de Olho, Batendo Boca, entre outros, compartilharam as publicações do Fórum e abriram espaço para que as pessoas debatessem a viabilidade da Usina.

Na sessão de comentários desses grupos o número de comentários foi alto e o debate aconteceu em alto nível, com muitas pessoas dando opiniões consistentes do que tinham conhecimento e outras mostrando suas preocupações com algumas informações fornecidas tanto por especialistas, quanto pelos políticos e estudiosos envolvidos no processo proposto pelo Fórum.

Confira algumas opiniões

Maria Do Carmo Teixeira Norato – “Temos sol durante os 12 meses do ano, para que fazer hidrelétrica? Nas eleições passadas muitos candidatos surfaram na onda de trazer energia de Tucuruí!! O gato comeu? Agora estão querendo aplicar um novo golpe? Onde estão os deputados que foram eleitos surfando nessa onda? São tantas interrogações!”.

Margarete Sombra Sombra – “Temos um sol maravilhoso então podem acabar com essa arrumação de vocês. Só tô avisando aos corruptos 😡😡😡”.

José Euclides Francisco Dos Santos – “Contra, custos/benefícios, não compensa.”.

Luciana Maria Melo – “Sou contra”.

Wilamo Sobral de Paula – “Sou contra; porque vai servir só pra encher o bolso dos corruptos; Roraima tem fontes renováveis de energia, por exemplo energia solar e eólica. ..!!!!😃”.

Margarete Sombra Sombra – “Sou contra bandidos 😡😡😡😡”.

Alcleber Santos Oliveira – “Porque não investir em energia solar mais barato?”.

Mario Coelho – “Sou a favor”.

Alcleber Santos Oliveira – “Sou contra. Vai destruí muito a natureza é mais viável a hidrelétrica do Cotingo fica entre 2 serras uma de um lado e outra do outro. não destrói nada porque destruir a bela margem do rio Branco?”.

Ronaldo Fialho – “Contra tem que trazer energia de Tucurui”.

Luiz Mota – “Eu sou a favor, as termoelétricas têm um custo muito grande que deixa a energia muito cara para o consumidor”.

Margarete Sombra Sombra – “Essa briga estou dentro bandidos esses político nem a linha de Tucuruí resolveram agora querem destruir nossas riquezas botânicas essa eu não vou deixar mesmo vamos lutar de flexão mesmo😡😡😡😡”.

Valmir Junior – “Roraima tem q evoluir. Precisamos de energia. Sou 100% favorável!”.

Eberte Alencar – “A favor!”.

Maria Oliveira Oliveira – “A favor!”.

Pereira Antonio – “Todos dando sua opinião. Louvável. Você que é a favor pense no impacto ambiental na construção de uma hidrelétrica. Você do contra, pense no sufoco quando o estado não puder sustentar as termelétricas e começar os apagões! Construir ou não construir? Eis a questão! De qualquer forma todos se beneficiam e todos são prejudicados. Então, voltamos a velha máxima: “dos males o menor”. Só nos resta descobrir qual será esse mal. Enfim, Deus nos ajude.”.

Aurijones Marques – “Se for para baratear a conta de energia que é uma absurdo de cara, sou a favor. Mais se continuar como está sou contra.”.

Felipe Gustavo Facioni – A favor . Pq sou contra a queima de 1 milhão de litros de óleo diesel diários nas termo elétricas , resultado do ativismo ambiental que vetou as grandes obras de sustentabilidade energética de Roraima , cotingo e bem querer.”.

Hugo Gadelha – “Há 50 anos existe esse projeto da Hidrelétrica do Bem Querer que nunca vai sair do papel. Fizeram 2 hidrelétricas em Rondônia, a tarifa é alta, e falta energia sempre. De que adiantou???”.

Selman Waksman Pignata Pignata – “Que seja rápido.”.

Por Nei Costa

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Você é a favor ou contra a construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer?

A Usina Hidrelétrica do Bem Querer deverá ter capacidade de geração de 650 MW, reservatório com extensão de 150 km de extensão e área de 520 km2, e será construída nas corredeiras do mesmo nome no rio Branco, município de Caracaraí.

Os estudos estão sendo coordenados pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE, ligada ao Governo Federal. O projeto está na etapa dos estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental. A expectativa de geração anual de energia da UHE do Bem Querer é de 3 milhões de MWh.

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Biomassa como fonte de produção de energia tem grande potencial de crescimento, garante a Aneel

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fez uma série de estudos que identificaram a biomassa como uma das fontes para produção de energia com maior potencial de crescimento nos próximos anos. A Aneel considera a biomassa como uma das principais alternativas para a diversificação da matriz energética e a consequente redução da dependência dos combustíveis fósseis.

Por meio da biomassa é possível obter energia elétrica e biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, cujo consumo é crescente em substituição a derivados de petróleo como o óleo diesel e a gasolina.

No Brasil, em 2018, a geração de energia da biomassa chegou a pouco mais de 14MW, superando a geração de Itaipu e o equivalente a 9% do parque elétrico do Brasil.

No Brasil, a biomassa é a terceira maior fonte de geração de energia em 2018, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia (MME). Ela vem após a hidráulica e a queima do gás natural na matriz elétrica.

Existem fontes de biomassas que estão disponíveis sempre que necessário, e outras que possuem disponibilidade sazonal em período coincidente com baixos regimes hidrológicos, quando há maior necessidade de geração termelétrica.  Em alguns casos, os insumos a biomassa podem ser armazenados para utilização em momento oportuno, permitindo maior controle da geração termelétrica e aumentando a possibilidade de despacho.

A utilização da biomassa em usinas termelétricas vem se tornando cada vez maior e está sendo usada para atingir áreas não contempladas pela rede elétrica de abastecimento, como comunidades rurais isoladas. O uso de sistemas de cogeração, que conciliam a geração de energia elétrica através da biomassa à produção de calor, aumentando a eficiência energética dos sistemas de produção, vem se tornando, também, cada vez mais comum.

Brasil

Atualmente, o recurso com maior potencial para ser usado como biomassa na geração de energia elétrica no país é o bagaço de cana-de-açúcar. O setor sucroalcooleiro gera uma grande quantidade de resíduos, que podem ser aproveitados como biomassa, principalmente em sistemas de cogeração.

Outras variedades vegetais com grande potencial para a produção de energia elétrica são o azeite de dendê (óleo de palma), que apresenta produtividade média anual por hectare quatro vezes maior do que a da cana-de-açúcar, o buriti, o babaçu e a andiroba. Eles surgem como alternativas para o abastecimento de energia elétrica em comunidades isoladas, sobretudo na região amazônica.

Ao se produzir etanol a partir da cana-de-açúcar, cerca de 28% da cana é transformada em bagaço. Este bagaço é uma biomassa comumente aproveitada nas usinas para a produção de vapor de baixa pressão, que é utilizado em turbinas de contrapressão nos equipamentos de extração (63%) e na geração de eletricidade (37%). A maior parte do vapor de baixa pressão que deixa as usinas é usado para o processo e aquecimento do caldo (24%) e nos aparelhos de destilação. Em média, cada aparelho requer cerca de 12 kWh de energia elétrica, valor que pode ser suprido pelos próprios resíduos de biomassa.

Outros resíduos agrícolas com alto potencial para serem usados como biomassa na produção de energia elétrica são a casca do arroz, a casca da castanha de caju e a casca do coco-da-baía.

Por Nei Costa

Fontes: Ecycle, Instituto Nacional de Eficiência Energética, Centro Nacional de Referência em Biomassa, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

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Pesquisador da Embrapa fala sobre a biomassa como alternativa para a produção de energia

O chefe-geral da Embrapa Roraima, o pesquisador Otoniel Ribeiro Duarte, disse que há alguns anos pesquisa a utilização da biomassa de inajá para a produção de energia em Roraima. Ele afirmou que os estudos estão bem adiantados, mas que ainda não é possível afirmar que esse processo pode suprir a demanda de energia do Estado.

Otoniel explicou que a produção de energia a partir da biomassa é um processo muito utilizado em vários pontos do mundo, e que se trata de uma alternativa de geração que pode ser consorciada à outras fontes, como energia solar ou eólica, para ser ter uma matriz energética eficiente e segura.

Ele explicou que biomassa, como o próprio nome diz, trata-se vida (bio) e massa, que é o volume de material sólido, líquido ou gasoso para geração de energia, e também os resíduos, como esterco produzido por animais. “Tudo isso provém de uma massa viva. Então você usa o esterco para geração de gás, o biogás. O esterco fresco (normalmente é usado de bovinos e de suínos que existe em maior volume) vai para um biodigestor e vai fermentar e se transformar em gás que tem alto poder de combustão, pois é rico em metano. Esse produto vai ser utilizado como fonte de energia”.

O pesquisador esclareceu que muitas plantas, principalmente as oleaginosas, como o girassol, soja e outras produzem o biocombustível, biodiesel que é usado para geração de energia. “Temos várias plantas que são utilizadas para esse fim. O milho, o algodão, a soja, o girassol, o cacau, o amendoim, a canola, castanha do Pará, o abacate, o coco, o dendê e no caso de Roraima o inajá. O dendê entre todas as que eu citei é a que tem a maior produção de óleo por hectare, produzindo de 5000 a 6000 litros em média, por hectare”.

Otoniel citou as algas, que são extremamente promissoras, pois numa área de um hectare se produz  até mais de 100 mil litros de óleo. “O problema é que a tecnologia está muito restrita ainda e quem domina essa tecnologia são empresas particulares, pois se trata de conhecimento estratégico”.

O pesquisador vê com otimismo essa diversidade de plantas que produzem óleo e a queima do material seco, como madeira e restos de folhas das próprias plantas, além dos gases oriundos dos estercos, que também podem ser misturados com vegetal para esse composto gerar gás. “Hoje, na suinocultura principalmente, estados como Santa Catarina e Paraná estão usando muito. Os grandes produtores de suínos utilizam as fezes dos animais. Os biodigestores são bolsas gigantes onde é canalizado o esterco que gera gás, que gera energia para sustentar as propriedades só com gás que elas mesmo produzem. É energia que vai para a rede elétrica nacional. Então nós temos diversas fontes de biomassa que é proveniente de organismos vivos, vegetais e animais, que de qualquer forma geram energia”.

No caso de Roraima, continua Otoniel, a grande vantagem na produção de biomassa é a posição geográfica junto à linha do Equador. O Estado tem uma quantidade grande de luz, incidência solar muito grande, maior que nas outras regiões o que provoca nas plantas oleaginosas o que se chama de estresse luminoso. “A planta submetida ao estresse luminoso que é o estresse provocado pelo excesso de luz acumula mais óleo na semente para ela ter mais reserva de óleo. Isso garante a geração de uma nova planta, que em estresse sempre se coloca nessa posição de perpetuar a espécie. E no caso das oleaginosas, a estratégia dela é acumular óleo que é a energia que vai garantir o sustento da semente para gerar uma nova planta. Então, todas as oleaginosas como girassol, amendoim, soja, mamona, inajá e dendê em Roraima tem um teor de óleo maior que em outras regiões. Isso faz com que a produção de óleo seja maior aqui, o que é uma grande vantagem”, destaca.

A Embrapa Roraima concentrou seus estudos na produção do Inajá, que é uma planta nativa e um grande problema para os pecuaristas, pois é considerada uma invasora nas pastagens.

O inajá tem uma característica de nascer na pastagem quando passa o fogo que queima toda a vegetação e afeta o solo até certa profundidade, cerca de cinco centímetros. A semente do Inajá nasce em uma estrutura que vai até 23 cm de profundidade; Por isso o fogo não queima essa semente. Quanto mais fogo passar, mais ela se torna endêmica na área.

“Já descobrimos que o inajá tem capacidade de produzir até 3.900 litros de óleo por hectare. Essas populações que eu estudei estão concentrados nos municípios de Iracema e Mucajaí. Todo esse potencial é sem melhoramento genético. O dendê, com 60 anos de melhoramento genético e todo um trabalho de sistemas de produção a produção é de até 6.000 litros de óleo. Olha o potencial que tem o inajá”, relatou.

Otoniel acredita que com investimento e mais estudos é possível identificar materiais promissores, fazer o plantio e tornar ela uma cultura de alta produtividade.

O chefe da Embrapa lembra que hoje na matriz de produção de biodiesel, a soja responde por 70% a 80% do biodiesel brasileiro. Porém, a soja é alimento nobre, tanto para uso humano quanto para a produção de ração animal. “Já o Inajá não é um alimento, como as microalgas também não são. “Assim, não deixamos de produzir alimento para produzir combustível”. A nossa concentração de estudos está no inajá, que sem sombra de dúvida é extremamente promissor.

Ele explica que a vantagem do inajá em relação ao dendê é que o dendê é africano e o inajá é uma planta nativa. O dendê tem espinhos e o inajá não. “Por isso o inajá tem toda uma cadeia de animais ligada a ela como macacos, araras, papagaios, antas, entre outros. Assim, você está preservando o meio-ambiente. Nossa preocupação é produzir energia, impactando menos possível o meio ambiente”, explicou Otoniel.

Por Nei Costa

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Fórum estende prazo da enquete para população votar sobre viabilidade da Usina do Bem Querer

Com o grande interesse das pessoas e a intensificação do debate sobre a viabilidade da construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer, o Fórum de Energias Renováveis de Roraima estendeu o prazo para que as pessoas votem na enquete e expressem suas opiniões favoráveis ou contrárias à construção da Usina.

Até a noite de domingo (30 de agosto), 896 pessoas haviam votado na enquete que está publicada no portal www.energiasroraima.com.br.

Até aquele momento a maioria havia votado contra a construção. Deste total, 329 internautas optaram por ser favoráveis e 567 se posicionaram contra o empreendimento.

O debate também teve grande repercussão nas redes sociais. No Facebook centenas de pessoas fizeram comentários, opinando e mostrando satisfação ou não em relação à obra.

Somente na página do Fórum no Facebook, mais de 7.700 pessoas foram alcançadas e cerca de 200 fizeram comentários a respeito do assunto nos diversos grupos em que a enquete foi compartilhada.

O coordenador do Fórum, engenheiro Alexandre Henklain, afirmou que a grande procura das pessoas no processo de votação na enquete, mostra que o assunto é de grande interesse de toda a população de Roraima e que por esse motivo o prazo para votação está sendo estendido por mais alguns dias.

Por Nei Costa

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Cientista alerta que UHE do Bem Querer será mais um desastre para a Amazônia

O doutor em Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA) e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Philip Martin Fearnside, afirmou em artigo publicado na no portal da Agência Amazônia Real, que a Usina Hidrelétrica do Bem Querer é mais um desastre amazônica à vista.

No artigo, Fearnside explica que a Amazônia já tem mais de uma dúzia de grandes hidrelétricas, que provocam uma série de severos impactos humanos e ambientais e com benefícios muito aquém dos que foram imaginados pelos seus proponentes na hora das decisões.

Segundo ele, as lições desta história não foram aprendidas, e hoje o governo avança rapidamente nos seus preparativos para mais uma barragem com sérios questionamentos – a Usina Hidrelétrica (UHE) Bem Querer, planejado para barrar o rio Branco, em Roraima, em 2028 com 650 MW instalados.

Philip explica que no caso da UHE Bem Querer, os impactos são bastante grandes, uma vez que inunda um trecho de 130 km do rio Branco, eliminando os ecossistemas aquáticos no rio de alta biodiversidade. Além disso, elimina as matas ripárias, afeta diretamente três unidades de conservação que se encontram logo a jusante da barragem (Parque Nacional do Viruá, Estação Ecológica de Niquiá e Estação Ecológica de Caracaraí), e indiretamente afeta quase todas as unidades de conservação em Roraima. “Impacta uma diversidade especialmente grande de aves nas áreas sacrificadas. Vai emitir gases de efeito estufa, sobretudo o metano e vai alterar o regime hidrológico rio abaixo, um efeito que tem matado grandes áreas de floresta inundada a jusante da hidrelétrica de Balbina”, destacou.

O cientista lembra que a população ao longo do rio e abaixo da UHE Bem Querer sofrerá da mudança do regime hidrológico, assim como da diminuição da pesca provocado pela diminuição de oxigênio na água, o bloqueio da migração de peixes e a diminuição dos nutrientes na água.

“Esta diminuição dos nutrientes ocorre devido à retenção de sedimentos no reservatório, pois os nutrientes são associados às partículas de sedimento. O rio Branco tem muitos sedimentos, e é por isso que ganhou seu nome de ‘rio Branco’”, esclarece.

Philip Fearnside  garante que a diminuição de sedimentos a jusante de barragens provoca erosão do fundo e das margens do rio, como está ocorrendo no rio Madeira, onde os sedimentos diminuíram em 30%.  Para ele, a diminuição dos nutrientes causada pela retenção de sedimentos mina toda a cadeia alimentar que sustenta a população de peixes. “Os sedimentos do rio Branco também são essenciais para manter os ecossistemas do arquipélago das Anavilhanas (AM), que se formou no rio Negro a partir destes sedimentos. Ou seja, a UHE Bem Querer ameaça uma das joias do sistema brasileiro de parques nacionais”.

No ponto de vista de Philip, Roraima não precisa da barragem, pois foi identificado como tendo o melhor potencial para energia solar entre os estados amazônicos, a população do estado é pequena e a barragem não elimina a planejada linha de transmissão de Manaus, que já está conectada à UHE Tucuruí. “A maior parte da energia que seria gerada pela UHE Bem Querer não é intencionada para Roraima, mas sim para outras partes do Brasil”.

De acordo com o pesquisador, um representante da Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério das Minas e Energia, explicou isto com todas as letras em um evento público em Boa Vista em julho de 2018. Como Roraima se encontra no hemisfério norte, as estações do ano são invertidas em relação ao resto do Brasil. “Portanto, a energia gerada em Roraima quando há muita chuva neste estado pode ser transmitida para o sul do equador quando falta água para usar toda a capacidade das hidrelétricas lá”.

Ele lembra ainda que o representante do Ministério das Minas e Energia falou que ‘agora é a hora de Roraima fazer pelo Brasil’. “Isto representa mais um exemplo do impacto de barragens amazônicas em termos de justiça ambiental”, garante.

Philip Fearnside afirma que para tomar decisões sensatas sobre grandes obras como esta, precisa levantar e considerar os impactos, os benefícios e as alternativas antes de tomar a decisão. “Essas informações precisam ser colhidas e apresentadas sem viés e precisam ser divulgadas e debatidas democraticamente como parte da tomada de decisão. Não pode ser como é feito hoje no processo de licenciamento, como um passo formal para legalizar uma decisão já tomada”.

Por Nei Costa

Amazônia Real

Foto – Divulgação

jorge romano

Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo acredita que obra da Usina é necessária para Roraima

O Fórum de Energias Renováveis de Roraima está com sua enquete no ar, querendo saber se a população de Roraima é contra ou a favor da construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer.

Mesmo com a enquete, o Fórum vai continuar ouvindo profissionais de áreas diversas para saber deles suas opiniões a respeito do empreendimento.

O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Roraima, CAU-RR, o arquiteto Jorge Romano, participou do processo e afirmou que antes de tudo deve-se saber que toda obra humana causa impacto e cabe ao ser humano, com sua inteligência e sabedoria, tentar mitigá-los em qualquer obra da construção civil.

“Há um impacto ambiental grande em qualquer obra, seja ele na construção de uma casa, seja numa rede de esgoto, seja numa barragem, seja no que for. Qualquer obra causa impacto. Essa é a primeira premissa. A segunda é que esses impactos podem ser mitigados sim, podem ser compensados. Então um empreendimento como este, que começa com uma barragem e depois com uma usina para gerar energia gera impacto”, destacou.

Jorge Romano disse que primeiro é necessário entender que Roraima está numa ‘ilha’ e a energia é deficiente. “Quantos empreendimentos Roraima já deixou de receber por falta de uma matriz energética confiável? Então, do ponto de vista ambiental, ela é viável também desde que os impactos sejam mitigados. Do ponto de vista econômico, a obra não é só viável, mas necessária para fazer parte de uma matriz energética que dê sustentação ao Estado e torná-lo economicamente viável do ponto de vista da sustentabilidade”, disse.

O arquiteto lembra que muitos problemas devam ser resolvidos, principalmente os impactos sociais. Ele acredita que há condições de se criar projetos paralelos, porque na hora que você faz uma represa, pode-se também criar uma segunda via, como projetos de criação de peixes, de irrigação de lavouras e assim por diante. “Então, tem uma série de outras coisas que são favoráveis à usina do ponto de vista social e econômico, desde que sejam mitigados os impactos”.

Jorge é favorável à construção da Usina, mas afirma, desde que os cuidados já citados sejam dispensados aos aspectos sociais, ambientais e culturais e que existem alternativas que Jorge cita como exemplo: o uso da energia solar ou eólica. Ele lembra que os espelhos reflexivos já estão sendo implantados no Estado para reforçar a matriz energética com a utilização da energia solar.

Jorge Romano disse que até que se prove o contrário, a solução mais econômica ainda é uma usina movida a água (hidrelétrica), que também precisa de controles de vasão, de inundação e todas as consequências do represamento e transbordo.

Quanto ao valor do investimento em relação ao benefício gerado, Jorge Romano afirmou que ainda não pode tirar nenhuma conclusão com precisão, porque não tem os dados para fazer essa avaliação.

“Então seria desonesto eu afirmar que a quantidade de energia gerada justificaria o investimento. Eu ainda não tenho e não amadureci ainda essa minha posição”, disse.

Jorge Romano lembrou que há todo um trabalho sendo feito pelo Fórum de Energias e ele faz parte desse Fórum. “A gente está discutindo, conversando com as pessoas que estão envolvidas em todo esse processo. Então, a gente tem que usar os meios que estão disponíveis e que já estão sendo usados, como é o caso dos seminários e as discussões que estão sendo feita com vários atores, inclusive o governo federal, os parlamentares estaduais e federais. A ideia é responder para toda a sociedade se esse projeto é importante do ponto de vista do desenvolvimento social e econômico. A construção de uma base sólida da matriz energética é sim, muito importante para o Estado. A gente tem que ter alternativas para favorecer nosso desenvolvimento e isso depende de energia de qualidade.  A questão da geração de energia e uma matriz que inclua uma hidrelétrica favorece e atrai investidores e impulsiona o desenvolvimento sustentável de Roraima, por isso entendemos como positiva”, concluiu.

Por Nei Costa

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Você é a favor ou contra a construção da Usina Hidrelétrica do Bem Querer?

A Usina Hidrelétrica do Bem Querer deverá ter capacidade de geração de 650 MW, reservatório com extensão de 150 km de extensão e área de 520 km2, e será construída nas corredeiras do mesmo nome no rio Branco, município de Caracaraí.

Os estudos estão sendo coordenados pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE, ligada ao Governo Federal. O projeto está na etapa dos estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental. A expectativa de geração anual de energia da UHE do Bem Querer é de 3 milhões de MWh.

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